REVIEW: Paramore- Paramore
Se o novo álbum de Justin Timberlake estava no topo da minha lista dos álbuns mais aguardados de 2013, é seguro dizer que o 4º álbum dos Paramore surge logo a seguir. Paramore chega 4 anos depois de Brand New Eyes, sendo que a banda é agora um trio, após a saída dos irmãos Farro, co-fundadores do grupo. Mais do que ansioso, estou receoso do que possa encontrar, ou não fossem eles um grande marco da minha adolescência. Vamos a isto:
1) Fast in My Car- O álbum inicia-se em modo velocidade furiosa: logo a abrir temos uma canção destemida, contagiante e divertida. O refrão é tipicamente Paramore mas nota-se ali um atrevimento que não existia antes. É um óptimo e convidativo tema de abertura. (8/10)
2) Now- O acelerador continua perigosamente veloz naquele que é o tema mais "hardcore" do álbum. Lançado como 1º single do disco, foi o tema perfeito para o regresso da banda: é urgente, pulsante e voraz. Mais do que uma clara afirmação de poder, é um bravo hino de 3 guerreiros que passaram inúmeras tormentas nos últimos tempos. (8/10)
3) Grow Up- Nem vamos mais longe - aqui está a primeira de umas quantas achas aos irmãos Farro - "Some of us have to grow up sometimes/ and so, if I have to I'm gonna leave you behind". Seria difícil ignorar o assunto mas pensava que o fariam de forma menos directa. Inicialmente torci-lhe o nariz, mas lá acabou por me conquistar. (8/10)
4) Daydreaming- Para além de guerreiros, os Paramore pautam-se também por serem sonhadores, razão pela qual a banda persiste após tantas adversidades. E é precisamente essa capacidade de sonhar que este tema aborda. É uma feel-good song para todos aqueles que não desistem de perseguir a felicidade. E ainda bem que os Paramore não desistiram de o fazer. (8/10)
5) Interlude: Moving On- Eis o primeiro de três interlúdios e o primeiro momento que me leva a erguer a sobrancelha: o instrumento principal é nada mais nada menos do que um ukulele (ou cavaquinho), algo que não poderia estar mais distante do universo musical da banda. "Well I could be angry/ but you're not worth the fight/ and besides I'm moving on": está visto para quem é. (8/10)
6) Ain't It Fun- Quem diria que os Paramore têm soul a correr-lhes nas veias?!! "Ain't It Fun" é a grande surpresa do disco: tem guitarras, xilofones e um coro gospel que o eleva a outra dimensão. Como se não bastasse, Hayley Williams ainda faz umas acrobacias vocais dignas de nota. Fico completamente espantado e rendido a tão fabuloso tema. (9/10)
7) Part II- É a continuação de "Let the Flames Begin" de Riot!, o 2º álbum da banda, e não deixa de ser curioso o facto de terem feito uma sequela (talvez para agradar aos fãs mais antigos). Faz-me lembrar "Decode" e o verso final traz-me à memória os 30 Seconds To Mars. Sim senhor, é uma sequela que honra a primogénita. (8/10)
8) Last Hope- Não sei se será só de mim, que me revejo inteiramente na letra, mas gosto muito desta canção. Acho que encontrei o meu novo hino motivacional: comove-me, inspira-me e dá-me alento para continuar a lutar pelos meus sonhos. Tem uma certa onda country e um crescendo emocional arrasador. É bonita, muito bonita. (9/10)
9) Still Into You- Estaria a mentir se dissesse que não fiquei chocado nas primeiras audições. E estaria a ser demasiado casmurro se não admitisse que já a tolero ao ponto em que a trauteio sem vergonha na cara. É um flirt borbulhante com a pop adolescente e não ambiciona ser mais do que tal: ok, não há mal nenhum nisso. Daí a ser lançado como single, não aprovo. (8/10)
10) Anklebiters- Sou transportado aos tempos de "Misery Business" e vem-me à memória a imagem de uma rapariga enérgica, de cabelo laranja e cheia de atitude por todos os poros. Podem já não ser a mesma banda de há 6 anos atrás mas não perderam a queda para hinos anti-opressores. É claro e conciso: abaixo os haters. (8/10)
