Odisseia Musical: 2005, Verão Azul- Parte IV
O Verão de 2013 ainda agora pode ter começado, mas é tempo de colocar um ponto final do Verão Azul de 2005. O pôr-do-sol é dedicado às 3 figuras mais importantes desse ano: Kelly Clarkson, Gwen Stefani e Mariah Carey.
Directamente do American Idol para o mundo, Kelly tinha editado em fins de 2004 o seu segundo álbum, Breakaway, que graças a uma mão cheia de temas pop/rock antémicos, haveria de a catapultar para novos voos. Começou de mansinho na América, mas o poder emanado por singles como "Since U Been Gone", "Behind These Hazel Eyes" ou "Because of You" chegaria os ouvidos do resto do mundo em 2005 e continuaria cada vez mais premente por 2006 fora. Eu tinha ganho uma nova paixão musical e o panorama tinha ganho uma nova estrela pop: tudo muito bonito, não fosse Kelly, nos anos seguintes, revoltar-se contra o sistema e mostrar que era mais do que um talento fabricado.
Gwen Stefani marcava pontos a solo e em 2005 era praticamente impossível dissociá-la das suas Harajuku Girls: eram os tempos de Love. Angel. Music. Baby, associado à cultura nipónica e a uma imensa criatividade em torno do aspecto visual que complementava a música. Temas como "Rich Girl", "Hollaback Girl" e "Cool" ainda hoje são inesquecíveis tanto pela sua ousadia como pelos vídeos conceptuais, fruto de um imaginário fabuloso. Foi uma aventura espantosa, divertida e memorável que contribuiu em larga escala para o despontar da minha criatividade. Mais do que a rapariga dos No Doubt, para mim Gwen Stefani será sempre aquela mulher das mil-e-uma-faces, todas elas encantadoras.
Mariah Carey fazia correr rios de tinta com o espectacular regresso por ela protagonizado. Das cinzas para o topo, a cantora recuperava de um período menos produtivo e de menor sucesso comercial, não por obra e graça do espírito santo mas sim devido aos seus dotes de diva R&B recém-encontrados que faziam furor em todas as tabelas mundiais. The Emancipation of Mimi foi um dos colossos do ano e não houve um nº1 dos topes que lhe escapasse: "It's Like That", "We Belong Together", "Shake It Off", "Get Your Number" Ou "Don't Forget About Us" faziam a delícia (maioritariamente) do povo americano e do seu prazer obsceno por regressos triunfais.
Sublinho o facto destas 3 artistas terem sido todas elas protagonistas inesperadas, na medida em que ninguém podia prever o impacto que causariam. Normalmente são os grandes nomes que mais se destacam, mas em 2005 contrariou-se esse padrão. Daí eu ter começado este capítulo afirmando que foi um ano morno, marcado por hinos de Verão. E o certo é que 7 dos 12 que por aqui passaram pertencem à estação do calor.
Na altura ainda não tinha o conhecimento suficiente acerca do meio para perceber que se estava a preparar uma revolução. E nada me podia fazer prever que à espreita estava um dos melhores anos da minha vida.
Os temas que mais me marcaram
3º Sugababes- "Push the Button", Taller in More Ways
Keisha, Mutya e Heidi soltavam a franga naquele que era o seu tema mais descaradamente pop à data. Divertido à brava, atrevido (como o vídeo fez questão de realçar) e com aquela essência british que torna tudo tão apelativo, ficou-me na cabeça durante muito tempo e ainda hoje o considero um dos melhores temas pop da década passada.
2º Kelly Clarkson- "Behind These Hazel Eyes", Breakaway
Foi este o tema que me fez ficar perdidamente fixado em Kelly Clarkson. Pop/rock angustiado e de carga épica assinado pelas sábias mãos de Max Martin e Dr. Luke, foi ilustrado por um conto de fadas sinistro que lhe deu ainda uma maior projecção. Nunca me vou esqueçer que quebrou o recorde de permanência em 1º no TRL- 33 dias ao todo. E pensava eu que Kelly não conseguia fazer melhor que isto.
1º Coldplay- "Fix You", X&Y
Nunca me senti próximo dos Coldplay até ouvir "Fix You". Nutria por eles um ódio de estimação, até. Tinha uma visão limitada da vida, digamos assim: contentava-me com canções descartáveis e tudo o que era pop pastilha elástica. Este foi o tema que me fez começar a compreender a beleza dos Coldplay, qual epifania sagrada. Nunca mais olharia para eles da mesma forma: dentro de poucos anos tornariam-se na minha banda favorita.
Os álbuns que mais me marcaram
1º Kelly Clarkson- Breakaway
Demorou até chegar aos meus ouvidos (1 ano após ter sido editado), mas se o mundo inteiro não resistia ao apelo de Kelly Clarkson, eu também não seria excepção. Atraído pela força suprema dos singles, acabaria por encontrar uma artista que à primeira vista seria uma nova versão de Avril Lavigne, mas depois havia aquela voz mastodôntica que não deixava margem para dúvidas: Kelly estava destinada a ser um dos nomes maiores da pop. Foi o ponto alto da sua carreira e teria tido continuidade caso não tivesse optado por outro caminho, contrário ao da rota das estrelas manufacturadas.
Este é o álbum de: "Breakaway", "Since U Been Gone", "Behind These Hazel Eyes", "Because of You" e "Walk Away"
Termina aqui a viagem pelo Verão Azul de 2005. Na próxima semana avançamos para novas paragens e entramos num ano inesquecível a todos os níveis.
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