Odisseia Musical: 2005, Verão Azul- Parte II
Por esta altura eu devorava tudo o que dava na MTV - pudera, não havia outra maneira de me manter informado acerca da cultura musical - o que significa que via não só as tabelas musicais e videoclips em catadupa como os programas destinados a prender um público jovem com conteúdos na sua maioria duvidosos e muito pouco relacionados com música.
A título de exemplo aqui ficam alguns: Dismissed e Next (programas hediondos de encontros amorosos), Room Raiders (vasculhavam-se os quartos das pessoas com kits próprios e tudo), Boiling Points (género de apanhados irritantes), Made (o meu favorito; propunha-se a cultivar a auto-estima e confiança de adolescentes inseguros através de uma meta aparentemente impossível), My Super Sweet 16 (as festas megalómanas de adolescentes ricos e mimados), Pimp My Ride (outro dos meus favoritos, em que latas velhas transformavam-se em bólides quitados), e a lista continua...
Porém, havia um que ainda hoje não me sai da memória. O programa em questão era o Re-Action, dava às 17h de segunda a sexta, e misturava, ao longo de 1 hora, videoclips e interacção ao vivo com os espectadores. O apresentador - aqui vem a parte ridícula - era um pato amarelo que comunicava em tempo real, através de mensagens, com o público que assistia ao programa.
Cada dia havia um tema diferente: "Rapazes vs Raparigas", "Especial Britney", "Vídeos Novos", ou meras batalhas entre vídeos com direito a percentagens e revelação do vencedor. Mas depois havia a tal interacção com os espectadores que opinavam aguerridamente acerca do conteúdo, comunicando com o pato (um funcionário qualquer da MTV, por certo), que por acaso até lhes respondia de forma bastante atrevida.
Lembro-me que gostava imenso do programa. Apesar do ridículo da situação, o programa foi inédito pela tal interacção com o público e criava-se ali uma dinâmica engraçada entre os espectadores e o pato, para além de que continha vídeos muito variados, capazes de agradar a gregos e troianos.
Não sei se foi um original português, mas lá que era divertido à brava, isso era. Apesar do seu propósito tirano - tratava-se de um programa com mensagens de valor acrescentado - esforçava-se por perceber aquilo de que os jovens gostavam. Acho que é aí que actualmente a MTV falha: trata os espectadores com desdém, poluindo as suas mentes em vez de as educar, como fazia no meu tempo. Mas isso é outra história.
Os temas que mais me marcaram
9º Black Eyed Peas- "Don't Lie", Monkey Business
Esta remonta aos tempos em que os BEP ainda eram conhecidos por serem um bom grupo de hip hop. "Don't Lie" cheira a Verão, é exótica, tem versos educacionais que incentivam ao culto da verdade e conta com uma arrebatadora prestação de Fergie, a arma secreta do grupo. Facto: não me esqueço de que este foi o meu toque de telemóvel durante uns dois anos seguidos.
Os temas que mais me marcaram
9º Black Eyed Peas- "Don't Lie", Monkey Business
Esta remonta aos tempos em que os BEP ainda eram conhecidos por serem um bom grupo de hip hop. "Don't Lie" cheira a Verão, é exótica, tem versos educacionais que incentivam ao culto da verdade e conta com uma arrebatadora prestação de Fergie, a arma secreta do grupo. Facto: não me esqueço de que este foi o meu toque de telemóvel durante uns dois anos seguidos.
8º Kanye West feat. Jamie Foxx- "Gold Digger", Late Registration
Acompanhava o percurso de Kanye desde o início, mas nunca tinha gostado de nenhum tema seu até este "Gold Digger", um dos melhores temas de hip hop da década passada. A batida é simplesmente irresistível, Jamie Foxx deu uma preciosa contribuição e o carisma e presença imponente de Kanye fez o resto do trabalho. Foi aqui que o seu ego se agigantou.
7º Natasha Bedingfield- "Unwritten", Unwritten
Como é que eu não podia adorar Natasha Bedingfield depois de um vídeo e tema como estes? A canção título do seu álbum de estreia é um hino de libertação e de felicidade que não deixa ninguém indiferente, tendo sido ilustrado por um vídeo apaixonante que retrata o ultrapassar de obstáculos, numa viagem de auto-descoberta, metaforizada pela escalada heróica de um livro. Absolutamente enternecedor.
Os álbuns que mais me marcaram
5º Jennifer Lopez- Rebirth
Ao 4º álbum de estúdio, Jennifer Lopez afirmava-se renascida. Rebirth resultou de um período de regeneração para a cantora, que havia passado tempos complicados (devido a desilusões amorosas e fracassos no cinema) e reencontrou o amor nos braços de Marc Anthony. Longe das sonoridades dance pop, latina e R&B lamechas dos seus últimos trabalhos, aqui escutou-se uma J.Lo mais aventureira, entre funk, hip hop e baladas à flor da pele. Não sendo um álbum fenomenal, creio que é um dos seus trabalhos mais equilibrados e aquele que mais gosto de toda a sua discografia.
Este é o álbum de: "Get Right" e "Hold You Down"
4º Mariah Carey- The Emancipation of Mimi
Seguimos para outra regeneração, desta feita aquela que salvou do desastre a carreira de Mariah Carey. The Emancipation of Mimi, o 10º álbum da sua carreira, foi um sucesso triunfal para a cantora após 2 álbuns de fraca performance. Regressada das cinzas, voltou ao topo das tabelas e a ser considerada um ícone musical. Nunca antes havia escutado um álbum dela, mas dada a sua omnipresença nas tabelas não só me senti tentado a escutar como ainda comprei o disco. Não fiquei totalmente rendido mas a força dos singles era de um apelo magnético. E depois havia aquela voz imensa, cheia de acrobacias e piruetas.
Este é o álbum de: "It's Like That", "We Belong Together", "Shake It Off", "Get Your Number", "Don't Forget About Us", "Say Somethin'"
Fim da parte II. Fiquem desse lado e sigam viagem comigo no próximo capítulo das minhas memórias musicais do ano 2005.
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