2018, Um Balanço Sónico- Os Vídeos


Nunca foi tão importante comunicar através de uma narrativa visual na pop culture como nos dias que correm: um videoclip estrondoso dita tendências, garante lugares de honra nas plataformas sociais, gera estrelas do dia para a noite e adquire, não raras vezes, maior importância que o próprio áudio.

Em 2018 o maior artefacto visual foi-nos deixado pelos The Carters, que ergueram "Apeshit" no Louvre, em Paris, onde a riqueza da obra exposta conta a história dos seus descendentes e se torna ao mesmo tempo símbolo da natureza régia e magnificente de Beyoncé e Jay-Z. Também Ariana Grande procurou um lugar no Olimpo da pop com um "God Is a Woman" que celebra a condição feminina e a espiritualidade, e um "Thank U, Next" que certeiramente escolhe quatro altares da cultura pop para também ele projectar uma imagem forte e vitoriosa da mulher. 

Childish Gambino pôs as pessoas a falar do estado da nação mais poderosa do mundo no controverso "This Is America"; Taylor Swift mostrou-nos em "Delicate" como é ser-se Taylor Swift quando os holofotes se desligam e os paparazzi se afastam; a catalã Rosalía rugiu com o iconoclasta e visualmente imaculado "Malamente", enquanto Christine and the Queens procurou incidir alguma luz sobre a tradição tauromáquica e a violência doméstica em "La Marcheuse". Hozier deu tempo de antena aos que lutam por uma Irlanda mais gentil e inclusiva em "Nina Cried Power"; os Paramore apostaram forte na caracterização retro de um "Rose-Colored Boy" essencialmente sobre saúde mental, e Kali Uchis não mais nos tirou da cabeça a sua busca pelo homem perfeito no surreal "After the Storm". 

Janet Jackson mostrou sede de vida e inspiração africana em "Made for Now"; Janelle Monáe deu-nos um bombom visual a transpirar Prince por todos os poros com "Make Me Feel"; Ciara provou porque razão continua a ser a melhor dançarina da sua geração num "Level Up" de fazer suar as estopinhas; a química entre Kendrick Lamar e SZA deu frutos num formidável "All the Stars" que nos abriu as portas de Wakanda e num "Doves in the Wind" que se assume como a curta de artes marciais mais divertida do ano. 

Bruno Mars e Cardi B deram-nos um espectáculo de cor, alegria e coreografia arrasadora no throwback 90s de "Finesse"; Drake prestou tributo a uma série de mulheres inspiradoras, destemidas e independentes em "Nice for What"; Troye Sivan tornou-se no confiante ícone queer que o mainstream pedia num "My My My!" pleno de libertação e expressão sexual; Tierra Whack criou o primeiro mini-álbum visual para o instagram com a revolucionária odisseia de Whack World; enquanto Billie Eilish tocou-nos de forma singular com o pranto negro de "When the Party's Over".

Doze meses de colheita fantástica condensados em vinte vídeos:

Comentários

Mensagens populares