2017, Um Balanço Sónico- Os Vídeos


Numa era em que cada vez mais a imagem é indissociável da música, o videoclip ganha uma dimensão primordial - e quem não o compreende está fora do sistema solar.

Taylor Swift teve o evento pop do ano com "Look What You Made Me Do". Nenhum outro vídeo foi alvo de tanto escrutínio ou capaz de mobilizar em peso a world wide web como este. Apoiada na visão do habitual cúmplice Jake Nava, Swift cessou a torrente de calúnias e concepções erguidas a seu respeito, ao mesmo tempo que anunciou de forma sonora ao mundo a morte da sua antiga versão. É o "Thriller", "Vogue", "Toxic" ou "Bad Romance" de 2017 - por outras palavras, o zénite audiovisual da maior estrela pop do planeta. 

Dave Meyers, por outro lado, ganha o título de realizador do ano. Ele que deu a "Humble" de Kendrick Lamar um veículo de comentário social que expressão a sua visão anti-conformista do mundo, a "Havana" de Camila Cabello um enredo de humor, dança e esperança e a "Love so Soft" uma ilustração majestosa por fim à altura das tremendas capacidades de Kelly Clarkson.

Dua Lipa veio instituir com "New Rules" as novas leis da desvinculação amorosa numa das melhores dramatizações no feminino de 2017 e Charli XCX colocou em "Boys" uma série de moçoilos em cenários cliché que proporcionaram a maior enxurrada de GIFs dos últimos doze meses. Os Paramore devolveram-nos à MTV dos anos 80 na melhor recontextualização de "Take On Me" em "Hard Times", enquanto Fergie alcançou com "A Little Work" o expoente máximo da odisseia visual que desenhou para Double Dutchess.  

É também um ponto inegável que Tinashe tem em "Company" a melhor demonstração coreográfica do ano - e porventura do seu percurso - e que tanto Björk como Grimes seguem numa liga à parte, na vanguarda da tecnologia e da estética futurista em "Venus Fly" e "The Gate", respectivamente. Já "Agnes" dos Glass Animals deixou-nos em cacos, "Power" das Little Mix provou que o mundo é mesmo das mulheres e "9 (After Coachella)" do tímido Cashmere Cat arrancou-nos compaixão, gargalhadas, esgares de incompreensão e suores frios.

Lorde levou-nos na sua busca desenfreada pela libertação em "Green Light", Pink deu-nos o melhor musical vintage da temporada com "Beautiful Trauma", St. Vincent não poupou na crítica aos ditames da beleza em "Los Ageless", BANKS esteve à altura do melhor thriller hitchcockiano com "Trainwreck", os Alt-J produziram com "Pleader" a melhor curta cinematográfica do ano e "DNA", novamente de K-Dot, assombrou pela voracidade de quem tenta afirmar a sua identidade numa pátria contaminada pelo ódio.

As vinte escolhas essenciais do ano tocam de seguida:

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