VER: Taylor Swift feat. Brendon Urie- ME!

Technicolor dream

A contagem decrescente chegou ao fim e revelou, lá do outro lado do arco-íris, uma sonante e multicolorida canção pop que vê Taylor Swift a abandonar a pele de cobra de Reputation e a metamorfosear-se num bando de borboletas encantadas que parecem dar o mote à era de TS7.

"ME!" não é, para todos os efeitos, um dos momentos mais inspirados do catálogo de Swift - há por aqui e ali uns quantos versos desmazelados e uma melodia banal, apesar de viciante - mas funciona na perfeição como recontextualização da sua figura na esfera mediática: alguém que deixou para trás a pressão e o peso do escrutínio social e passou a valer apenas por si mesma (me-e-e-!) e pela sua arte. E se isso implicar voltar a falar ao coração de pré-adolescentes e erguer uma gigantesca fantasia pop à maneira da ex-rival Katy Perry, havemos de o suportar. 

A participação de Brendon Urie, o ginasticado vocalista dos Panic! at the Disco ainda embalado pela meteórica ascensão de "High Hopes", é fundamental para a carga semi-pateta (elogio) e teatral que o tema transporta, ainda mais realçado pela maravilhosa narrativa visual assinada por Dave Meyers, que cria um país-das-maravilhas algures entre O Quebra-Nozes e Mary Poppins assente em tons pastéis, interlúdios non-sense em francês, performances dignas da Broadway e vestidos de princesa que se desfazem em cascatas de cor.

No final do dia trata-se de erguer um grandioso evento pop e colocar multidões a sonhar com e a debater a sua música - e Taylor continua particularmente imbatível nesse campeonato.