A vida a solo depois das Fifth Harmony

Já lá vai mais de um ano desde que as 5H anunciaram o *cof cof* hiato indefinido para explorarem carreiras a solo. Façamos então um balanço daquilo que tem acontecido com os quatro membros resistentes: 

Normani


I mean, topem-me só esta foto. Podia ser a reimaginação do artwork do Dangerously In Love da Bey. Tudo em Normani é já evidentemente majestoso: da componente visual em sessões de fotos ou nos videoclips, das actuações ao vivo extremamente bem elaboradas que provocam ohs de assombro, passando pelas decisões estratégicas certeiras que tem tomado, até à qualidade das canções que tem assinado. E isto vindo daquela que era a underdog do grupo.

Ainda o hiato não tinha sido anunciado e Normani já estava a marcar pontos ao lado de Khalid no magnífico "Love Lies", umas das canções maiores de 2018 que passou meses a fio a florescer nas tabelas. Nesse ano colaboraria ainda com Calvin Harris em dois temas até um nadinha fora do território do universo do DJ escocês: house tingida de R&B em "Slow Down" e afrobeat/dancehall flamejante em "Checklist".

A par de duas colaborações mais discretas - "Swing" para a estreia a solo de Quavo dos Migos e a remistura de "Body Count" de Jessie Reyez - não terminou o ano sem apresentar um primeiro single que passa pela estreia a solo não oficial: "Waves", um hipnotizante pedaço de R&B alternativo tecido ao lado de 6lack. E 2019 começou de forma igualmente consistente, superando um desgosto amoroso ao lado de Sam Smith na passada disco-R&B de "Dancing with a Stranger", que acaba de ascender ao top 10 da Billboard Hot 100. O debute propriamente dito deverá ser editado na segunda metade do ano com o selo da RCA/Keep Cool Records. 

As potencialidades de Normani são imensas, e o público já mostrou estar preparado para aclamá-la. Com a equipa e as canções certas, é uma questão de tempo até se tornar maior que Camila. 




Lauren Jauregui


A bhad princess Lauren partiu na linha da frente para se tornar na segunda maior potência a solo das 5H, mas cedo perdeu a posição para Normani.

O arranque, ainda em 2017, tinha sido particularmente entusiasmante com um "Strangers" cantado a meias com Halsey, ainda um dos melhores momentos pop desse ano, que estupidamente não foi transformado em single na altura devida. Ainda antes de encostar a porta à sua banda de sempre, esteve ao lado do namorado Ty Dolla $ign em "In Your Phone" e experimentou o território EDM pela mão de Steve Aoki em "All Night".

Assim que teve carta branca para se aventurar a solo, o entusiasmo esmoreceu de certa forma. Escutámos-lhe primeiro "Expectations", um lânguido objecto soul/R&B que Amy Winehouse poderia ter cantado no álbum de estreia. E já este ano lançou "More Than That", a aprofundar as heranças R&B numa produção mais suada e obscura de Murda Beatz. Ambos com reduzida expressão comercial.

Por enquanto parece que a sua identidade está pouco definida e, good lord, com uma voz inconfundível daquelas, Lauren poderia ser bem mais. Mas ainda há esperança e umas quantas tentativas de reserva a serem depositadas na estreia em disco com o selo da Columbia Records, também esperado este ano.




Dinah Jane


Durante o seu tempo com o grupo Dinah esteve quase sempre na sombra de Camila ou Lauren, mas nunca duvidámos do seu potencial enquanto estrela R&B a solo.

Previamente à emancipação vimo-la ao lado de RedOne, Daddy Yankee e French Montana a entoar uns míseros versos em "Boom Boom" - até hoje ninguém percebeu muito bem como e porque é que isto aconteceu. Possivelmente nem a própria Dinah.

O arranque a sério teve lugar no passado mês de Setembro quando "Bottled Up" - a enésima recriação de "Work from Home" - apadrinhada por Marc E. Bassy e Ty Dolla $ign foi libertada para o mundo - e não foi absolutamente a lado nenhum. Sob a insígnia da Hitco de L.A. Reid lançou um mais recomendável "Retrograde" graças à insistência dos fãs, e editou recentemente o seu primeiro EP, Dinah Jane 1, uma robusta colecção de temas ancorados na tradição R&B dos anos 90 e início da década anterior, da qual a estonteante "Heard It All Before" será o melhor exemplo.

Por esta altura Miss Jane já deveria querer ter um álbum cá fora, talvez por sentir que tem muito a provar e uma lista extensa de objectivos para concretizar, mas sendo a mais jovem das quatro, o melhor que tem a fazer é investir tempo e recursos vários na criação de música que valha a pena. Para já o upgrade é notório. 




Ally Brooke


O quinto elemento das Fifth Harmony aka o membro menos popular da banda aka aquela de quem ninguém se lembra o nome. Convenhamos, quantos de nós achavam mesmo que Ally Brooke tinha alguma hipótese a solo?

No seu tempo com a banda, pouco lhe foi dado a experimentar fora da linha constritora traçada pela Syco, a não ser duas discretas incursões pela EDM: "Look at Us Now" dos Lost Kings e "Perfect" do DJ alemão Topic.

Assim que se viu livre do contrato de Simon Cowell formou aliança com a Atlantic Records e começou a explorar a herança latina: primeiro com "Vámonos", dos holandeses Kris Kross Amsterdam, e em Janeiro último com o pegadiço "Low Key", uma cópia descarada versão muito próxima de "Havana" mas com mais verve urbana conferida por Tyga. Quase sem ninguém dar por isso, é já o single a solo das ex-integrantes com maior retorno comercial até ao momento: está a rondar a Hot 100 e o respectivo vídeo já leva qualquer coisa como 32 milhões de visualizações. #shooketh

Haverá muita gente a ficar chocada e confusa se Ally cortar a meta antes de Lauren e Dinah, mas o certo é que há um nicho e um mercado para ela: quem sabe se não segue as pisadas de J.Lo ou Gloria Estefan. Bem, já aconteceram coisas mais estranhas.



Achavam mesmo que este artigo terminava sem uma menção a Camilita? É seguro dizer que ela já inscreveu o seu nome na liga principal do mainstream, mas agora o desafio passa por saber continuar a construir o seu império para além de "Havana", sem se deixar absorver por ele. E fazer um segundo álbum bem mais consistente, que aquele primeiro tinha muito pouco de memorável.

                                                            camila cabello mtv emas GIF by 2017 MTV EMA

E vocês, torcem por quem, mesmo?

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