Odisseia Musical: 2003, A Origem - Parte I

Sempre gostei muito de música. É um facto. Desde pequeno que ela está presente na minha vida - primeiro como dançarino, aos 6 anos, e mais tarde como melómano - mas a determinada altura começei a senti-la de forma diferente. Corria o ano de 2003, tinha 11 anos e era uma criança destroçada.

Não preciso de avivar muito a memória para perceber o porquê. Na altura a minha carreira de dançarino havia terminado abruptamente e eu fiquei completamente desolado. Estava a começar a construir a minha personalidade e esse acontecimento teve bastantes implicações na sua construção. Durante anos esse assunto atormentou-me, ao ponto de preferir esquecer que essa fase da minha vida existiu, mas hoje em dia estou grato por ter acontecido. Se assim não fosse, não estava aqui agora a escrever este post e, mais importante ainda, não era a pessoa que sou hoje.

Foi então que o dançarino deu lugar a um curioso por música. Talvez pela intensidade dos horários que a vida de dançarino obrigava, não ligava muito ao que se passava no universo da MTV. Conhecia os nomes grandes da época, claro está, e os hits do momento, mas pouco mais sabia do que se passava no panorama musical. Curiosamente, essa minha nova etapa de vida coincidiu com o nascimento da MTV portuguesa, na altura ainda um marco de referência como educadora musical e ícone geracional. A música passava assim a ser a minha nova paixão.

Hoje percebo que inconscientemente esta foi a forma que encontrei para ultrapassar a dor que sentia, a trágica sensação de perda. Podia ter sido momentâneo, mas o certo é que acabou por ser o início de uma ligação que ainda hoje perdura. Refiro-me à música claro, porque o canal em si actualmente não merece um segundo que seja da minha atenção.

Talvez estivesse de férias e sem nada para fazer. Talvez tenha sido uma boa alternativa a uma vida dedicada a actos maléficos, potenciados pelo desgosto. Prefiro pensar que foi pela qualidade dos vídeos e das músicas que por lá passavam e que me fascinavam a cada nova visualização. Fosse como fosse, já não havia volta a dar: a música tinha-me conquistado.

Os temas que mais me marcaram

10º Sugababes-"Stronger", Angels With Dirty Faces

Para quem segue atentamente o blog, sabe certamente o impacto que as Sugababes tiveram na construção da minha identidade musical. À época elas não eram o típico grupo feminino e faziam-se valer por uma vincada personalidade artística. "Stronger" ainda hoje é um dos temas mais interessantes e bonitos que as três fizeram.


9º Evanescence- "Going Under", Fallen


Se tiverem aproximadamente a minha idade, aposto que o fenómeno que os Evanescence foram em 2003 também não vos passou ao lado. Foram o meu primeiro contacto com o rock e fizeram-me questionar a minha sanidade: até então só consumia pop e r&b. Apesar de ter um pavor de morte do vídeo, a música soava-me tão bem que me fazia chutar o medo para um canto.


8º Beyoncé feat. Sean Paul- "Baby Boy", Dangerously in Love


O meu despertar musical coincidiu com a estreia a solo de Beyoncé, que nos últimos 10 anos construiu uma carreira brilhante como poucos. "Baby Boy", o seu 2º single retirado do 1º álbum, ficou-me na memória pelas influências arábicas e pelo vídeo muito sensual. Mas o que me marcou mesmo a ferro e fogo foi a estupenda sequência de dança final: elevou tudo a um outro nível.


Os álbuns que mais me marcaram

4º Jennifer Lopez- This Is Me... Then


Antes que me crucifiquem pela escolha, passo a explicar rapidamente: este foi o primeiro álbum que comprei na vida. E o primeiro amor nunca se esquece, por muito mau que seja. E This Is Me... Then é, de facto, um álbum muito fraquinho. Lembro-me que estava indeciso entre este e Stripped de Christina Aguilera (ter-se-ia revelado muito melhor escolha), mas o meu fanatismo por J.Lo acabou por levar a melhor. O álbum é todo ele uma declaração de amor ao seu então namorado, Ben Affleck, e o que se ouve são slow-jams r&b a pender para o xarope. À excepção dos singles, pouco ou nada me faz recordar.
Este é o álbum de: "Jenny from the Block", "All I Have", "I'm Glad" e "Baby I Love U!"

NOTA: Os mais atentos terão reparado que tanto "Stronger" como This Is Me... Then datam de fins de 2002. Acontece que à época a música não chegava de imediato a todos os cantos do planeta, de modo que só deram entrada nas minhas memórias musicais uns meses mais tarde, já em 2003. Aparecerão outros casos semelhantes, à medida que formos avançando no tempo.

Fim da parte I. A odisseia musical relativa ao ano 2003 continua na próxima semana. Não percam o próximo capítulo.

Comentários

  1. Ahaha não me lembrava que tinha sido esse o primeiro álbum que compraste ahah Olha o meu nem sei se foi o primeiro cd da Jennifer Lopez, não sei se até foi um álbum das Sugababes ou da Hilary Duff! Estou a gostar deste tipo de post! ahah continua assim ;)

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  2. Até tive um pouco de vergonha de o incluir na contagem, mas pretendo ser completamente sincero ao longo desta Odisseia Musical, daí que não podia ignorar aquele que foi o meu primeiro álbum. Não sendo uma artista que soe fenomenal em disco, este é capaz de ser o pior da carreira dela.
    Ainda bem que estás a gostar, isto é apenas o início de uma grande viagem!
    Obrigado pelo comentário =D

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