MTV VMAs 2013: Os Vencedores


Brooklyn serviu de palco à 30ª edição dos MTV Video Music Awards, a noite em que Justin Timberlake foi rei e senhor da entrega de prémios, com 4 Moonman ganhos, incluindo o cobiçado Video of the Year e o Video Vanguard Award, prémio de carreira, tendo ainda sido o protagonista da actuação mais fabulosa desta edição. Bruno Mars, Macklemore e Ryan Lewis ou Taylor Swift foram outros vencedores da noite, enquanto as actuações de Lady Gaga, Katy Perry, Kanye West e Miley Cyrus ficaram na memória, mas nem todas pelas melhores razões.

Aqui fica a lista completa dos vencedores:

Video of the Year- Justin Timberlake- "Mirrors"
Best Male Video- Bruno Mars- "Locked Out of Heaven"
Best Female Video- Taylor Swift- "I Knew You Were Trouble"
Artist to Watch- Austin Mahone- "What About Love"
Best Pop Video- Selena Gomez- "Come & Get It"
Best Rock Video- 30 Seconds To Mars- "Up in the Air"
Best Hip-Hop Video- Macklemore and Ryan Lewis feat. Ray Dalton- "Can't Hold Us"
Best Collaboration- Pink feat. Nate Ruess- "Just Give Me a Reason"
Best Direction- Justin Timberlake feat. Jay-Z- "Suit & Tie"
Best Choreography- Bruno Mars- "Treasure"
Best Visual Effects- Capital Cities- "Safe and Sound"
Best Art Direction- Janelle Monáe feat. Erykah Badu- "Q.U.E.E.N."
Best Editing- Justin Timberlake- "Mirrors"
Best Cinematography- Macklemore and Ryan Lewis feat. Ray Dalton- "Can't Hold Us"
Best Video With a Social Message-Macklemore and Ryan Lewis feat. Mary Lambert-"Same Love"
Best Song of the Summer- One Direction- "Best Song Ever"
Michael Jackson Video Vanguard Award- Justin Timberlake

Segue-se a minha opinião acerca dos acontecimentos:

Desta vez não houve vestidos de bife nem alter-egos masculinos, mas houve muito transformismo na actuação de Lady Gaga, encarregue de abrir as festividades. "Applause" foi o tiro certeiro para dar início à noite, colocando o barómetro de entusiasmo no nível de "aplausos efusivos". Entre quadrados faciais, perucas mil, coreografia aux point e bíquini de conchas, digamos que Lady Gaga foi excentricamente comedida e conseguiu atingir o âmago daquilo que é a Art pop.


O primeiro prémio da noite é entregue a Selena Gomez que vence na categoria de Best Pop Video. Discordo claramente. Para mim a escolha era óbvia: "Mirrors" ou, quanto muito, "Locked Out of Heaven". Segue-se o momento mais controverso da noite: a actuação - se é que lhe podemos chamar isso - de Miley Cyrus e Robin Thicke. A primeira, querendo afastar o rótulo de estrela da Disney à força toda, deu um verdadeiro show ordinário digno de um qualquer clube de strip, chocando quem ainda a tinha em boa conta. Conspurcadora da pop é chamar-lhe pouco. Já Thicke foi arrastado para a rebaldaria vergonhosa e tornou-se no brinquedo sexual de Miley, que se esfregou e fez twerking à exaustão na danger zone do cantor de "Blurred Lines". Triste e depravado, já que os dois têm uma diferença de idades de 16 anos e valem mais do que esta miséria.


O Best Hip-Hop Video é atribuído, e bem, a Macklemore e Ryan Lewis, fizeram-no por merecer. Segue-se a actuação de Kanye West, que subiu ao palco dos VMA's pela 7ª vez (igualando o recorde de Madonna) para cantar "Blood on the Leaves" do seu recente Yeezus. Esperava algo mais polémico, dado o historial e o conteúdo do seu último trabalho, mas foi um grande momento, imponente e minimalista, de um artista muito controverso mas altamente genial.


