Beyoncé no Super Bowl



Estava marcado para a noite de ontem o regresso de Beyoncé aos palcos. E que grande regresso foi, logo para uma audiência recorde de 114 milhões de espectadores, naquele que foi o evento televisivo mais visto de todos os tempos na América. O grandioso espectáculo de Beyoncé consistiu num revisitar de êxitos passados seus, tanto a solo como com as Destiny's Child.


A performance iniciou-se, em jeito de introdução, com versos de "Love on Top" do último álbum, sendo que a loucura seria instalada com "Crazy in Love", o seu inesquecível single de estreia que incendiou o estádio graças a um espectacular jogo de luzes, fogo e pirotecnia. É incrível como passados 10 anos do seu lançamento ainda se mantém tão apelativo e efusivo como no primeiro dia.

De seguida assiste-se a um novo regresso à épica era de 4, desta feita com "End of Time", aquele que é capaz de ser o seu single mais fabuloso a passar tão despercebido (rasou as tabelas e nem um vídeozinho teve). Entre coreografias intrincadas e efeitos visuais de encher o olho, Beyoncé volta ao seu álbum de estreia e recupera "Baby Boy", talvez a escolha mais inesperada do alinhamento. Sob uma parede high-tech-qualquer-coisa (perdoem-me, mas não sei o nome para tal engenhoca), assitimos à multiplicação da cantora e a eficazes ilusões de óptica que distorcem a percepção da realidade: quantas bailarinas são, de facto? Bem, lá para a 2ª ou 3ª visualização consegui perceber por fim.


Posto isto, segue-se a surpresa da actuação: eis que surgem Kelly Rowland e Michelle Williams, as suas companheiras das Destiny's Child, num reencontro há muito aguardado. Evocam-se memórias do passado ao som de excertos de "Bootylicious" e "Independent Women (Part 2)", daquela que foi a maior girlsband americana dos últimos anos. As três juntas ainda interpretam "Single Ladies (Put a Ring on It)", sendo que este facilmente passaria por um tema antigo da banda.


Após as suas companheiras de sempre abandonarem o palco, Beyoncé termina o tema acompanhada por um batalhão de dançarinas, sincronizadas na perfeição e a reproduzir os famosos passos de dança eternizados pelo seu fabuloso vídeo. A actuação começa a aproximar-se do fim mas ainda há espaço para o derradeiro segmento. Preparando-se para o que aí vem, Beyoncé pede a todos os presentes que erguem as suas mãos de modo a sentir a sua energia e, banhada por um foco de luzes celestiais, parte rumo à consagração ao som do belíssimo "Halo", cantado com uma comoção tal capaz de abalar os alicerces do estádio.

Chega assim ao fim a sua performance. É uma Beyoncé visivelmente feliz e comovida que olha a multidão interminável, com a sensação de dever cumprido. Mais do que ter calado as vozes de burro que a criticaram por ter feito playback na recente tomada de posse de Obama, Beyoncé foi autora de um dos melhores espectáculos do Super Bowl de que há memória. Poderosa, destemida e vulcânica, este foi o testemunho daquilo que a maior performer feminina da actualidade é capaz de fazer. Agora Beyoncé, venha de lá esse novo álbum.

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