Os 50 Melhores Álbuns Internacionais da Década: 40º-31º


Descubram o que nos reserva o top 40:


40º Tinashe- Aquarius (2014)


Aquarius é tão conciso e inabalável que soa tudo menos a um disco de estreia. Talvez porque Tinashe  tenha limado arestas com três elogiadas mixtapes lançadas nos anos anteriores, ou talvez porque seja mesmo uma das artistas mais geniais da sua geração. Compelativa obra de R&B atmosférico e pop sedutora, o álbum vive num perfeito equilíbrio entre a sonoridade de margens que havia praticado até ali (presente em canções sublimes como "Bet", "Cold Sweat", "Far Side of the Moon" ou "Bated Breath") e o apelo mainstream latente (nítido na pulsação de "2 On", "Pretend" ou "All Hands on Deck"). E o certo é que nunca mais conseguiu conjugar tão bem essa dicotomia nas edições que se seguiram. Enfim, as agruras de se pertencer a uma liga à parte... 


39º The Paper Kites - twelvefour (2015)


A descoberta deste disco é um daqueles achados como poucas vezes acontecem na vida. Este quarteto australiano já editava música desde o início da década, mas o radar do escriba detectou-os à entrada do segundo longa-duração, uma hipnotizante colecção de canções indie folk/rock deslumbrantes e imersivas que captam bem a moldura da madrugada, período em que foram escritas. Da agitação silenciosa de um "Electric Indigo" ou "Revelator Eyes" que se faz sentir na corrente sanguínia, passando pelo sussurro magoado de "Bleed Confusion" ou "Turns Within Me, Turns Without Me" até ao magnífico cataclismo do coração que é "Too Late" - twelvefour é um disco absolutamento belo que tem o condão de nos fazer sentir a sós com a música, no mais profundo dos aconchegos.


38º Florence and the Machine- How Big, How Blue, How Beautiful (2015)


Como é que se sucede a um álbum tão formidável e intenso quanto Ceremonials (2011)? Tentando não recriar o mesmo tipo de disco. Depois de dar por encerrada a digressão do álbum nº2 e de anos de trabalho incessante, Florence tentou ajustar-se com dificuldade à vida fora dos palcos e dos estúdios de gravação, e o resultado é um álbum que lida com os problemas do mundo terreno sem se escudar no imaginário fantástico como até aqui acontecia, e que explora texturas mais próximas do cancioneiro blues, folk e rock, deixando as influências barrocas para segundo plano. Nunca esqueceremos a maravilhosa e densa epopeia audiovisual que ilustrou o disco, The Odyssey, e canções como "What Kind of Man", "Queen of Peace", o tema-título, "Delilah", "Third Eye" ou "Mother". 


37º Ben Howard- I Forget Where We Were (2014)


Tem que ser uma das transições mais magníficas da década, a que Ben Howard atravessou de Every Kingdom (2011) para I Forget Where We Were (2014). Pelo meio houve um The Burgh Island EP - menção honrosa para "Oats in the Water" - que trouxe as nuvens cinzentas até à folk então soalheira do músico britânico, mas a metamorfose completa-se neste magistral segundo álbum de estúdio, que expande as suas capacidades enquanto compositor e instrumentista, levando as suas explorações sónicas para terrenos de música ambiente, shoegaze e de folk mais densa e soturna. "Small Things", o tema-título, "Time Is Dancing", "End of the Affair" ou "All Is Now Harmed" são pontos altos - e daqui em diante, Ben Howard tornar-se-ia ainda mais reclusivo, críptico e singular. 


36º Rihanna- Talk That Talk (2011)


Não se deixem enganar pela posição no top 40: Talk That Talk é o disco mais mediano e desinspirado lançado por Rihanna no decorrer dos anos 10, que parece nascer mais de uma obrigação contratual do que de um lugar criativo orgânico. Como justificar então o seu lugar na contagem? Bem, porque é o disco que transporta "We Found Love", Where Have You Been", "Drunk on Love" ou "Watch n' Learn", algumas das melhores canções do seu percurso. Traçado na mesma linha dance pop, house e R&B do anterior Loud (2010), Talk That Talk ainda consegue trazer alguns elementos de dancehall afastados da sua discografia desde A Girl Like Me (2006), mas no geral não há muitas razões para voltar a ele. Acontece que a estrela de RiRi era demasiado gigante para não continuar a ser alimentada de todas as maneiras possíveis - mas uma reedição de Loud com a nata deste disco teria servido.


