As 50 Melhores Canções Nacionais da Década: 50º-41º


Começamos a conhecer a lista em português:

50º Miúda- "Com Quem Eu Quero" (2012)- Num passado distante a operadora reinante da nação ainda respondia por Optimus e, vejam só, tinha o condão de editar discos e apoiar a música portuguesa. Ninguém esquece a vez em que os Miúda - constelação alternativa formada por Mel do Monte, Pedro Puppe (Oioai), Tiago Bettencourt e Fred (Orelha Negra) - se fizeram anunciar com um hino de emancipação e independência no feminino, necessário para erradicar o estigma do duplo padrão. Nunca mais ninguém os viu, mas certamente seguem indomáveis.

49º David Fonseca- "Stop 4 a Minute" (2010)- O músico leiriense havia fechado os anos 00 com Between Waves (2009), e no começo da nova década recuperava algum vigor com um single tão repleto de urgência rock, tensão e perigo latente - três condimentos nem sempre sentidos na sua obra a solo mais visível - quanto "Stop 4 a Minute", complementado por um expedito vídeo a preto e branco. 

48º White Haus- "How I Feel" (2013)- Quando João Vieira anunciou um pequeno hiato na sua banda de sempre para dar vida a um novo alter-ego comandado pela house music, o entusiasmo era palpável. Afinal de contas, os X-Wife sempre tiveram um nervo mais electrónico que a maioria das bandas nacionais, mas White Haus assinalava o regresso às suas origens enquanto disc jockey. "How I Feel" permanece a mais bestial e trepidante rave psicadélica da década.

47º There Must Be a Place- "Nice Face" (2013)- Novamente nos passos da iniciativa Optimus Discos, que tornava possível a edição do primeiro (e único) disco dos There Must Be a Place, excelente projecto colaborativo entre os Best Youth e We Trust, damos (literalmente) de caras com "Nice Face", calorosa composição pop/rock sobre um deslumbramento que não acabará bem para os envolvidos. O relógio para o regresso estará a contar durante os próximos dez anos.

46º Octa Push com Cachupa Psicadélica e João Gomes- "Gaia Cósmica" (2016)- Do projecto de electrónica que junta os irmãos Leo e Bruno, poderá dizer-se que tem na estreia de 2013 os singles mais sonantes - menção honrosa para "Françoise Hardy" ou "Please, Please, Please" - mas é ao segundo álbum de originais, Língua (2016), que se sente uma tomada de consciência do seu papel no mundo: o de congregar povos através da diáspora afro-portuguesa. "Gaia Cósmica" é prova disso mesmo - uma trip espiritual com Portugal, Brasil e Cabo Verde a perder de vista. 

45º Diabo na Cruz- "Vida de Estrada" (2014)- Depois de uns quantos anos a cultivar a identidade do roque popular por esse Portugal fora, os Diabo na Cruz atingiam a sua melhor forma com o homónimo de 2014, a comunicar com linguagens um nadinha mais pop dentro da matriz tradicional do grupo, e antecedido por um single tão fantástico quanto "Vida de Estrada", construída em torno da azáfama da vida mundana.

44º You Can't Win, Charlie Brown- "Pro Procrastinator" (2016)- Os YCWCB foram dos projectos nacionais que melhor ergueram a bandeira alternativa nesta década, através de três consistentes e elogiados longa-duração. Talvez o seu pináculo se encontre no segundo avanço de Marrow (2016), um sonho quase psicadélico de seis minutos em que os Unknown Mortal Orchestra poderiam pacificamente habitar, erguido em torno de um dos verbos que o português típico mais gosta de pôr em prática. 

43º Filipe Pinto- "Insónia" (2012)- Dois anos depois de ter colocado toda uma nação aos seus pés com a participação e consequente vitória na terceira edição de Ídolos, Filipe Pinto concretizava não só as melhores esperanças nele depositadas como validava o propósito do concurso de talentos com "Insónia", o cartão-de-visita de Cerne (2012), uma incrível prosa pop/rock sobre dar à mente o descanso que o corpo quer. Quanto a esse álbum grunge, aguardamo-lo ainda a qualquer altura...

42º Sequin- "Naive" (2014)- No final de 2013 nascia um novo projecto de pop electrónica envergado por Ana Miró, sob o selo da portuense Lovers & Lollypops. O introdutório "Beijing" concedeu-lhe uma aura de mistério, mas as intenções de Sequin ficaram bem mais nítidas e entusiasmantes quando o segundo single de Penelope (2014) rasgou o éter: uma intoxicante construção electropop cortesia de Moullinex que declara as regras nos seus próprios termos. "Cause I am what I am, and I give what I can" - e é tudo o que basta.

41º Diogo Piçarra- "Tu e Eu" (2015)- Ninguém duvidava que Diogo Piçarra se estabelecesse com sucesso no panorama musical português depois de vencer a quinta edição de Ídolos (2012). Era apenas uma questão de quando e como. Três anos de sábia maturação conduziram a um sólido disco de estreia pontificado por "Tu e Eu", uma magnífica balada pop/rock de combustão lenta e cinematográfica à boa moda dos Fingertips da década passada. Para podermos sempre voltar ao sonho, uma e outra vez. 

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