Unbreakable
Christina Aguilera-"Fighter"
Stripped (2002)
Destemida. Camaleónica. Indestrutível. São adjectivos que caracterizam aquela que considero ser a melhor voz da minha geração e que nos últimos anos tem estado injustamente afastada do topo, relegada para segundo plano, esquecida nas sombras. É então chegada a altura de pôr os pontos nos is.
Nos meus tempos de infância, Christina Aguilera era sinónimo de poder, uma quase princesa da pop (como bem sabemos, Britney acabou por ficar com o título). Não só preenchia todos os requisitos que uma estrela pop deve ter como ainda tinha uma voz inigualável, assustadoramente potente para alguém tão jovem. O que se passou então para cair na desgraça? Vejamos:
Em 2002 assinou aquela que ainda hoje é a sua obra-prima, Stripped, e desde então carrega nos ombros o peso de igualar ou superar um disco que muitos afirmam ter saído demasiado cedo na sua carreira. A pop adolescente tinha ficado para trás e, com apenas 21 anos, Christina editava um álbum maduro, versátil e intenso. "Beautiful", "Fighter" ou "The Voice Within" colocaram-na num patamar de excelência. 4 anos mais tarde atirou-se magistralmente à soul e jazz dos anos 20, 30 e 40 e com Back to Basics manteve a popularidade e ganhou prestígio, distanciando-se da imagem atrevida e sexualizada que a caracterizava. O pior veio depois.
O tempo não perdoa e no panorama musical um intervalo de 4 anos representa assinaláveis mudanças de gostos e tendências, sendo propício ao esquecimento. Em 2010 Christina Aguilera editava Bionic, um álbum electropop, futurístico mas pouco coeso, que acabou por se tornar no maior fracasso da sua carreira. À época havia a pressão de combater o fenómeno Lady Gaga e Xtina não só perdeu pujança artística como perdeu uma oportunidade de ouro de captar novos ouvintes e de se aproximar novamente dos que a tinham esquecido.
Entretanto, muita coisa mudou na vida da cantora: enfrentou duras críticas na sua estreia cinematográfica, passou por um divórcio, fez parte do júri do The Voice e canalizou todas essas vivências na escrita e composição do novo álbum, Lotus, em que afirma ter renascido. Apenas há um pequeno senão: tudo permanece na mesma. Sem respeito nem glória, Christina Aguilera continua tão mal ou pior do que há 2 anos atrás.
Fico triste e sem saber muito bem o porquê disso. Para mim continua a ser a mesma Christina, artisticamente destemida e dona de uma voz soberba, mas parece que o resto do mundo não vê isso. Talvez seja eu que esteja a ficar demasiado velho, talvez seja a minha boa memória que me permite continuar a enaltecê-la. Não deixa de ser triste e completamente injusto.
Se é verdade que o The Voice ressuscitou a carreira da banda de Adam Levine, porque raio não há-de fazer o mesmo à de Xtina? Terá que pagar eternamente o facto de ter editado um álbum menos feliz e pelo seu presumível mau feitio? Não. Acredito que mais dia menos dia tudo voltará a ser como dantes.
Porque ela tem algo que poucas das suas colegas possuem. Quanto tiverem 40 ou 50 anos e a beleza as tiver abandonado, será difícil manterem-se à tona. Mas não para Christina. Ela terá aquele vozeirão e a capacidade e ambição para continuar a evoluir artisticamente. Quanto todas as outras definharem, ela ainda estará no topo, tal como uma estrela do calibre dela merece.
"Makes me that much stronger
makes me work a little bit harder
makes me that much wiser
so thanks for making me a fighter"
Verga mas não parte, cai para depois voltar a erguer-se. Pisem-na, critiquem-na, desprezam-na. Hoje na lama, amanhã uma lenda.
"Made me learn a little bit faster
made my skin a little bit thicker
makes me that much smarter
so thanks for making me a fighter"
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