Dream Girl- A Beytrospective, Parte V

As canções

7º "Listen", Dreamgirls & B' Day (2006)

Eu não tinha a real noção do potencial vocal de Beyoncé até a ter ouvido cantar este tema, criado a propósito do filme Dreamgirls - o expoente máximo de Honey B na sétima arte - onde deu vida a Deena Jones, personagem emocionalmente abusada pelo marido que nunca soube reconhecer o seu devido valor enquanto esposa e mulher. "Listen" não é mais do que o grito de afirmação e emancipação de Deena no filme e, provavelmente, tem a performance vocal mais excepcional de toda a sua carreira - emotiva, devastadora e dantesca.



6º "Déjà Vu", B' Day (2006)

Houve um salto evolutivo tremendo do seu primeiro para o segundo álbum: as canções adquiriram formas mais esculpidas e passaram a incorporar uma série de influências rítmicas, a voz cresceu absurdamente, e a própria Beyoncé tornou-se num mulherão incrível. A meu ver "Déjà Vu", o inesquecível 1º single de B' Day, continua a ser a pièce de résistance do álbum, um festim intrumental em plena savana que expôs pela primeira vez o registo vocal mais incendiário de Beyoncé. O vídeo, porém, chegou a ser alvo de uma petição por parte dos fãs que criticavam a sua incoerência temática e as conotações sexuais entre ela e Jay-Z. Para mim, só aquela sequência final de dança selvagem valeu pela vida.



5º "End of Time", 4 (2011)

Sou da opinião que se este tema tivesse sido lançado logo após "Run the World (Girls)", a trajectória comercial de 4 teria sido bem diferente. Acabou por ficar para o 5º e último single desta maravilhosa era que teve aqui um dos seus momentos mais brilhantes - uma enérgica fusão de funk, dance e R&B com elementos de afrobeat à mistura que não desfiguraria de todo no Sambódromo do Rio de Janeiro, tamanha é a euforia que irradia. Se no disco é magistral, então ao vivo, como bem comprova o vídeo, é como uma janela aberta para o paraíso. Say you'll never let me go, s-s-say you'll never let me go!



Os álbuns

Beyoncé (2013)


Não é por acaso que o meu top seguiu a ordem cronológica dos seus lançamentos discográficos. É porque, de facto, ela transcende-se de álbum para álbum e cada novo trabalho me soa melhor, mais aventureiro e épico que o anterior. A este seu 5º disco homónimo então, convém chamar-lhe o pináculo da perfeição: é a total emancipação e libertação de Beyoncé enquanto mulher e artista.

Parafraseando-me a propósito da apreciação que fiz acerca do disco:  uma artista na plenitude das suas faculdades artísticas e completamente livre que aqui se ouve. Livre de receios. Livre de preconceitos. Livre do hype. Livre e com muito para dizer. E é ouvi-la cantar acerca de amor terno, sexo selvagem, discriminação de géneros, depressão pós-parto, problemas matrimoniais, morte, bulimia e outras temáticas tais, sempre na 1º pessoa, sempre de forma crítica e honesta. E depois há também que destacar a paleta sonora de que se reveste - pop, funk, neo soul, electrónica, trap, R&B e hip hop - fruto de uma visão artística nunca antes tão aguçada e estimulada como agora e do trabalho dos fabulosos produtores que com ela colaboraram (Timbaland, Pharrell Williams, Justin Timberlake, Ryan Tedder, Boots, Jerome Harmon, Hit-Boy, entre outros). Por fim, os vídeos, de uma cinematografia e sensibilidade incríveis que muito contribuíram para a total imersão e compreensão desta experiência que ganha uma outra dimensão graças ao factor visual". 

14 temas. 17 vídeos. Uma obra que veio mudar as regras do jogo e que recupera o conceito de álbum enquanto acontecimento capaz de mobilizar, inspirar e marcar gerações. Em suma: um dos discos mais excepcionais que já ouvi em toda a minha vida, vindo da parte daquela que é a maior artista feminina do séc. XXI.

Fim da parte V. A Beytrospective chega ao fim já na próxima semana: descubram de que forma ordenei aquelas que entendo ser as 4 melhores canções da sua carreira e que conclusões se podem retirar desta incursão pelo seu percurso. Não percam!

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