Os dez melhores singles das Pussycat Dolls


2020 não nos tem dado grandes razões para sorrir, mas o regresso das Pussycat Dolls no começo do ano, depois de uma década em pousio, deu-nos baterias para uns quantos meses, ainda para mais depois de servido com "React", possivelmente uma das melhores oferendas pop do primeiro trimestre.

2020 é também o ano em que o grupo formado por Nicole Scherzinger, Carmit Bachar, Ashley Roberts, Kimberly Wyatt, Jessica Sutta (e Melody Thornton, ausente da reunião) cumpre quinze anos desde a estreia em disco, razão mais do que suficiente para uma pequena (mas sumarenta) revisão de carreira. Soltem os chicotes:


10º "Wait a Minute", PCD (2005)- O debute do grupo foi tão bem-sucedido que chegou ao 6º single mais de um ano e meio depois da campanha promocional ter tido início. Para tal foi escolhida a colaboração com Timbaland, o produtor mais influente da temporada, aqui numa espécie de versão menor de "Promiscuous", em acesa troca de argumentos com Scherzinger, que se esquiva às múltiplas investidas de Tim Man. O sexteto circula pelo metropolitano e faz parar o trânsito de L.A. no respectivo vídeo.

9º "I Don't Need a Man", PCD (2005)- Como bom grupo de burlesco que transitou para o mainstream, as Dolls sempre foram mais de montar um bom espectáculo do que propriamente erguer canções em torno de statements. Mas ao 5º single do álbum de estreia entregaram toda uma rajada de empoderamento feminino: quão importante foi para raparigas de todo o mundo ouvir jovens mulheres bem-sucedidas a afirmar independência e felicidade na sua condição de solteiras? Uma espécie de prólogo em moldes disco pop da mesma cartilha que Beyoncé apregoaria de 2006 em diante.

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8º "I Hate This Part", Doll Domination (2008)- Uma balada à boa moda PCD não se limita a ser uma balada: tem sempre uma acentuada estrutura rítmica e secções que permitam aos outros cinco elementos não chamados Nicole Scherzinger lançar-se em coreografias. O melodrama atinge o zénite neste quarto single (e segundo internacional) do álbum nº2, sobre a por vezes difícil conversa que antecede o fim de um relacionamento: há pulsação R&B e dance pop, bem como uma performance vocal emotiva de Nicole, numa fase em que o seu protagonismo já eclipsava o resto do grupo.

7º "Hush Hush; Hush Hush", Doll Domination - The Mini Collection (2009)- A campanha promocional de Doll Domination foi um tanto difusa, com a memória a guardar apenas uns três singles. Um deles é precisamente "Hush Hush; Hush Hush", que na chegada a single foi alvo de um re-tratamento disco/dance pop adornado com as lágrimas de purpurina do êxito de 1978 de Gloria Gaynor, "I Will Survive", a forma encontrada para justificar o revamp sonoro de uma então balada que lamentava o término de um relacionamento. Foi o derradeiro single da banda até à reunião deste ano.

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6º "Stickwitu", PCD (2005)- A jogada mais inteligente que o grupo fez em toda a sua carreira foi lançar uma balada como 2º single do debute. Ainda por cima uma tão bonita quanto "Stickwitu", uma terna composição pop de influências soul sobre investir em relações para a vida toda. Resulta não só porque Nicole revela ser uma extraordinária vocalista, mas também porque ninguém esperava que a um assanhado "Don't Cha" pudesse suceder algo tão romântico e inesperado quanto isto. 

5º "Beep", PCD (2005)- A meio da contagem encontramos a primeira (e quiçá única) canção da história da pop a auto-censurar-se. Conseguimos perfeitamente imaginar Fergie a cantar isto, mas como os BEP na altura se banhavam na idiotice de "My Humps", will.i.am tomou a sensata decisão de a oferecer antes ao estreante grupo. Agitada mescla de dance pop, hip hop e R&B, tem na sua composição um discreto sample de "Evil Woman" dos Electric Light Orchestra, e é um dos poucos singles da banda em que se escutam mais vozes para além de Scherzinger (Carmit canta no segundo refrão e Melody no terceiro).

4º "When I Grow Up", Doll Domination (2008)- Muito gostam estas meninas de fazer parar o trânsito. O segundo álbum da girlsband não foi nem por sombras tão icónico quanto o primeiro, mas ninguém esquece o arranque estrondoso ao som de "When I Grow Up", uma delirante e hiperactiva jam electropop sobre aspirar a viver debaixo dos holofotes. Contém um dos versos mais mal-interpretados da história da pop dos anos 00 ("I wanna have boobies" em vez de "groupies") e um dance breakdown ao melhor nível dos de J.Lo ou Britney.

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3º "Jai Ho! (You Are My Destiny)", Doll Domination - The Mini Collection (2009)- Em plena febre bollywoodesca graças ao triunfo de Slumdog Millionaire (2008) nos Óscares, coube às Pussycat Dolls ocidentalizar a faixa maior da banda-sonora de A. R. Rahman, num glorioso remake que ainda hoje é recordado como um dos seus êxitos de assinatura. O facto de Nicole Scherzinger ter recebido crédito de featuring isolada dos restantes membros - numa tentativa de projectar ainda mais a sua carreira a solo - levantou várias tensões no seio da banda. Era o princípio do fim. 

2º "Don't Cha", PCD (2005)- Oh, we about to get it just a lil' hot and sweaty. O inesquecível single de estreia das Pussycat Dolls havia nascido um ano antes pelas mãos de Cee-Lo Green, originalmente na voz de Tori Alamaze. Após não ter tido o sucesso esperado, a Universal não desistiu dele e tornou-o no debute do grupo de burlesco que se preparava para tomar o panorama pop de assalto. Através de uma interpolação do refrão de "Swass" de Sir Mix-a-Lot e uma boa dose de atrevimento, transformou-se num marco da cultura pop dos anos 00, certificado #hoeanthem e (como esquecer?) theme song do magazine social mais antigo e glamouroso da TV portuguesa, Fama Show.

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1º "Buttons", PCD (2005)- Porque será que as melhores canções das Dolls envolvem sempre cadeiras, chamas e erotismo a rodos? Porque é esta a sua verdadeira essência, a de um grupo de burlesco que traduz performance e desejo como ninguém. O 4º single do disco de estreia puxava esse conceito a níveis inimaginados, numa tentadora oferenda R&B de vocalização ofegante com influências do Médio Oriente, assistida pelo patrão Snoop e complementada por um vídeo de tons sépia em que se soltam peças de roupa, labaredas e tudo o mais que a imaginação possa querer. Continuamos pregados ao chão.

O regresso deste ano deveria ter sido celebrado com uma digressão que começaria este mês no Reino Unido e que visitaria também a Austrália, Nova Zelândia, Japão ou Brasil. As primeiras datas foram adiadas para Julho, mas não há certeza de que vão mesmo acontecer. Também não está posta de parte a edição de mais material inédito, em forma de disco ou EP. Seja como for, já ninguém nos tira a concretização de um desejo há muito aguardado. 

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