Odisseia Musical: 2011, A Voz Redentora- Parte III
O espaço do 'A Hundred Million Suns' nasce da vontade de querer ser mais do que um mero blog de música que se limita a informar, apresentar e criar tendências. Foi o meu grito de afirmação, o momento em que soube definitivamente que queria fazer isto para o resto da vida, tendo sentido necessidade de criar uma nova rúbrica que pudesse conferir uma identidade muito própria ao Into the Mus!c, e que o tornasse diferente e único quando comparado a outros blogs do género.
O nome, como acontece com a maioria dos espaços do blog, foi inspirado num disco dos Snow Patrol do qual gosto bastante, e decidi utilizá-lo porque achava que traduzia na perfeição aquilo que pretendia transmitir nessa minha nova aventura: a forma como sou inspirado, influenciado e moldado no meu dia-a-dia por uma miríade de artistas e canções de universos musicais tão díspares.
O primeiro post surge a 22 de Outubro de 2011, inserido nas comemorações do 3º aniversário do blog, e trazia em destaque Britney Spears e o apropriado "3". Escolhi-a pelos motivos óbvios - pela efeméride e pela figura incontornável de que se trata - mas sem saber ainda muito bem como realizar os meus intentos. Na verdade, demorei alguns posts a "afinar" a máquina e a encontrar o seu coração - se tivesse sido logo à primeira também não tinha piada nenhuma, certo?
A primeira vez que senti, de facto, que tinha conseguido fazer algo de especial, que me transcendesse, foi, precisamente, com um post dedicado aos Snow Patrol com o tema "Run" em destaque, no qual falava da minha ligação à banda e da importância daquela canção na minha vida. A partir daí tornou-se mais fácil saber qual o caminho a seguir - e eis que o 'A Hundred Million Suns' se torna num dos melhores espaços do Into the Mus!c.
Ao dar-lhe vida creio que estou a fazer duas coisas muito importantes: a homenagear os artistas em causa, o que é sempre louvável, e expondo muito de mim, daquilo que sou, de modo a que me consigam entender melhor e percebam a minha história e as motivações que estão por detrás dos posts que publico. Nem sempre é fácil fazê-los da forma que idealizei, mas quando os dou por concluídos e me sinto plenamente satisfeito com o resultado final, acreditem que é das sensações mais gratificantes que pode haver neste mundo.
A par dos textos que aqui assino acerca de talent shows, são os únicos que escrevo com os dedos em chamas e o coração aos pulos, talvez porque significam muito para mim e sinto que são os que melhor me descrevem enquanto autor do blog e pessoa para lá dele. Há cerca de um ano que o espaço se encontra parado, pois achei que era altura de o colocar em repouso e experimentar outros registos (esta Odisseia, por exemplo), mas muito em breve planeio reactivá-lo com novas caras, canções e outras histórias. A paixão e o entusiasmo, acreditem, serão os mesmos de sempre.
Os temas que mais me marcaram
6º Rihanna- "S&M", Loud
Na, na, na, c'mon! Mente livre de preconceitos, fato de látex vestido e chicote em riste - dêem as boas vindas a Rihanna em modo bad bad girl neste que é o single mais controverso da sua carreira, com elevadas doses de lascívia, ou não se tratasse isto de uma valente - mas divertida à brava - ode ao sadomasoquismo com sintetizadores pulsantes que queimam como cera líquida e uma toada eurodance que não destoaria no red-light district. O vídeo retrata com alguma audácia a relação abusiva que Rihanna vive com os mass media e não só foi (estupidamente) alvo de censura como ainda lhe valeu um processo por parte do fotógrafo David LaChapelle, por alegado plágio ao seu trabalho.
5º Adele- "Rolling in the Deep", 21
Voltamos a encontrar aquela que serve de inspiração ao título deste capítulo da Odisseia, naquele que é o momento-chave da sua carreira, indispensável para compreendermos o fenómeno que em seu torno se gerou. Sob uma batida marcial, piano pulsante e apoiada por um coro gospel, "Rolling in the Deep" é uma amargurada ode a um "podíamos ter sido tão mais do que fomos", cuja verdadeira força reside na prestação vocal de Adele principalmente no tempestuoso refrão, em que a sua voz ribomba qual trovão potenciado por uma fúria divina, ou não fosse isto o seu coração desolado em discurso directo. Quebrou a corrente, fez história e salvou a indústria musical - eis o primeiro grande clássico da década.
4º Coldplay- "Paradise", Mylo Xyloto
Nos primeiros anos da Odisseia era comum sentir uma grande ligação afectiva com a maioria dos temas que aqui colocava, pois transportavam-me sempre à minha infância e adolescência - faziam-me recordar sítios, pessoas, sentimentos, memórias e tudo o mais. Nos capítulos referentes a esta década esse laço tem tendência a não se manifestar tanto, porque se trata de um passado ainda recente. Excepção feita a este "Paradise", maravilhoso 2º single de Mylo Xyloto que me transporta de imediato a uma época particularmente feliz da minha vida. Fico, por isso, de olhar húmido e sorriso terno cada vez que a oiço e recordo este vídeo tão singelo do elefante que escapa do zoo e percorre milhares de quilómetros em busca do seu pedaçinho de paraíso. Não é isso que todos procuramos, afinal de contas?
Os álbuns que mais me marcaram
3º Florence and the Machine- Ceremonials
Épico, opulento e grandioso. Assim caracterizo o 2º álbum de Flo e a sua máquina que os colocou num patamar de excelência que poucos grupos recentes se podem orgulhar de ter alcançado logo ao 2º disco. Se com o álbum de estreia, Lungs, me arrebataram pela excentricidade e teor etéreo das suas canções, com este Ceremonials foi um caso de amor ainda mais intenso, porque já compreendia melhor as águas abençoadas em que se movem. Tudo é mais polido, sumptuoso e assombrosamente belo: crescem os arranjos, a própria voz de Florence ganha um maior controlo e segurança, e expandem-se as influências do grupo para além da pop barroca, agora com apontamentos de gospel, electrónica súbtil e soul. Um absoluto triunfo.
Este é o álbum de: "What the Water Gave Me", "Shake It Out", "No Light, No Light", "Never Let Me Go", "Spectrum (Say My Name)" e "Lover to Lover"
Fim da parte III. Não percam o próximo capítulo que dará por concluída a Odisseia de 2011.
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