Born to Be a Legend

Beyoncé feat. Jay-Z-"Crazy in Love"
Dangerously in Love (2003)
  


Falar de Beyoncé não é uma tarefa fácil. Talvez por isso ainda não o tenha feito antes aqui neste espaço. Afinal de contas, ela é a artista feminina suprema do séc. XXI. Não se pode compará-la nem com Britney Spears, Lady Gaga, Rihanna, Christina Aguilera e muitos outros fenómenos da pop, simplesmente porque está a anos luz de distância de todas elas. Pertence a outro campeonato.
 
É como se fosse um híbrido de mulher e deusa cujo propósito de existência consiste em deixar o mundo abismado com o seu talento. Para mim, falar dela é saber que estou perante alguém a meio caminho de se tornar uma lenda que vejo crescer a olhos vistos desde que me conheço. Curvo-me perante o seu génio artístico e tenho um respeito imenso perante tão grande talento e dedicação.
 
Primeiro nas Destiny's Child em 1997, o seu grupo de sempre, e depois a solo, desde 2003, Beyoncé sempre se destacou pelas suas capacidades vocais, de composição, produção, pelas coreografias revolucionárias e, acima de tudo, pela fortíssima presença artística de magnitude avassaladora. E em todos estes 16 anos de carreira é incrível como nunca teve um acidente de percurso: todos os passos que deu foram seguros e revelaram-se acertados, com a certeza de quem sabe que o caminho das lendas não é outro senão o que ela tem percorrido.
 
O que mais me impressiona em si é a maneira como consegue mostrar tantas facetas sem que estas se revelem forçadas ou despropositadas. Consegue ser apaixonada, sedutora, irada, despedaçada, humanitária, divertida, fogosa, destemida, depravada, poderosa, independente, enfim: ir de mulher a mulherão num abrir e fechar de olhos. Aquilo que para qualquer pessoa seria um claro indício de distúrbio de personalidade, para ela é apenas uma forma de ser e estar que demonstra toda a sua grandiosidade artística: Beyoncé é isto e muito, muito mais.
 
3 álbuns editados - Dangerously in Love, B'Day e I Am... Sasha Fierce - mostraram ao mundo o seu poder, mas é seguro dizer que foi com o último trabalho, o épico 4, que deixou bem claro, se dúvidas houvessem, que Beyoncé estava num campeonato completamente à parte. Adquiriu total controlo criativo, correu riscos admiráveis e criou aquele que é o melhor disco da sua carreira. A crítica venerou-o, o público desprezou-o de certa forma. Independentemente da receptividade, foi um tremendo esforço que algumas almas iluminadas e melómanos como eu de certo aplaudiram.
 
Mas se é de marcos que falamos, tenho que reservar um parágrafo para aquele que é o grande tema da sua carreira. Considerado por muitos a melhor canção da década passada, "Crazy in Love" é um autêntico monumento na cultura pop. A sua fusão de R&B, funk e hip hop ainda hoje faz virar cabeças e foi completamente revolucionário para a época. Nunca mais me esqueço da primeira vez que ví o vídeo e do impacto que aquilo teve em mim (a lambidela do polegar ainda hoje me deixa siderado). Foi o vídeo perfeito para o tema perfeito e para o arranque de uma carreira a solo estratosférica.
 
Um dos meus sonhos passa por ir vê-la em concerto, naquele que é o seu habitat natural, o palco. Mais do que ouvir os temas que cresceram comigo, interessa-me ver ao vivo e a cores toda aquela energia e entrega que ela emana. Enquanto tal não acontece, terei de me contentar em acompanhar a sua saga, rumo à imortalidade.
 
Não é todos os dias que se vê nascer uma lenda e eu sinto-me feliz por ter o privilégio de poder assistir com os meus próprios olhos a todo esse processo, desde o primeiro dia. E, o melhor de tudo, é que a sua caminhada ainda nem vai a meio. Não sei como serão os próximos 30 anos, mas sei que só para ver a sua evolução e consequente ascensão a lenda, já valerão a pena. Vale sempre quando a alma não é pequena, e a de Beyoncé vale por este mundo e o outro. Estamos juntos, Honey B.

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