Sons Frescos #47


As primeiras amostras de 2019 já se fazem ouvir:

1) Billie Eilish- "When I Was Older"- O ano de Billie começa da mesma forma que o anterior: em estado de crescente ascensão. Ainda não há sinais do álbum de estreia, mas os inéditos não páram de chegar - e melhoram a cada novo lançamento. "When I Was Older" é inspirado em Roma, o aclamado drama de Alfonso Cuarón, e manifesta-se como sendo a criação mais tenebrosa e James Blake-iana de Eilish à data. Tudo o que "You Should See Me in a Crown" deveria ter sido e não conseguiu.

2) Rhys Lewis- "Better than Today"- Estão todos concentrados em nomes como Dean Lewis, Lewis Capaldi ou Tom Walker, quando deveriam era estar a prestar mais atenção a Rhys Lewis, garboso moçoilo britânico que já demonstrou ter argumentos para se bater de igual para igual com os nomes do mainstream que também cantam as desventuras do coração. "Better than Today" desvia-se das crónicas românticas para espalhar alguma luz sobre o estado depressivo e caótico do mundo. E é magnífica.

3) Broods- "Hospitalized"- Continua a saga policromática e desconstrutiva dos manos Nott. Terceiro avanço de Don't Feed the Pop Monster, "Hospitalized" tinge-se de verve disco/pop, de um baixo "nutritivo" e "saboroso" como expressam os seus versos, e nasce de uma ideia tão inusitada como querer partir um osso para se ser hospitalizado. Ou viver no limite e arriscar tudo para ver no que dá. A-ma-zing.

4) Sam Smith & Normani- "Dancing with a Stranger"- Look what we made them do. Aos poucos Sam Smith começa a redimir-se da valente barafunda que assinou com The Thrill of It All: primeiro com o inescapável "Promises" ao lado de Calvin Harris e agora com este bop pop/R&B dançável e sedutor de lágrima no olho que transfere a cumplicidade com Normani para o plano musical. Oxalá que fosse mais longa e partilhada. Oxalá que seja hit.

5) Calvin Harris & Rag'n'Bone Man- "Giant"- Depois de duas investidas mais discretas com Normani e Benny Blanco no último trimestre de 2018, Calvin Harris entra em 2019 pela porta grande com mais um estonteante single deep house assente em secção de sopros, ecos 90s e na titânica interpretação de Rag'n'Bone Man. Check no êxito da estação invernal - podem começar os preparativos para o da Primavera/Verão.

6) Walk the Moon- "Timebomb"- Não tendo sabido gerir da melhor forma o interesse em seu redor no pós-sucesso de "Shut Up and Dance", os Walk the Moon provam aqui que ainda é cedo para os descartar do baralho. "Timebomb" vive da mesma sede dance-rock e oitentista do seu êxito maior, a que não é alheia uma dimensão pop que nenhum dos singles do álbum anterior conservava. Poderá o trovão iluminá-los de novo?

7) Lana Del Rey- "Hope Is a Dangerous Thing For a Woman Like Me to Have - But I Have It"- De uma imensa canção psicadélica e progressiva de 9 minutos passamos para uma contemplativa balada ao piano igualmente notável que se delonga sobre a sua relação com o mediatismo, a religião, família, a problemática do coração e a luta pela sobriedade. Cada vez se torna mais fascinante a sua parceria criativa com Jack Antonoff e a espera por Norman Fucking Rockwell

8) Dido- "Friends"- Para o caso de não estarem a par, Dido ainda é viva. E tem um novo álbum, Still on My Mind, a sair a 8 de Março. "Friends" é o segundo avanço do registo e muito possivelmente o seu single mais expansivo e imediato em mais de uma década, notoriamente pop mas diluído em sensibilidades da música electrónica, um pouco à imagem de Jessie Ware. Para continuar a acompanhar de perto.

9) Lauren Jauregui- "More Than That"- Esperava-se que a construção do percurso a solo de Lauren fosse menos adversa, mas pelo menos a nível de identidade não existem pontas soltas: a soul lânguida de "Expectations" dá lugar à cadência urbana de um "More Than That" que reclama por respeito e convicção na hora de arrebatar o coração, e que é a montra perfeita para a sua voz rouca sensualona. 

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