64º Festival Eurovisão da Canção 2019: As Alegações Finais


Foi uma edição sumarenta em conteúdos eurovisivos, de maneira que está quase tudo dito. Acompanhem-me nas observações da final:

1) Duncan Laurence vence pela Holanda com "Arcade"

Era o desfecho mais esperado por milhões de fãs eurovisivos espalhados por esse mundo fora. A monumental balada de Duncan Laurence confirmou o favoritismo e saiu vitoriosa com 492 pontos, com 261 deles atribuídos no televoto (2ª classificada) e 231 pelo júri (3ª classificada). É a quinta vitória da Holanda na Eurovisão, depois de um jejum de quarenta e quatro anos. 



2) Duas surpresas chamadas Macedónia do Norte e Noruega

Tamara Todevska esteve apenas a dois pontos de vencer a votação do júri, suplantada na última ronda pela Suécia. O televoto manteve-a afastada dos cinco primeiros classificados. Já com a Noruega aconteceu o contrário: passou despercebida na votação do júri e o público deu-lhe o primeiro lugar. Contas inesperadas que vieram baralhar o cenário traçado. 

3) Como se deram os Big 5

Têm sempre presença garantida na final, mas contam só com uma hipótese de mostrar o seu valor. Ora, a Itália esteve ao melhor nível do que se esperava, com Mahmood a ficar apenas a 27 pontos de Duncan Laurence. Os restantes quatro passaram por entre as pingas: Bilal Hassani representou bem a França, mas o 14º lugar soube a pouco, enquanto Espanha, Alemanha e Reino Unido foram uma nulidade e por isso ficaram entre os últimos cinco. Talvez tenhamos que telefonar a Rosalía e Kim Petras para dar uma mãozinha. O Reino Unido, por seu lado, precisa seriamente de repensar o seu modelo de selecção. 



4) As desilusões

Bem, este que vos assina considera que um 9º lugar é mais do que a Austrália merecia, mas tendo em conta o furor que suscitou nesta última semana foi surpreendente não a ver colocada no top 3. "Replay" de Tamta também prometia mais do que um 15º lugar, assim como o "Chameleon" da Malta que se ficou pelo 16º, decididamente muito mais engraçado no videoclip. O 21º da Grécia também foi pobre, mas justificado pela actuação sensaborona de Katerine Duska. E, apesar de um satisfatório 11º lugar da República Checa, não vamos esquecer os míseros 7 pontos que o público lhe decidiu atribuir, afastando-a assim do potencial top 5 para que caminhava.


5) Madonna entre as estrelas

Era a presença aparentemente mais difícil de garantir, mas lá conseguiram chegar a acordo para que Madge aterrasse em Telavive. A estreia em solo eurovisivo teve mais pompa que circunstância: ouvimo-la desafinar vezes sem conta em "Like a Prayer", numa versão pouco digna para quem assinala 30 anos de orgulhosa blasfémia, e nem soubémos muito bem como reagir à toada reggae-dancehall de "Future", uma das menos más que já escutámos de Madame X. Às tantas mais valia ter optado por "Music", a que fez menção durante a sua breve entrevista. Mas obrigado na mesma pela visita, majestade.

6) Factos curiosos a retirar

- Com esta vitória a Holanda torna-se no sexto país com mais troféus conquistados, atrás da Irlanda (7), Suécia (6) e empatada com a França, o Luxemburgo e o Reino Unido;

- A Macedónia do Norte (8º) e San Marino (20º) alcançaram em Telavive os seus melhores resultados de sempre;

- É a primeira vez que a Grécia fica fora do top 20 numa final eurovisiva;

- É a quarta vez nesta década que a Rússia fica colocada no top 3. Alcançou a medalha de prata em 2012 e 2015 e de bronze este ano e em 2016, curiosamente também com Sergey Lazarev;

- Há cinco anos consecutivos que a Espanha não sai do top 30. Soem os alarmes;

- Pela oitava vez nesta década a Suécia termina colocada no top 10;

- Luca Hänni alcançou pela Suíça a melhor classificação desde 1993, ano em que terminaram em 3º lugar;

- É a quarta vez neste milénio que o Reino Unido termina na última posição.


7) Israel foi um bom anfitrião

Tendo em conta todas as tensões políticas e sociais que pairavam sobre esta edição, com ameaças de boicote à mistura, podemos dar-nos por felizes por tudo ter decorrido sem incidentes. Afinal de contas, Israel é um veterano na organização do Festival, tendo herdado com sucesso o legado de Portugal da edição anterior.

Em 2020 rumamos até à Holanda, para uma edição que se prevê mais pacífica e saudosa. Até lá, permissão para sonhar outra vez.

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