2018, Um Balanço Sónico- As Figuras


Os protagonistas do ano que passou, antes de virarmos definitivamente a página:

Drake


Depois de um 2017 mais sereno, este ano Drake agigantou-se um bocadinho mais, se é que tal ainda era possível. 2018 ainda nem tinha começado propriamente e já era seu quando "God's Plan" se tornou no primeiro êxito massivo do ano, propagado pelo seu vídeo benemérito no qual o rapper distribuía o milhão de dólares de orçamento pela população de Miami. "Nice for What", um raro momento de apreciação de empoderamento feminino da sua parte, soube prolongar o estado de graça e conduziu-o imparável até à edição de Scorpion, o seu quinto álbum de estúdio de formato duplo, organizado pelas suites hip hop e R&B. O disco não tardou a revelar mais um hit esmagador, "In My Feelings", possivelmente o maior êxito da estação estival e responsável pelo dance challenge mais popular do ano. Os singles concederam-lhe uma residência nunca antes vista de 29 semanas em nº1 na Billboard Hot 100 e foram apenas a obra mais mediática de um ano estupendo que incluiu também participações em temas de BlocBoy JB ("Look Alive"), Migos ("Walk It Talk It"), Travis Scott ("Sicko Mode") ou Bad Bunny ("Mia"). Indisputável rei do streaming e cada vez mais senhor das tabelas de singles, pouco resta a Drake senão continuar a expandir o seu império. 


Cardi B


Se "Bodak Yellow" passava por um feliz acaso do destino, 2018 tratou de provar que havia mais para explorar na infinita persona de Cardi B. O ano ainda mal tinha amanhecido e já a ouvíamos na remistura de "Finesse" ao lado de Bruno Mars. Seria a primeira de uma série de colaborações bem-sucedidas a que emprestou o seu nome: Rita Ora convocou-a para "Girls"; J.Lo construiu "Dinero" em seu torno; "Girls Like You" devolveu os Maroon 5 a altos índices de popularidade; e DJ Snake guardou-lhe um lugar de destaque em "Taki Taki". A aclamada estreia, Invasion of Privacy, apanhou todos de surpresa pela frescura, agilidade e magnetismo com que se entregava a um território que há (demasiado) tempo era comandado no feminino por Nicki Minaj: "Be Careful", "I Like It", "Ring" e "Money" ajudam a escrever não só a história do hip hop como da cultura pop em 2018. O mais impressionante de tudo será talvez o facto de Cardi ter atravessado uma gestação inteira e a experiência da maternidade enquanto lidava com a ascensão ao topo do mundo, o que dá direito a uma medalha de mérito e ao rótulo de case study de uma assentada só. #takingnotes #whenwillurfaves


Post Malone


À distância, pode até parecer que Post Malone teve um 2017 melhor que o ano que findou: "Congratulations", "Rockstar", "Candy Paint" e "I Fall Apart" disputavam os lugares cimeiros das tabelas de singles com os grandes do mainstream, enquanto Stoney rentabilizava o sucesso do seu autor. Mas olhemos para o que Posty alcançou em 2018: temas como "Psycho", "Better Now" e "Sunflower" consolidaram o seu estatuto de artista de massas; Beerbongs & Bentleys tornou-se num caso sério de sucesso nas plataformas de streaming, atingindo o número 1 em mais de uma dezena de países; e até a Recording Academy reconheceu o seu impacto ao nomeá-lo em cinco categorias da edição de 2019 dos Grammys, incluindo Álbum e Gravação do Ano. Unindo como poucos as pontas do universo do R&B, pop e hip hop, Post Malone assume-se então como nome ubíquo e indispensável para compreendermos a configuração do panorama actual.


Ariana Grande


Depois dos acontecimentos de Manchester em Maio de 2017, havia a expectativa de perceber de que forma estes moldariam o trajecto de Ariana. Após um breve mas sentido silêncio, "No Tears Left to Cry" retirava-a da obscuridão: um compelativo objecto dance pop de batida garage sobre regenerar e dar a volta por cima. "God Is a Woman", híbrido pop-trap a entrelaçar os conceitos de feminilidade e espiritualidade, manteve-a no bom caminho até à chegada de Sweetener, que confirmou as melhores expectativas: face a um episódio turbulento na sua vida, Ariana respondia com amor, positivismo e esperança, entregando-nos o seu trabalho mais maduro, arrojado e aclamado. Mas o melhor estava para vir. Inspirada por mais um revés no capítulo amoroso, voltou ao estúdio para novas sessões de gravação das quais resultam "Thank U, Next", não só a canção que lhe deu o seu primeiro nº1 nos EUA como a que a coloca num patamar de consensualidade nunca antes experimentado. E, de forma inédita, cruza eras discográficas ao continuar a promoção a Sweetener com "Breathin", o primeiro bop alguma vez feito sobre saúde mental. Muitas figas para que em 2019 este clima auspicioso se traduza em novas e maiores conquistas.


Khalid


Após um ano de estreia incrível, o virtuoso Khalid teve um 2018 não menos digno de nota, muito por culpa das ligações que foi estabelecendo com os seus pares. "Love Lies", o contributo inaugural para a colheita do ano, foi o mais memorável - desde logo um dos temas R&B mais celebrados do ano e que deu a Normani uma sólida plataforma de lançamento a solo. Seguiram-se "Lovely", para a banda-sonora da segunda temporada de 13 Reasons Why, numa união de forças com Billie Eilish; "OTW", single avulso com os comparsas Ty Dolla Sign e 6LACK; "Youth" para o álbum homónimo de Shawn Mendes; "Ocean" em colaboração com Martin Garrix; ou o afamado "Eastside" onde militou ao lado de Benny Blanco e Halsey. O Outono traria a profusão romântica de "Better", pouco depois materializado no EP Suncity, que nos ofereceu mais um punhado de inéditos. Está mais do que firmado o solo que Khalid pisa - venham daí mais e mais conquistas.


Dua Lipa


O caminho para o estrelato pode não ter sido imediato, mas em 2018 Dua Lipa pôde começar a colher os frutos do trabalho árduo. O ano começou ainda com "New Rules" a somar conquistas, tornando-se no seu primeiro êxito de top 10 na tabela de singles norte-americana. Alinhado estava já um sucessor para dar continuidade à campanha promocional do disco de estreia, e assim "IDGAF" soube manter o momento de glória. Dali começaram as parcerias all-star: primeiro ao lado de Calvin Harris no torpedo deep house/eurodance via 90s de "One Kiss", e à despedida do Verão na investida house de Mark Ronson e Diplo (sob o pseudónimo Silk City) do mui recomendável "Electricity". O ano não acabaria sem a justificada reedição do debute, com o hino bilingue "Kiss and Make Up" - a meias com as Blackpink - à cabeceira. E assim Dua Lipa termina 2018 com o título de maior estrela pop feminina britânica da actualidade às costas - o desafio passa por sustentá-lo o máximo de tempo possível. 

Agora sim, a retrospectiva do ano está completa:


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