Os 10 melhores singles de Natasha Bedingfield
Foram nove anos de ausência por razões não totalmente descortinadas, mas finalmente temos Natasha Bedingfield de volta aos discos. Outrora um dos maiores activos da indústria britânica e um dos casos de maior sucesso da década passada no que toca a exportações para a América, é a altura ideal para fazermos um pequeno balanço da sua curta mas impactante discografia de quinze anos:
10º "Strip Me", Strip Me (2010)- Custa a crer que o último encontro com Miss Bedingfield foi há quase uma década, não é? O tema-título do seu terceiro álbum alinhava pelo filão da pop inspiradora a que sempre almejou, tratando-se de uma co-produção um tanto genérica entre Wayne Wilkins e Ryan Tedder, a reciclar moldes de trabalhos anteriores. O la-la-la-la-laaa-la é mesmo a melhor parte.
9º "I Wanna Have Your Babies", N.B. (2007)- Depois de declarar independência aos sete ventos na aplaudida estreia, as coisas ficaram um pouco estranhas por altura do segundo álbum: instalava-se uma espécie de crise de identidade do quarto de século, que a levava a dar ouvidos ao relógio biológico descontrolado. "I Wanna Have Your Babies" é um single pouco feliz que mescla heranças pop, hip hop e R&B, salvo apenas pelo gigantesco carisma vocal da sua intérprete.
8º "Love Like This", Pocketful of Sunshine (2008)- Houve uma altura na carreira de Nastaha em que a sua música começou a ter mais sucesso na América do que no Reino Unido, o que levou a uma ambiciosa reformulação dos planos: o seu segundo álbum foi então alvo de um extensivo revamp que incluiu novos temas e um novo título para a edição norte-americana. "Love Like This" - amoroso single pop de inclinações reggae ao qual nem faltava o featuring de um então em voga Sean Kingston - foi o cartão-de-visita. E falhou o top 10 da Hot 100 por uma unha negra.
7º "Soulmate", N.B. (2007) e Pocketful of Sunshine (2008)- Como recuperar de um single tão disparatado e tonto quanto "I Wanna Have Your Babies"? Bem, viajando até ao extremo das emoções e descendo às catacumbas do coração: "Soulmate" versa sobre a angústia de (des)esperar por uma cara-metade, sem saber se algum dia a encontraremos. Foi um dos poucos singles a transitar da edição europeia para a norte-americana, mas acabou por ser mais bem-sucedida na Europa.
7º "I Bruise Easily", Unwritten (2004)- Chegamos enfim ao primeiro single francamente bom de Natasha. "I Bruise Easily" foi o quarto - e último - avanço retirado do seu maravilhoso debute, uma balada pop de sensibilidades R&B excepcionalmente bem produzida por Wayne Wilkins e Andrew Frampton que se constrói em torno da vulnerabilidade necessária para deixar outro alguém entrar. Bedingfield enquanto gueixa - irreconhecível - é uma representação das muralhas que se erguem para ocultar a dor.
5º "Single", Unwritten (2004)- This is my current single status, my declaration of independence, there's no way I'm trading places, right now a star's in the ascendant, I'm single (right now), that's how I wanna be: quão incrível é vermos uma jovem de 22 anos a fazer a sua primeira impressão na indústria com um imenso manifesto de celebração da vida de solteira? A par disso, havia ainda uma produção impecável tão noughties que deixava desde logo a descoberto as marcas R&B da sua proposta sonora. Isto é poder.
4º "Touch", Strip Me (2010)- Um dos trunfos de Natasha Bedingfield é a sua capacidade interpretativa: para além de uma entrega vocal inigualável, possui também uma forma muito própria de entoar e articular versos. É isso que torna "Touch" um single tão fenomenal - um luminoso pedaço de pop upbeat sobre as infinitas possibilidades das ligações humanas. Serviu de single promocional a Strip Me, mas não só é a melhor oferenda desse disco como uma das melhores do seu percurso.
3º "Pocketful of Sunshine", Pocketful of Sunshine (2008)- Take me awaaaaaayyyy! Desenhado especialmente para o mercado norte-americano, "Pocketful of Sunshine" é outro dos singles de proa do cancioneiro de Natasha: uma canção sobre escapismo e enfrentar as trevas, bradada na mais exuberante das interpretações, à boa moda Bedingfieldiana. Tornou-se num fenómeno de licenciamento no universo das séries e anúncios televisivos, e só conheceu lançamento em selectos territórios europeus - Reino Unido ficou de fora - volvidos três anos.
2º "These Words", Unwritten (2004)- I love you-I love you-I love you-I love you! Oh, como aqui brilham a sua lírica inventiva e a entrega vocal. Segundo avanço do disco de estreia, "These Words" é um daqueles maravilhosos exemplos que nascem da frustração de um bloqueio criativo e da pressão de conseguir um hit: não premeditadamente, Natasha acabou por escrever uma radiosa canção de amor que chegou ao nº1 da tabela de singles britânica. Nos EUA, com renovada ilustração, chegaria ao top 20 da Hot 100. Impossível não ficar de sorriso no rosto com este vídeo tão airoso.
1º "Unwritten", Unwritten (2004)- Na pirâmide de canções inspiracionais/motivacionais, esta está no topo. E esteve praticamente em todo o lado durante anos a fio: era o tema de abertura do reality show The Hills da MTV, associamo-la também a campanhas da Pantene e a filmes como The Sisterhood of the Traveling Pants. Esteve nomeada para um Grammy, chegou ao top 5 da tabela de singles norte-americana e é um clássico (bem escondido, mas ainda assim um clássico) da pop do séc. XXI. Muito amor pela jornada épica do destemido livro retratada no vídeo e por aquilo que esta canção significa para tantos. Que o poder do recomeço nunca nos abandone.
Acaba por ser caricato que Natasha Bedingfield tenha estado mais tempo ausente do que em actividade, mas isso não invalida o que alcançou durante o seu auge. Ela e o seu disco de estreia são pilares estruturais da minha adolescência, e sinto que este post era fundamental não só para a devolver à vida, como para a honrar.
Penso que a sua maior conquista acabou por ser também o seu maior erro. De certa forma o Reino Unido nunca a perdoou por lhe ter virado costas em busca do sonho americano, mas acho que aqui reinou mais a vontade de managers e editoras, do que a da própria Natasha. Roll with Me, o seu novo álbum lançado há coisa de um mês, não é nenhum portento, mas merece uma escuta. Bem-vinda de volta e que a estadia seja prolongada, pois este livro ainda tem mais páginas por escrever.
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