35º Katy Perry- Teenage Dream (2010)


Não é que Katy Perry alguma vez tenha sido uma artista de álbuns consistente, mas como é que poderemos não incluir nesta lista um disco que contém uma sucessão de singles tão fenomenal quanto "California Gurls", "Teenage Dream", "Firework", "E.T.", "Last Friday Night (TGIF)" e "The One That Got Away", hits pop icónicos dos anos 10 que inscreveram o seu nome na lista de recordistas da tabela de singles norte-americana e de maiores astros pop do seu tempo? Falar de Teenage Dream é também mencionar o trabalho notável de estetas como Dr. Luke, Max Martin, Benny Blanco, Stargate, Tricky Stewart ou Greg Wells, essenciais para a construção da obra magna de Perry, ou de canções como "Peacock", "Circle the Drain" ou "Hummingbird Heartbeat", que poderiam ter levado a campanha promocional do álbum até ao infinito e mais além. É deste algodão cor-de-rosa que os sonhos pop são feitos.


34º Disclosure- Caracal (2015)


Não se consegue replicar um álbum perfeito num espaço de dois anos, muito menos quando resta muito pouco para inventar seja em que género for. Por isso, Guy e Howard aprofundaram em Caracal a missão que tinham iniciado com Settle (2013): a de reaproximar a música de dança das linguagens da pop, perdendo só um nadinha de frescura pelo caminho. Alguns dos convidados são mais mediáticos face à estreia - escuta-se The Weeknd em "Nocturnal", Miguel no pecaminoso "Good Intentions" ou Lorde no assombrado "Magnets" - mas debutantes como Lion Babe ("Hourglass"), Kwabs ("Willing and Able") ou Nao (no excelente "Superego") mantêm vivo o compromisso do duo de integrar o sangue novo na corrente do mainstream. Muito bem, gatinho lindo.


33º Ellie Goulding- Halcyon (2012)


Há sempre um momento na carreira de uma estrela pop em que esta verga perante as expectativas ou decide percorrer o caminho que construiu para ela própria - pois bem que em Halcyon (2012) apanhamos Ellie Goulding na fase mais celebrada do seu percurso, quando ainda contornava as pressões externas e oferecia uma bem-vinda singularidade à pop contemporânea. É o disco em que encontramos canções tão feridas quanto místicas na forma de "Don't Say a Word" ou "My Blood"; o disco que nos dá um single electropop tão cintilante quanto "Anything Could Happen", para depois nos presentear com as aventuras electrónicas das trepidantes "Only You" ou "Figure 8"; ou o disco onde militam baladas imensamente belas como "Joy" ou "I Know You Care". E é em Halcyon que habita a melhor canção do seu percurso, a versão que fez de "Hanging On" de Active Child. Raios, tinhas mesmo que estragar tudo, Ellie?


32º Ariana Grande- My Everything (2014)


Se Yours Truly (2013) deu para entender algo, foi que Ariana Grande era uma jovem de capacidades extraordinárias. Mas a mudança de escalão só ocorreria um ano mais tarde com o lançamento de My Everything, tornando-a na primeira grande estrela pop que o mainstream produzia desde Katy Perry e Lady Gaga, cinco anos antes. Diluindo as suas heranças R&B numa embalagem dance pop imaculadamente entregue, Ariana chama até si os grandes estetas do seu tempo - de Max Martin, Shellback, passando por Ryan Tedder ou Darkchild, até Ilya ou Zedd - erguendo canções fantásticas em seu torno: citemos singles estupendos como "Problem", "Break Free" ou "Love Me Harder", ou faixas como "Be My Baby", "Break Your Heart Right Back" e "Hands on Me", que manteriam a memória do álbum viva muito depois do seu ciclo ter chegado ao fim. 


31º Rihanna- Anti (2016)


Anti é o álbum de ruptura na carreira de Rihanna. De ruptura com a agenda incansável que havia ditado - e que a levou a editar sete álbuns em sete anos consecutivos - de ruptura com as convenções - o disco chegou sem uma campanha de marketing tradicional - e de ruptura com o seu próprio passado, passando a privilegiar texturas e atmosferas em vez de melodias de rastilho curto. Um álbum quase perfeito, onde pontuam o boom bap intoxicante de "Consideration", o dancehall gostoso de "Work", a balada pop/R&B dos sete-costados "Kiss It Better", o electro-R&B nocivo de "Needed Me", a rapsódia doo wop/soul da aclamada "Love on the Brain", ou o impensável karaoke de "Same Ol' Mistakes" dos Tame Impala, só porque sim. E continuamos todos especados à espera do seu próximo passo.

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