Odisseia Musical: 2003, A Origem- Parte II
Para quem segue assiduamente este blog, já terá reparado que sou um adepto fervoroso de topes musicais. Não raras vezes opto por embrulhar as iniciativas que aqui faço em jeito de contagem decrescente. Porquê? Bem, em parte porque lhes dá toda uma outra emoção, mas no fundo a razão é outra: um jovem Gonçalo de 11 anos explica.
Ora bem, há 10 anos atrás um melómano tinha a vida complicada, isto é, comparativamente aos dias de hoje. Para mim a internet era um mundo desconhecido e só a utilizava para pseudo-trabalhos escolares. O youtube, esse, era uma miragem. Então o que podia fazer uma criança ávida por música para saciar a sua sede e cultivar o seu intelecto? Fazer da MTV a sua tutora e companhia favorita.
Primeiro começou com a visualização aleatória de vídeos musicais. Eram blocos de 4-5 vídeos seguidos de não mais de 1 minuto de intervalo. Simples e eficaz. Até que vieram os topes musicais: a receita era a mesma, mas assistia-se a um desfile apoteótico dos melhores hits da época. Lembro-me perfeitamente do primeiro que acompanhei: o European Top 20, aos Sábados à tarde. Foi com ele que começei a ter uma percepção da hierarquia do panorama musical e foi também graças a ele que descobri artistas até então desconhecidos.
Durante uns tempos dedicava-me apenas àquele top, ao Sábado, mas cedo percebi que não me chegava para matar a fome. Foi então que começei a devorar toda e qualquer contagem musical que me aparecia pela frente: era à terça com o UK R&B Chart, à quarta com a HLP (Hit List Portugal), à quinta com o US Top 20 e à sexta abanava o capacete com o Dancefloor Chart. Como podem ver, desde cedo fui cultivando o meu ecletismo.
O mais impressionante nisto tudo é que nunca me fartava desta rotina. De facto tinha muito tempo livre e deveria assistir vezes repetidas às mesmas canções em diferentes tabelas, mas não poderia ser de outro modo: era a única maneira que tinha de estar em contacto com a cultura musical que tanto apreciava. Portanto, se apaixonado por música já eu era, pode-se dizer que foi graças a este hábito que cultivei a minha sabedoria musical em tão precoce idade.
É engraçado lembrar-me desses tempos. Não havia a internet para ditar modas nem dizer bem ou mal daquele artista. Cabia-me apenas a mim decidir se gostava ou não, por muito errado que fosse. Era bastante ingénuo, mas acima de tudo era feliz. E não sabia que o era. Bons tempos...
Os temas que mais me marcaram
7º Christina Aguilera- "Fighter", Stripped
Em 2003 Xtina já tinha abandonado a pop adolescente e afirmava-se como uma das grandes artistas da nova geração. Stripped, o seu 2º álbum, ainda hoje é o melhor trabalho por ela editado e este "Fighter" marcou-me pela autêntica lição de vida que é a letra e pelo elaborado vídeo. É uma pena que 10 anos volvidos ela esteja caída em desgraça.
6º Avril Lavigne- "I'm With You", Let Go
Há 10 anos atrás Avril era uma adolescente rebelde de 18 anos e juntamente com Pink era vista como uma alternativa à pop bonitinha da época. Não sendo propriamente um admirador, foi com esta balada do seu álbum de estreia que a começei a achar interessante. Lembro-me também que esta foi a primeira música que me levou a decorar uma letra de trás para a frente.
5º Justin Timberlake- "Rock Your Body", Justified
Ainda há pouco tempo JT foi alvo de uma merecida homenagem aqui no blog, de modo que pouco ou nada tenho a acrescentar ao que foi dito. Funky, colorido e repleto de coreografia, "Rock Your Body" é tudo aquilo que um rapaz de 11 anos pode gostar. Se bem que na altura ainda não o idolatrava: a compreensão do génio chegou mais tarde.
4º Christina Aguilera- "Beautiful", Stripped
Por mais cliché que seja, é impossível negar o impacto que este tema teve para quem cresceu ao ouvi-lo. É "o" tema que define a carreira de Christina Aguilera e tem um dos vídeos mais icónicos de todos os tempos. Na altura chocava-me, mas percebi de imediato a mensagem e acredito que fez de mim uma pessoa melhor.
Os álbuns que mais me marcaram
3º Beyoncé- Dangerously in Love
O álbum que marcou o início da brilhante carreira a solo de Miss Knowles foi uma estreia que me deixou algo confuso. À semelhança do que aconteceu com J.Lo em This Is Me... Then, também Beyoncé proclama neste Dangerously in Love (o nome não é só fogo de vista) toda a sua paixão pelo então respectivo namorado, Jay-Z. Amar demasiado não será um problema. O pior é quando essa paixão tolda o faro artístico: e a estreia de Beyoncé peca por ser demasiado melosa e muito unidimensional. Mas atenção: o talento esteve sempre lá e a força suprema dos singles era suficiente para deixar antever que isto era apenas o início de uma fabulosa carreira.
Este é o álbum de: "Crazy in Love", "Baby Boy", "Me, Myself and I" e "Naughty Girl"
Fim da parte II. A odisseia musical relativa ao ano 2003 é concluída na próxima semana. Fiquem desse lado e acompanhem-me nesta viagem.
Eia lembro me bem dessa tua fase de ver o European Top 20 aos sábados! Opa que memórias lool. Tinhas uma rotina bacana ahaha ao menos dava para abanar o capacete! ahah
ResponderEliminar"I'm with you" da Avril, faz-me lembrar uma boa fase da adolescência lol acho que me sentia compreendida com as músicas dela lol, ou pelo menos não me sentia sozinha!
Já agora sempre que oiço o primeiro cd da Avril faz-me lembrar as viagens de regresso a casa quando vinha da Arega. Boas memórias também. Obrigada Gonçalo por este post!