Lorde, uma voz para a nova geração

 
Luxo, ostentação, fama, riqueza, cinismo. Nada disto entra no dicionário de Ella Yelich-O'Connor, mais conhecida por Lorde, prodígio de apenas 16 anos oriundo da Nova-Zelândia que está a mudar o panorama musical. E a tornar-se na voz de uma nova geração que há muito deixou de se rever na pop culture que a MTV propaga.
 
Foi há pouco mais de 3 meses que a apresentei no espaço dos Magníficos, mas o que está a acontecer com esta rapariga é demasiado importante para ser ignorado. E, parece-me a mim, merece uma análise mais pormenorizada.
 
É a verdade desarmante espelhada nas suas letras, cruas, sem falsas modéstias e mundanas, que a distinguem dos demais. Como os versos de "Royals", à qual não faltam críticas ao mundo opulento e inacessível das estrelas pop, voando alto com asas de papel:
 
But every song's like gold teeth, grey goose, trippin' in the bathroom
Blood stains, ball gowns, trashin' the hotel room,
We don't care, we're driving Cadillacs in our dreams.
But everybody's like Cristal, Maybach, diamonds on your time piece.
Jet planes, islands, tigers on a gold leash.
We don't care, we aren't caught up in your love affair.
 
And we'll never be royals (royals).
It don't run in our blood,
That kind of lux just ain't for us.
We crave a different kind of buzz.
Let me be your ruler (ruler),
You can call me queen Bee
And baby I'll rule, I'll rule, I'll rule, I'll rule.
Let me live that fantasy.
 

 
Lorde afasta todo e qualquer estereótipo comum para alguém da sua idade e condição. Não encaixa no perfil de estrela pop e está longe de ser uma promessa indie. Não há que catalogá-la. Chamem-lhe chillwave, pop alternativa, indietronica, hip hop e coisas que tais. Nada parece encaixar. Não se deve, sobretudo, compará-la. Lana Del Rey, Marina and the Diamonds ou Charli XCX. Cada uma no seu campeonato. Cada uma com o seu dom.
 
Uma coisa é certa: Lorde tem consciência de quem é e para onde vai. "Tennis Court" desafia quem pense o contrário:
 
Don't you think that it's boring how people talk
Making smart with their words again, well I'm bored
Because I'm doing this for the thrill of it, killin' it
Never not chasing a million things I want
And I am only as young as the minute is full of it
Getting pumped up from the little bright things I bought
But I know they'll never own me
(Yeah)

Baby be the class clown
I'll be the beauty queen in tears
It's a new art form showing people how little we care (yeah)
We're so happy, even when we're smilin' out of fear
Let's go down to the tennis court, and talk it up like yeah (yeah)
 


Primeiro foi o sucesso repentino e inesperado na sua terra natal. Depois alastrou-se para a vizinha Austrália. Agora está a conseguir entrar no difícil mercado americano ("Royals" já chegou ao 12º lugar na Hot 100). E só falta a Europa render-se também ao seu talento.
 
Qualquer um pode identificar-se com ela, nem que seja pelo que virá a representar. Por agora é a sede de mudança, a honestidade dos seus temas e uma autenticidade rara que a tornam num curioso estudo de caso. Mas pode ser a pedra no sapato de Lady Gaga e Katy Perry. Pode abafar o regresso de Britney Spears. Pode vir a conquistar o seu próprio trono e tem toda uma geração pronta para segui-la. Afinal de contas, a sua fantasia poderá muito em breve tornar-se real.
 
Queen Lorde, agarra o mundo.

Comentários

Mensagens populares