The Voice Portugal- Provas Cegas: 1º Programa

Decorrida que está a 1ª emissão do The Voice Portugal, é tempo de me pronunciar acerca dos acontecimentos que marcaram o programa inaugural. Começo pelas actuações que mais me cativaram:

Miguel Monteiro, 24 anos- "Georgia on My Mind"

Trouxe-me à memória um concorrente da edição passada (deixemo-lo estar no anonimato) que tinha uma história idêntica e um aspecto semelhante, de modo que pensei "se calhar vou ali apanhar ar", com cara de quem se rende a um tédio inevitável. E quando vi que se ia lançar a "Georgia on My Mind", também não fez grande coisa pelo meu estado. Mal sabia eu o que aí vinha. Adorei do primeiro ao último segundo: o timbre, a segurança da voz e o facto de lhe ter conferido uma aura meio pop meio soul não muito distante de um James Morrison. Veio-lhe de dentro, caramba. E soube muito bem ouvi-lo.


Renata Gonçalves, 16 anos- "Purple Rain"

Estive o tempo todo à espera que aparecesse alguém que me deixasse de cara à banda e foi preciso esperar até à derradeira actuação para que tal acontecesse. Foi outra tal que me saiu melhor que a encomenda: pensava eu que ia ouvir uma voz angelical - deixei-me levar pelo seu ar de Birdy, foi o que foi - e depois assisto a uma versão vulcânica de "Purple Rain". Bolas, mas o que é se passa com esta malta de 16 anos?! Comem espinafres ao pequeno-almoço, só pode. Estupefacção à parte, foi ligeiramente histriónica e ainda tem umas quantas arestas a ser limadas - mas é para isso que ela lá está. Agora, pobre daquele que for o seu adversário nas Batalhas...



Iolanda Costa, 19 anos- "Who You Are"

O meu coração não aguenta tanta tormenta. E chora de dor cada vez que a vê ir-se embora. Foi assim no Ídolos 5, no Factor X e agora aqui - não haverá fim à vista para esta tragédia grega? Os mentores não só estavam cegos como surdos também, só assim se explica o facto de ficarem indiferentes a uma voz tão única e tão cheia de alma. Quer dizer, se um concorrente imita não mostra o seu valor, mas se personaliza a canção, como ela o fez, também não está "preparada". Fico incrédulo com uma situação destas, ainda para mais porque passaram, pelo menos que eu contasse, 3 raparigas muito abaixo disto. Oh Iolanda, um dia abro uma editora e faço de ti a artista que nasceste para ser #socallmemaybe. És nova, tens a vida inteira pela frente e vais acabar por conseguir. Não desistas, por favor.


Anouska Romão, 27 anos- "I Have Nothing"

Há muito que esperava por alguém que chegasse a uma audição e cantasse uma baladona colossal de Miss Whitney Houston, de preferência esta, que considero excepcional. Tive sérias dúvidas de que esta jovem conseguisse fazer-lhe justiça, mas salvo alguns deslizes cometidos devido à tensão que o momento gera, acho que fez um excelente trabalho. Muito crédito tem que lhe ser dado por ter conseguido levá-la a bom porto até ao fim, ainda para mais porque as cadeiras só se viraram nos últimos instantes. Bravo, Dona Anouska!


Gabriela Pina, 29 anos- "Highway to Hell"

Quem canta AC/DC, regra geral, sabe ao que vai - é para arrasar, concerteza. Não estou plenamente convicto de que esta rapariga seja uma original rock chic - pelo menos atitude não lhe falta - pois acho que tem ali uma voz demasiado trabalhada para dar às canções desta estirpe a toada inflamada que se lhes pede. Ainda assim, tem veia de performer e "cabedal" para protagonizar grandiosos momentos por esse programa fora. 



Nota de destaque ainda para o Alexandre Casimiro, que trouxe ao palco "Roadhouse Blues" dos Doors, tendo-me surpreendido pela positiva; o Pedro Garcia, que esteve muito bem na versão Pixielottada de "Use Somebody" e para a Nádia Marques (a rapariga do vodu), magnífica intérprete com uma voz muito interessante que estou desejoso para ver em acção na próxima fase. Por outro lado, franzi o sobrolho às irmãs bemzocas (se bem que a da harpa me pareceu mais convincente) e à rapariga que cantou "Ho Hey", talvez porque não engraço nada com a canção. No entanto, gostei quando cantou o original. Ainda é cedo para afectos extremos e animosidades atrozes. Mas havemos de lá chegar.

Quanto ao programa em si, não foi um triunfo autêntico, mas forneceu bons indicadores quanto ao futuro. Gostei muito da introdução, com a apresentação dos mentores em jeito de concerto e com uma explicação sucinta e eficiente da mecânica do programa (aprendam senhores do Factor X). Que mais? Adorei a química entre os mentores, bem como os argumentos apresentados para convencer os concorrentes a pertencer à sua equipa, e nesse campo confesso que fiquei surpreso com o Anselmo e o Mickael, que à primeira vista pareciam nomes disparatados para o concurso. Mas, hey, se até já aceito o facto da Xo Dona Suzy ir à Eurovisão, porque não hei-de tolerar a presença destes dois? Quanto à Marisa e ao Rui, nem se fala, são de categoria gourmet. No meio disto tudo quase nem dei pelos apresentadores, cujo papel se limita a gerir as emoções. E digamos que aí bastava a Catarina Furtado (trocassem-na pela Sílvia Alberto e era um mimo) já que Vasco Palmeirim parece não encaixar tão bem neste registo mais sério. Por último, a banda ao vivo (um pouco escondida demais, convenhamos) é sempre uma mais valia e transformam as Provas Cegas em mini-concertos. 

E são estas as primeiras impressões. Sabe bem estar de volta neste registo expositivo-argumentativo e para comentar um formato diferente, fazendo-o também de forma mais evoluída daquela que fiz na edição inaugural. E, já sabem, não pretendo deixar nada por dizer, doa a quem doer. Assim será nas próximas 17 semanas - a verdade e nada menos do que a verdade.

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Comentários

  1. Oi! Não sou muito fã deste programas, mas estava curiosa para ver este não sei bem porquê. Vi e adorei. Realmente a Iolanda meteu imensa pena e eu só acho que alguns não tocaram no botão vermelho por parvoíce (tipo o Mickael!). Tive pena que alguns não tenham conseguido e fiquei na dúvida quanto a alguns, mas vamos lá ver!

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  2. Muito bem, dona Sá a ver talent-shows :) Desconfio que gostas deste porque é o mais justo que há por aí. O único critério da escolha baseia-se na voz e não na imagem, carisma ou simpatia. Excepção feita ao caso da Iolanda, em que os 4 mentores não estavam claramente na plenitude das suas faculdades. Espero que continues a acompanhar o programa e a comentar de vez em quando! Beijinho bom e obrigado =D

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  3. Faço minhas as tuas palavras acerca da Iolanda. Ainda hoje não consigo perceber como ela não passou. Espero que ainda venhas a ter uma carreira na música. Força Iolanda!!!

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