Odisseia Musical: 2005, Verão Azul- Parte III

No seguimento da temática da semana passada, as linhas de hoje são dedicadas a outro dos programas que marcaram parte da minha infância e adolescência. TRL. Três letras apenas. O nome diz-vos alguma coisa? Era a sigla para Total Request Live, possivelmente um dos programas mais icónicos da MTV.

Ao vivo de Nova Iorque, em Times Square, o programa consistia numa contagem dos 10 vídeos mais votados pelos espectadores e vivia de uma grande interacção com o público, contando com a presença assídua de artistas que a geração MTV tanto apreciava. Era a loucura: a histeria colectiva do povo americano aliada à cultura pop.

Transmitido desde 1998, creio que só começei a vê-lo desde 2003, claro, ou não fosse esse o início do meu despertar musical. De segunda a sexta, por volta das 17/18h, não podia de modo algum perder o TRL. Primeiro porque apareciam vídeos que raramente passavam no canal e depois porque era uma boa oportunidade para conhecer os artistas para além da música.

Mas o que eu gostava mesmo era das estatísticas (musicais, claro). E que belas estatísticas aquele programa apresentava: o nº de dias em que o vídeo estava no top, a melhor posição por ele alcançada e, se fosse o caso, o nº de dias em 1º. E depois o mais engraçado é que se um vídeo alcançasse 50 dias na contagem, reformava-se e tinha direito a certificação emoldurada e tudo! Aposto que devem estar a pensar o quão ridículo sou. Não, mesmo, eu é que vivo isto de forma muito intensa.

Nunca me vou esquecer de que foi graças ao TRL que vi em primeira mão toneladas de vídeos novos, centenas de entrevistas a cantores e bandas, que me fascinei ainda mais pela cultura pop ou que conheci nomes como Kelly Clarkson (a verdadeira campeã do programa), Usher, My Chemical Romance, Fall Out Boy e Paramore (ahhhh o dia inesquecível em que Hayley Williams entrou na minha vida!).

Tão bons esses tempos em que eu ansiava que o autocarro se despachasse porque não podia perder o programa e mal chegava a casa ligava de imediato a TV para não perder o fio à meada. Acabou por durar até 2008, altura em que foi trucidado pela massificação da internet. Hoje já não faria sentido haver um TRL, mas durante muitos anos deu sentido à minha paixão e curiosidade musical. Acesas permanecem as memórias e aquele brilhozinho no olhar.

Os temas que mais me marcaram

6º Madonna- "Hung Up", Confessions on a Dance Floor

"Time goes by, so slowly"... Poucas vezes fiquei tão assoberbado com um vídeo quanto este. Recuperando a disco fever dos anos 70 e à base de um sample eficaz dos ABBA, Madonna fez magia na pista de dança e honrava o título honorífico de Rainha da Pop. Eu só pensava como é que uma mulher de 47 anos podia soar, parecer e dançar assim: eis que o poder de Madonna chegava até mim.


5º Kelly Clarkson- "Since U Been Gone", Breakaway

A então vencedora da edição inaugural do American Idol começava a transformar-se na nova sensação pop rock do panorama musical. Com o precioso contributo de Max Martin e Dr. Luke e graças a uns pulmões de ferro, Kelly Clarkson teve aqui a sua oportunidade de ouro que tão bem soube aproveitar. Foi o início da ira contra a ala masculina e de uma série de tremendos hits e marcos na pop.

4º Gwen Stefani- "Cool", Love. Angel. Music. Baby.

Considero-o um dos vídeos mais bonitos de todos os tempos: é a personificação da beleza e encanto da figura feminina e tem uma narrativa extremamente arrebatadora. Marcou o meu Verão de 2005 e um tempo tão belo, de doces memórias. Desde esse dia que tenho um fraquinho por Gwen Stefani: tanto ela como esta canção batem forte cá dentro.


Os álbuns que mais me marcaram

3º Black Eyed Peas- Monkey Business

Em 2005 os BEP lançavam o seu 4º álbum (apenas o 2º a contar com a presença de Fergie) e já não eram os mesmos de há 2 anos atrás. A base hip hop continuava a mesma, mas agora estavam muito mais cientes das suas potencialidades e do seu apelo pop. O protagonismo dado a Fergie aumentou e os seus temas estavam cada vez mais letais. Digamos assim que é um disco de transição entre o passado da banda e o futuro que estaria para vir. Era divertido, tinha umas quantas batidas contagiantes e era engraçado de se ouvir. Em suma, foi bom enquanto durou.
Este é o álbum de: "Don't Phunk With My Heart", "Don't Lie", "My Humps" e "Pump It"

2º Sugababes- Taller In More Ways

Ao 4º álbum as Sugababes tornavam-se numa das minhas bandas de eleição. Já gostava delas pelo que ouvia nos singles, mas quando ouvi atentamente um dos seus álbuns ganhei um maior apreço pelo trio, que cada vez mais entrava pelos meandros da boa pop britânica. O meu afecto por Taller In More Ways deve-se ao notável entrosamento do trio, aqui no seu 2º alinhamento, aquele que mais memórias e bons momentos me proporcionou. Se devo a Britney Spears o meu amor pela pop, devo às Sugababes a minha paixão pela música e cultura britânica.
Este é o álbum de: "Push the Button", "Ugly", "Red Dress" e "Follow Me Home"

Fim da parte III. O último capítulo da odisseia musical do ano 2005 chega já no final da semana. Fiquem desse lado e conheçam o desfecho deste Verão Azul.

Comentários

Mensagens populares