Sons Frescos #40


A reentré não é espantosa, mas reserva alguns trunfos:

1) Marshmello feat. Bastille- "Happier"- Continua a saga ascendente do DJ/produtor do capacete. Depois de uma primeira abordagem ao velho continente em "Friends", o músico norte-americano prossegue a sua convocatória britânica com o recrutamento dos Bastille para mais uma recomendável e aditiva construção pop-EDM que tratará de cimentar o seu estatuto no mainstream actual e dará a Dan Smith e companhia o seu maior êxito desde "Of the Night". 

2) Hozier feat. Mavis Staples- "Nina Cried Power"- Parece que foi há uma vida que ouvimos falar de Hozier pela última vez. O autor de "Take Me To Church" volta a mover as engrenagens com um sólido EP de quatro temas que deve o seu título a este portento gospel-rock que aceita o testemunho de ícones como Nina Simone, Marvin Gaye, B.B. King ou Curtis Mayfield na senda de canções de protesto pela igualdade. Abre o apetite para um segundo álbum que poderá não estar muito distante.

3) MØ- "Way Down"- Cozinhado no mesmo lume brando pop/dancehall onde "Work" de Rihanna ferveu, "Way Down" é o primeiro bop oficial e certificado de MØ em muito tempo. Canção semi-apocalíptica de flauta hipnótica acerca de como a sociedade de informação dos nossos dias nos amedronta e faz ansiar pelo escapismo, acelera o passo para a edição de Forever Neverland, o segundo álbum da dinamarquesa com saída prevista para 19 de Outubro. 

4) No Rome feat. The 1975- "Narcissist"- Colegas de editora na Dirty Hit, parceiros de estúdio em LA e detentores de uma mesma identidade indie pop - era inevitável uma colaboração entre ambos. "Narcissist" puxa pela costela electropop do grupo de Matty Healy e soa praticamente a uma canção um tanto mais dreamy e cintilante do seu repertório. Integra o EP de estreia do músico de Manila sediado em Londres - RIP Indo Hisashi - e expande certeiramente o seu nome.

5) Kim Petras- "All the Time"- Começam a faltar adjectivos, elogios e perucas para a perfeição pop oferecida pela princesa dos bops. "All the Time" engrossa a lista de singles orelhudos que nos vem entregando de há um ano para cá: mantém-se a tónica nostálgica early-noughties, a produção repleta de sacarose e a voz fervorosa semi-humana semi-andróide, adicionando-se apenas uma boa pitada de piri piri. Quando o álbum finalmente sair, é para acabar de vez connosco.

6) Aurora- "Forgotten Love"- Depois de um arranque soberbo com "Queendom", a nossa alada fada norueguesa continua a lançar pistas para um segundo álbum fantástico com a pop grandiosa de "Forgotten Love", sobre a liberdade de não nos sentirmos mais presos a alguém que um dia amámos - e perdemos. Nota de destaque para o verso cantado numa língua por si inventada - quando a expressão artística está muito para além das etimologias idealizadas. 

7) Nao feat. SiR- "Make It Out Alive"- Navegar por entre os intricados nós das relações humanas, da condição profissional e dos laços familiares nem sempre é pacífico - a distinta Nao faz disso prosa musical no seu compelativo emaranhado de R&B alternativo, complementado pelos préstimos do notável SiR, activo da Top Dawg. É a segunda amostra de Saturn, o próximo longa-duração da britânica esperado a 26 de Outubro. 

8) AlunaGeorge feat. Cautious Clay- "Superior Emotion"- Lenta mas seguramente, os AlunaGeorge retornam à proeminência artística. Depois das colaborações com Shakka e SG Lewis reveladas este ano, o duo britânico anuncia a edição do EP Champagne Eyes, antecedido pela sobriedade downtempo de "Superior Emotion", mais em linha com as marcas identitárias R&B apresentadas na estreia de 2013. Para conhecer mais a fundo a 5 de Outubro próximo.

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