Entre o nostálgico passado e o revigorante presente de Colbie Caillat


Não nos lembramos muitas vezes de Colbie Caillat por estes dias. Sim, aquela moça californiana que de tempos a tempos alguma estação de rádio nos recorda como sendo a autora de "Bubbly", uma canção pop adorável sobre ter borboletas no estômago, que ainda hoje permanece como o seu maior legado.

A estreia de 2007, Coco, era simples e leve, mas particularmente encantadora, construída em torno de instrumentação acústica, acordes solarengos e uma voz macia com sabor a maresia, à boa moda de Jack Johnson. "Realize" e "The Little Things" ajudaram a formar uma constelação de singles imbatível, mas o disco também soava apaixonante em momentos como "Feelings Show", "Midnight Bottle" ou "Battle". 

2009 foi um ano de expansão para a nativa de Malibu graças ao enternecedor dueto com Jason Mraz, "Lucky", que haveria de ganhar um Grammy para Melhor Colaboração Pop Vocal, e a "Fallin' For You" - perfeito para musicar aquele filme romântico de Sábado à tarde - o certeiro single de avanço de Breakthrough, o segundo álbum que se estreou na liderança da tabela de álbuns norte-americana, o único da sua discografia a ter alcançado tal façanha. 

Dali, a chama de Colbie esmoreceu mas não se apagou por completo. All For You (2011), o terceiro álbum, é recordado como a morada de "I Do", canção pop-folk upbeat, e "Brighter Than the Sun" - que de certeza musicou algum anúncio por cá - em que a sua lírica luminosa encontra a linha percussiva de Ryan Tedder. Não poderia faltar também o álbum natal da praxe - Christmas in the Sand (2012) - que tentou trazer algum calor à quadra festiva habitualmente glaciar.

E com Gypsy Heart (2014) houve uma tentativa de reconstrução da identidade até então estabelecida para algo mais pop: "Hold On", ainda com o homem-forte dos OneRepublic ao leme, deu o tiro de partida mas não conseguiu criar laços com o público e por isso foi deixado de fora do alinhamento original. Seria "Try", uma balada ao piano sobre não sucumbir aos ditames da indústria e cultivar o amor-próprio, a dar-lhe um último brio comercial, muito por culpa do vídeo empoderador, que se tornou viral à altura. Além de Tedder, o disco também contava com nomes mais associados ao mainstream (Johan Carlsson, Babyface, Max Martin ou Christopher Braid).

Em 2016, Miss Caillat optava pela independência e um retorno às raízes acústicas em The Malibu Sessions, que passou inteiramente despercebido, mas ainda assim proporcionou bonitas adições à sua discografia através de faixas como "Goldmine" ou "Never Got Away". E porque o caminho recente para isso apontava, actualmente vê-mo-la feliz e revigorada no projecto Gone West ao lado do marido e também músico Justin Young, do produtor de sempre Jason Reeves e da sua esposa Nelly Joy, que se estrearam em Janeiro último com um EP de 4 temas, Tides, em cativantes diálogos com a música country. 

Muito possivelmente não a veremos a disputar mais o top 40 da Billboard Hot 100, mas Colbie Caillat parece ter finalmente encontrado o equilíbrio entre o compromisso criativo e a realização pessoal. Que a caminhada até ao pôr-do-sol seja longa e recheada de boas canções.

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