Sons Frescos #49


Entre regressos, retrocessos e repetentes:

1) Pink- "Walk Me Home"- Ninguém esperava um novo disco de Pink tão cedo (afinal, a boa impressão de Beautiful Trauma ainda está fresca), mas é sinal de que brota inspiração e sede de vida em Alecia Moore - e isso só pode ser de louvar. "Walk Me Home", o cartão-de-visita, é uma adorável composição pop/folk percussiva que não destoaria da banda-sonora do Rei Leão ou de um potencial regresso aos discos dos fun. de Nate Ruess, aqui creditado na escrita. 

2) Khalid- "Talk"- Na imparável rotina laboral a que o virtuoso de El Paso se propôs, ainda há tempo para experimentar outras latitudes dentro do seu R&B de assinatura. Desta vez une os seus talentos aos Disclosure, aqui seguindo na rota mais midtempo e synthpop-urbana que Caracal (2015) apontava, num tema que alude precisamente à necessidade de diálogo num relacionamento. O álbum nº2 chega em Abril. 

3) Kim Petras feat. SOPHIE- "1,2,3 dayz up"- Damn, son, where'd you find this!? Kim Petras deu por encerrada há dias a designada neon era que alberga os seus onze primeiros singles. "1,2,3 dayz up" veio no lote final para fechar o debute não oficial com estrondo: uma propulsiva e enérgica faixa dance pop com assinatura de SOPHIE, ainda que (muito) diluída na visão mais purista de Dr. Luke. Issa mutha-f bop!

4) Cardi B & Bruno Mars- "Please Me"- Não parece uma ideia extraordinária juntar dois artistas a precisar de uma pausa sabática que, ainda por cima, já colaboraram com resultados mais produtivos. Ainda que uma slow jam R&B retro seja novidade para Cardi B, Mars já o vem a fazer desde 2016 e aqui está num comprimento de onda bem diferente do ultra-picante da parceira. Tema decente, sim, mas timing e contexto completamente errados. 

5) Hozier- "Dinner & Diatribes"- Hozier apontou para uma sucessão de singles fantásticos e nós só podemos assistir maravilhados: depois de "Nina Cried Power" e "Almost (Sweet Music)", chega o blues rock galopante de "Dinner & Diatribes", canção que nasce do tédio para com obrigações sociais - e o alívio que se manifesta depois, em particular com outro alguém. Wasteland, Baby! chega já na próxima semana. 

6) Avril Lavigne feat Nicki Minaj- "Dumb Blonde"- Da pop cristã de "Head Above Water", para a infusão soul de "Tell Me It's Over" até a este revivalismo pop/punk partilhado com - atenção, que ainda fica mais estranho - Nicki Minaj: é a incongruência de sempre de Avril ainda a apanhar-nos desprevenidos em 2019. Híbrido de "Hollaback Girl" com o seu próprio "Girlfriend", "Dumb Blonde" versa sobre a necessidade de derrubar estereótipos femininos e é basicamente a sua tentativa de se manter relevante no actual clima musical. Veremos se resulta.

7) Jessie Ware- "Adore You"- Enquanto espera a chegada do rebento nº2, Miss Ware vai lançando singles avulso que recuperam o charme e encanto da aclamada estreia, Devotion (2012), que a colocou numa rota de pop electrónica futurista rejeitada depois pelos dois álbuns seguintes. Depois do sensualão e clubby "Overtime", dá agora a conhecer um mais romântico mas ainda dançável "Adore You", com o condão de qualidade de Joseph Mount dos Metronomy. 

8) Kehlani- "Butterfly"- Também Kehlani está prestes a viver a experiência da maternidade, e no compasso de espera aproveitou para editar uma mixtape a que deu o apropriado nome de While We Wait. "Butterfly", que compara o processo de metamorfose ao desenrolar de um novo relacionamento, é francamente mais interessante que o anterior "Nights Like This", conservando a tónica R&B alternativa do seu quarteto de singles lançado entre o final de 2017 e o início de 2018.

Comentários

Mensagens populares