"Cardigan" ou a Nárnia encantada de Swift



Se o Verão de 2020 tivesse corrido de acordo com os planos de todos, possivelmente estaríamos neste momento a aclamar "Cruel Summer" como o single que encerraria a campanha promocional de Lover.

Mas a pandemia aconteceu e cada um agarrou-se à nova realidade da melhor forma que pôde. Swift deitou por terra os planos da digressão que haveria de passar por Portugal este Verão e, em isolamento e total secretismo, compôs e gravou o seu 8º álbum de estúdio - anunciado de surpresa escassas horas antes da sua edição - na companhia de Aaron Dessner e Jack Antonoff.

Folklore chegou acompanhado por "Cardigan", um deslumbrante pedaço de indie folk e pop barroca sobre um romance perdido no tempo entre dois jovens amantes, parte da trilogia Teenage Love Triangle denominada por Swift (e que tem em "August" e "Betty" os restantes vértices), e que muito deve às heranças cavernosas e emocionalmente íntimas do membro dos The National, aliadas à escrita majestosa de Taylor, aqui debruçada em observações tecidas na terceira pessoa.

Tal como nos vídeos da era de Lover, a respectiva ilustração foi dirigida pela própria intérprete e monitorizada por uma equipa médica especializada que assegurou que todas as normas de segurança e distanciamento social eram cumpridas. Nela vemos Swift a ser transportada através do seu piano para uma floresta alada e um mar revolto, alegoria para os locais ora de paz, ora de dor a que as suas canções são capazes de a transportar.

Vamos ficar ancorados nesta sua nova expressão artística durante dias e meses a fio, seguramente. No fim de contas, o Verão lá encontrou forma de ser um nadinha menos cruel. 

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