REVIEW: Everything Everything- Arc
Lançado há quase um mês atrás, prometi a mim mesmo que esperaria o tempo que fosse preciso para ouvir Arc, o 2º álbum dos Everything Everything, fazendo a posterior análise aqui no blog. E assim foi. Demorou, mas finalmente estou em condições de narrar a experiência que tive ao ouvir o novo álbum deste quarteto de Manchester que apenas descobri há coisa de 4 meses atrás, mas que tanto fascínio me tem causado. Começemos então:
1) Cough Cough- É simplesmente um dos melhores temas que já ouvi na vida. Já aqui demonstrei a minha adoração por ele, considero-o perfeito a todos os níveis. Há aqui tantas ideias, tanta coisa a acontecer, uma mescla de sensações indescritíveis que me fazem aumentar a pulsação. Foi graças a ele que descobri a banda e que decidi ouvir este Arc. (10/10)
2) Kemosabe- O 2º single está logo ao virar da esquina e sinto a atmosfera aligeirar depois de um "Cough Cough" tão intenso. É liricamente extenso e intrincado e quase me perco na densidade dos seus versos. Mas a melodia convence-me e o refrão entranha-se no ouvido com uma facilidade impressionante. (8/10)
3) Torso Of The Week- Aquela que considero ser a canção mais obscura de Arc, não me convenceu logo à primeira. Noto algumas influências R&B, mas é a alarmante cadência da guitarra que me faz compreender a sua essência. E depois, lá está, o refrão deixa-me rendido. (8/10)
4) Duet- É o momento pop do álbum, direccionado às massas e ao estádios, algo que poderia muito bem pertencer aos Coldplay. O instrumental e a voz são de uma beleza feroz e o final é extremamente apoteótico. Apesar de gostar muito do tema, sinto que este não é o seu território. É um ligeiro desvio de caminho, um breve flirt com a pop. E não ambiciona ser mais do que tal. (9/10)
5) Choice Mountain- Os Everything Everything recuperam a rota do rock alternativo, com resultados bastante satisfatórios. "Choice Mountain" faz-se de um nervoso miúdinho que desemboca num refrão bastante melódico. Até agora ainda não falei da impressionante voz do vocalista, Jonathan Higgs, que aqui se destaca particularmente, embalando as palavras de forma terna e sentida. (8/10)
6) Feet for Hands- Esta também me é difícil engolir às primeiras audições. Aqui a voz do senhor não me encanta tanto, tal como a fúria da guitarra que em certos momentos me faz lembrar Muse. O refrão vem trazer alguma luminosidade e acaba por tornar o tema um pouco mais agradável. (7/10)
7) Undrowned- A fasquia volta a subir e as coisas ficam novamente intensas. Estava à espera de um momento destes desde "Cough Cough" e temia que não se desse. "Undrowned" é épica do primeiro ao último segundo, é polvilhada pela entoação muito própria do vocalista e não destoaria numa banda sonora para o apocalipse. (8/10)
8) _Arc_- Não há muito a dizer sobre este tema de minuto e meio. Serve de ponte ao que está para vir e acaba antes de se perceber bem em que é que consiste. Por esse mesmo motivo, não o avalio.
9) Armourland- Encontro de novo a estética R&B, do qual a banda assume ser fã e fonte de inspiração. É das mais aventureiras a nível sonoro, com leves pinceladas de electrónica à mistura e um refrão robótico. Tem também o seu quê de meloso, mas deixa-me francamente impressionado pela sua composição geral. (9/10)
10) The House Is Dust- É talvez a canção menos interessante de Arc, aquela que mais facilmente esqueço. O único pormenor digno de nota é o seu final completamente à la Chris Martin, mas que não chega para despertar o entusiasmo. Dito isto, não siginifica que não goste, apenas estou a ser exigente com os senhores. (7/10)
11) Radiant- É a minha 2ª favorita, logo a seguir de "Cough Cough". Tem a mesma chama desta, se bem que um pouco menos incendiária e com um travo mais pop. O vocalista brilha de novo com uma interpretação maior que a vida, doseando os versos com uma extrema sensibilidade e sentido melódico. (9/10)
12) The Peaks- Os Everything Everything voltam a colocar a fasquia bem lá no alto e o resultado é nada menos que um momento etéreo que me arrebata por completo. Toda a minha existência passa-me diante dos olhos como se esta fosse a última música que ouvisse antes do meu derradeiro sopro de vida. Cresce, cada vez mais intensa e terminada banhada de luz. Fabulosa. (9/10)
13) Don't Try- Chego ao último tema ainda um pouco atoordoado com a faixa anterior, mas rapidamente me componho e entro no ritmo apetecível deste "Don't Try", também ele com influências R&B. Logo à primeira audição ficou-me no ouvido e está também entre as minhas favoritas. É um excelente ponto final que me deixa a salivar por mais. (9/10)
Arc é um excelente trabalho de uma banda muito promissora. Não houve nenhum tema que estivesse abaixo do muito bom e estou francamente contente por ter ouvido o álbum. Há, no entanto, três coisas que tenho a apontar. Uma vez que fui atraído pelo avassalador "Cough Cough", uma autêntica epifania na minha vida, estava desejoso por descobrir se eles conseguiam superar ou repetir esse rasgo de genialidade ao longo do disco. Vim a constatar que não. Aproximaram-se, mas não conseguiram igualar tão estupendo momento, talvez demasiado preocupados em agradar às massas e aligeirar de certa forma a intensidade. Não obstante isso, constatei que os Everything Everything são de facto especiais. A voz do vocalista é algo de outro mundo, peculiar e capaz de espantosas metamorfoses dignas de assombro. E depois temos as letras. Intensas, complexas e, por vezes, confusas, mas únicas na sua singularidade: demoraria pelo menos uns 3 meses para as saber na ponta da língua.
Agora sim, posso dizer que gosto verdadeiramente dos Everything Everything e que apesar de 2013 ainda estar a gatinhar, aposto que Arc figurará na lista dos melhores álbuns do ano. De futuro espero que eles não tenham receio de abraçar a sua faceta épica e arrisquem mais, pois dos fracos não reza a história. Por agora, estão muito bem assim.
Classificação: 8,4/10
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