Odisseia Musical: 2007, Ventos de Mudança- Parte I

2007 foi um ano de grandes transformações, resultantes da revolução iniciada no ano anterior e que redefiniu as regras da pop, se bem que foram, na sua maioria, minimamente perceptíveis. Na altura não o percebi, mas hoje compreendo que de facto estávamos a encaminhar-nos para um novo paradigma.

A novidade prendia-se com uma ténue inclusão da electrónica em géneros musicais tidos como comerciais: se em 2006 a pioneira foi a pop, em 2007 essa tendência acentuou-se e verteu para outros estilos - R&B e hip hop, sobretudo. A moda propagar-se-ia aos outros géneros nos anos seguintes.

Mas, como disse, a mudança foi demasiado subtil para ser notada. Em parte porque ainda havia uma grande variedade de estilos a comandar as tabelas: o rock ainda estava vivo e recomendava-se, e  havia uma boa porção de hits R&B e hip hop, à boa moda antiga e com qualidade, em nada semelhante ao que actualmente se ouve. E existiam também muitas bandas. Grandes, pequenas, masculinas, femininas, para todos os gostos e feitios.

A nível pessoal também foi repleto de mudanças. Tinha então 15 anos e estava a lidar com as implicações da entrada no Secundário. A escola era a mesma, mas tudo o resto era diferente: as pessoas, as exigências, os desafios, os tumultos da adolescência, enfim... Não foi um ano muito pacífico. Tive dificuldades de adaptação e olhei demasiado para trás quando havia apenas uma estrada que seguia em frente.

Uma vez mais, a música foi o meu escape. Nunca me sentia verdadeiramente eu, feliz e completo, se não a tivesse por perto, se não estivesse em contacto com ela. E é engraçado pensar que, sabendo tão pouco acerca de mim, confuso e errático como estava, sabia já tanto sobre música e do poder que exercia em mim. Nessa via, pelo menos, o caminho sempre foi a direito.

Os temas que mais me marcaram

13º Beyoncé feat. Shakira- "Beautiful Liar", B'Day Deluxe Edition

É rara a ocasião em que duas grandes artistas unem forças num tema conjunto, a menos que seja para a caridade. Aqui não foi o caso. Foi sim um acaso feliz do destino, aquele que juntou Beyoncé e Shakira na mesma canção. "Beautiful Liar" foi um melting pot de estilos: R&B, pop latina e influências do médio oriente, envoltos de muito girl power. Inesperado, mas completamente inesquecível.



12º Kelly Clarkson- "Never Again", My December

No período pós-ressaca de Breakaway, Kelly Clarkson tinha muito para extravasar. Insatisfeita com o rumo que a sua carreia havia tomado, o resultado foi um disco negro de dor e mais obscuro em termos líricos e sonoros. "Never Again" é o seu single mais pesado, irado e visceral. Kelly estava zangada, atormentada. E eu também. Daí que o timing deste tema na minha vida tenha sido perfeito.



11º Gwen Stefani feat. Akon- "The Sweet Escape", The Sweet Escape

Sempre gostei dos vídeos hiper-criativos de Gwen Stefani, e este, então, presta uma enorme atenção aos detalhes - tudo é banhado a ouro. "The Sweet Escape" é o único momento verdadeiramente memorável da sua 2ª aventura a solo e ficou imortalizado pelos seus inúmeros "wee-ooh", da curta mas incisiva participação de Akon.



11º Linkin Park- "What I've Done", Minutes to Midnight

Nunca fui fã dos LP, nem do tempo do nu-metal nem da camada comercial de que agora se cobrem. O meio-termo, entre o passado e o presente, esteve algures no seu 3º disco - Minutes to Midnight - e teve o seu expoente máximo neste "What I've Done", rock épico e apocalíptico sustentado por um prodigioso vídeo que combinou imagens da força humana destruidora com a beleza feroz da vida selvagem.



Os álbuns que mais me marcaram

4º Paramore- Riot!

Foi com a frescura e rebeldia dos 15 anos que descobri os Paramore, por altura da edição do seu 2º álbum. Riot! foi uma grande companhia dos meus tempos de adolescência, a banda-sonora ideal para quem, como eu, precisava de música mais tumultuosa e ruídosa do que aquela que encontrava na MTV. O disco é um breve mas intenso flirt com hinos pop punk e emo, com as guitarras inconfundíveis dos irmãos Farro e a voz de uma prodigiosa Hayley Williams, então com 18 anos, a indicarem um caminho muito auspicioso. O certo é que até hoje, nada se compara ao dia em que os Paramore e este disco entraram na minha vida.
Este é o álbum de: "Misery Business", "Hallelujah", "Crushcrushcrush" e "That's What You Get"

Fim da parte I. O 2º capítulo da Odisseia Musical referente ao ano de 2007 chega nos próximos dias.

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