Odisseia Musical: 2005, Verão Azul- Parte I

A odisseia prossegue e eis que chegamos a 2005, aquele que intitulo o ano do "Verão Azul". Porquê? Porque a nível musical foi um ano intermédio, não muito arrebatador e sem o impacto dos anos anteriores, em que os meses quentes são aqueles que me trazem mais memórias. O Verão esteve ao rubro mas do resto do ano digamos que não reza a história.

O problema é que esteve no meio de dois anos formidáveis: 2004, em que houve o tal fascínio, e 2006, que foi completamente inesquecível. Daí que, para todos os efeitos, 2005 tenha sido de certa forma o parente pobre. Mas tal não significa que os temas que por aqui passem pertençam todos aos dias de calor. A grande maioria sim, mas nem só de temperaturas abrasadoras se fez este ano.

À época com 13 anos, ganhava a cada dia que passava um maior traquejo musical, superior a qualquer outro de alguém da minha idade. E a paixão por música crescia a olhos vistos: comecei a ouvir outros tipos de música (se bem que os colocava quase sempre na borda do prato), comecei a comprar mais discos, dupliquei o número de tabelas musicais a que assistia e as horas dispendidas a criar estatísticas para as mesmas, cultivei alguns fanatismos e uns quantos ódios de estimação.

Surgiram os ipods, mas eu mantive-me fiel ao meu discman. Começou a febre dos downloads ilegais e eu não aderi dada a minha ingenuidade e escassa experiência com o mundo informático (mas, atenção, tinha quem fizesse o trabalho sujo por mim...). Mariah Carey foi rainha e senhora das tabelas musicais e eu segui a par e passo a sua jornada épica. Os Coldplay tornavam-se a melhor banda do mundo e eu não os suportava sequer. Uma tal de Rihanna apareceu e eu... eu... apaixonei-me no primeiro instante. Ohh yeahh, it was the summer of 2005.

Os temas que mais me marcaram

12º Shakira feat. Alejandro Sanz- "La Tortura", Fijácion Oral Vol.1

Acho que foi o primeiro tema em castelhano que alguma vez gostei na vida. "La Tortura" veio na época do calor abrasador e marcou-me pela harmonia do par, a cadência hipnótica do tema e pelo vídeo extremamente sensual, um dos mais arrojados da carreira de Shakira. Nunca o descascar de uma cebola tinha sido alvo de tanto erotismo e nunca a tinta preta foi usada para um fim tão transcendente.

11º Green Day- "Wake Me Up When September Ends", American Idiot

Sempre foram uma banda activista, com muito para dizer e sem receio de o dizer. "Wake Me Up When September Ends" é o meu tema favorito dos Green Day e para além de ser uma grande balada rock, foi também ilustrada por um vídeo bastante intenso que narra as amarguras de quem parte para a guerra e se entrega por uma nação, deixando o coração para trás.

10º Gwen Stefani- "Hollaback Girl", Love. Angel. Music. Baby.

"It's bananas, B-A-N-A-N-A-S": a educação pedagógica de Gwen Stefani ou como fazer um mega hit à base de frutologia e muito non-sense à mistura. "Hollaback Girl" é do mais ridículo que pode haver e de tão rídiculo que foi tornou-se um dos maiores hinos de 2005. Com o selo dos The Neptunes, Gwen esbanjou atitude com esta quase-paródia que não se leva muito a sério. Daí ter resultado tão bem.

Os álbuns que mais me marcaram

6º Madonna- Confessions on a Dance Floor

O 10º álbum da Rainha da Pop foi o último a ser alvo de consenso tanto por parte do público como da crítica, que o considerou um dos melhores trabalhos da sua discografia. Mestre na arte da reeinvenção, Madonna fez magia na pista de dança ao percorrer a disco dos anos 70 e 80 e fundi-la com a música de dança do séc. XXI, sob a batuta de Stuart Price. Foi este o meu primeiro contacto com a sua música e compreendi desde logo o porquê de ocupar o trono de Rainha. Pena é que à altura estivesse mais impressionado com êxitos pop fáceis do que em escutar música inteligente, daí que não tenha tido um caso muito intenso com o disco.

 Este é o álbum de: "Hung Up", "Sorry", "Get Together" e "Jump"

Fim da Parte I. 2005 está apenas a aquecer e ainda há muito mais para ouvir e descobrir. Acompanhem os novos desenvolvimentos já na próxima semana.