11) Interlude: Holiday- É tempo de mais um interlúdio: desta feita Hayley pede um merecido descanso de todo o drama que viveu nos últimos anos. É descontraído e tem a duração de um abrir e fechar de olhos. (8/10)
12) Proof- As guitarras voltam a ocupar lugar de destaque num tema que recupera a intensidade de Brand New Eyes. A nível lírico não está muito distante de "Still Into You", mas consegue ser mais ambicioso a nível sonoro e, de certa forma, mais interessante. (8/10)
13) Hate to See Your Heart Break- Este tema está para o álbum como "The Only Exception" está para Brand New Eyes. Com a diferença de que não alcança a mesma fasquia emocional. É um tanto ou quanto meloso, mas a voz de Hayley encaixa de forma tão encantadora que não tenho outra alternativa se não sucumbir também aos seus encantos. (8/10)
14) (One of Those) Crazy Girls- É pura comédia do início ao fim: quase que gostava de ver isto transformado em single só para ver o vídeo hilariante que daqui sairia. Mas é melhor deixá-lo ao critério da minha imaginação, porque para susto já chega ver um "Still IntoYou" como single. Ponto positivo: as go-go vibes. (8/10)
15) Interlude: I'm Not Angry Anymore- É o fim da trilogia de interlúdios e das acusações dirigidas aos irmãos Farro. Do mal ao menos, parece que Hayley está diposta a dissipar o rancor e as amarguras ainda existentes. Isto é, depende do dia e da disposição... (8/10)
16) Be Alone- Parece-me que ao 15º tema seria uma boa oportunidade para dar por encerrado o álbum, mas acontece que os Paramore estão ligados à corrente, de modos que ainda faltam mais 2 pérolas. Chegado à penúltima faixa, encontro-os ainda bem despertos e mais atiradiços que nunca. Podia ter sido descartada mas isso pouco importa: é o 16º tema e o álbum continua a soar-me bem. (8/10)
17) Future- Para a despedida não poderia faltar a retrospectiva. Feitas as pazes com o passado, a banda está de olhos postos no futuro, pronta a seguir em frente. Escusados eram os quase 8 minutos de duração, ainda para mais quando mais de metade são compostos por dois monstruosos solos de guitarra (um bastava) intervalados por escassos segundos de um falso desfecho. (7/10)
Ufaa, cheguei ao fim. Mas que grande montanha russa esta! Ao longo de mais de 1 hora os Paramore esgrimiram argumentos de sobra e provaram que estão mais vivos do que nunca. Se passaram no teste? Claramente! Não era uma tarefa fácil, este complicado quarto álbum, tendo em conta a expectativa que rodeava Hayley, Jeremy e Taylor. Afinal de contas, estamos a falar de uma banda que perdeu dois dos seus elementos fundadores de forma pouco amigável, teve que lidar com a pressão vinda de todos os lados, aprender a coexistir enquanto trio e ainda teve que dar a volta por cima. Mas mais do que sobreviver, eles renasceram.
Esta nova vida poderá chocar os fãs mais puristas mas o certo é que este álbum é o testemunho destemido de uma banda que se recusou a chorar sobre leite derramado, preferindo arregaçar as mangas e lutar por um futuro comandado pelo sonho. O resultado está à vista e o novo álbum é todo ele uma colecção de temas audaciosos, versáteis e surpreendentes. O melhor de tudo: é divertido à brava, de uma ponta à outra.
Durante muito tempo temi pelo futuro dos Paramore, questionando-me se alguma vez mais voltariam a ser importantes para mim, como o foram na minha adolescência. Respiro agora de alívio por constatar que continuo a gostar bastante deles. Se a sua sonoridade mudou? Quase drasticamente. Se são os mesmos de há 4 anos atrás? Nem por sombras. Tentar repetir o passado seria um erro, por isso eles fizeram a coisa mais natural: evoluíram. Mesmo com ligeiras incoerências à mistura, é preciso aplaudir o tremendo esforço aqui colocado. Hayley, Jeremy e Taylor: a partir de agora ninguém vos pára.
Classificação: 8,0/10
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