Taylor Swift teve a honra de receber das mãos de Pharrell Williams, Nile Rodgers e dos Daft Punk (numa raríssima aparição ao vivo), o prémio de Best Female Video. Era prevísivel - a concorrência não era pesada - mas tal não significa que fosse merecido. Tenho-a em muito pouca estima e podia enunciar 30 razões que me levam a não gostar dela. Mas não vale a pena perder tempo com ódios. Logo de seguida é entregue o Best Video With a Social Message para "Same Love" de Macklemore e Ryan Lewis, o hino de apoio ao casamento homossexual. Qualquer dos candidatos seria um bom vencedor, mas dado o sucesso da dupla nos últimos meses, era uma vitória quase garantida.


Seguimos para o grande momento da noite. Justin Timberlake é anunciado como o justo depositário do Video Vanguard Award, prémio que reconhece e celebra os seus feitos e préstimos à música no decorrer dos seus 15 anos de carreira. Segue-se então uma monstruosa performance (ou um concerto) de mais de 15 minutos, nunca antes vista na história dos VMAs, em que JT revisita os grandes êxitos do seu percurso a solo e também com os míticos 'N Sync, que se reuniram para esta ocasião especial. Foi emocionante, de um rigor e profissionalismo enormes e altamente nostálgico: aqueles hinos da pop ajudaram a construir a minha infância, adolescência e agora a entrada na vida adulta. Ainda com fôlego para agradecer tamanha honra, JT agradeceu às pessoas que ajudaram a construir a sua carreira, e aos seus pais, que também compareceram para assistir à consagração do filho. Perante a euforia do público, Justin era um homem feliz.


A noite poderia ter acabado por aqui, que só a homenagem a JT já teria valido por tudo. Mas era tempo de se atribuir o prémio de Best Song of the Summer, um tanto ou quanto irrelevante. O Moonman acabou por ir para as mãos dos One Direction com o tema que possivelmente era o que menos tinha perfil para tal. Não gosto deles, mas até eu sou capaz de reconhecer que têm músicas melhores que esta "Best Song Ever" (oh, the irony). A luta deveria ter sido entre "Get Lucky" ou "Blurred Lines", com a primeira a vencer por uma margem claríssima. A vitória da banda-sensação dá lugar à actuação de "Same Love", momento que serviu para alertar consciências para a legalização do casamento homossexual. E é tão bom ver, para variar, uma dupla de rap a fazer versos que não glorifiquem a tug life, riqueza, prostitutas e afins.


O alinhamento prossegue e indica que é altura de agraciar o sangue novo da música, com o prémio de Artist to Watch. Devo dizer que os nomeados da categoria me pareceram, na sua maioria, bastante duvidosos: as escolhas poderiam ter sido mais inspiradas. Quanto ao vencedor, Austin Mahone, terei sido o único a pensar em "Justin Bieber- A Sequela"? Seguidamente Drake sobe ao palco para cantar "Started from the Bottom", talvez o momento mais morno da noite. Considero-o um rapper talentoso e com grande sentido melódico, mas aquela actuação em particular pareceu-me deslocada da setlist da cerimónia.

Quase a chegar ao fim, temos dose dupla de Bruno Mars: primeiro a receber o Best Male Video - gostava de ter visto Ed Sheeran a levá-lo para casa, mas reconheço que Mr. Mars tem-se saído muito bem e mereceu-o - e depois para a actuação que mais me surpreendeu. Aliás, Bruno Mars tem-me surpreendido pela positiva desde o lançamento de Unorthodox Jukebox. A apresentar o seu novo single - o impetuoso "Gorilla" - emanou poder e fez tremer as paredes do edifício com a sua potência vocal. Se o instinto não me falha e continuando numa espiral ascendente, daqui a uns 12 anos será ele o honorário do Video Vanguard Award.


Para os momentos finais estava reservado a entrega do prémio mais cobiçado - Video of the Year - entregue, com todo o mérito e justiça, to the one and only Justin Timberlake pelo excelente vídeo de "Mirrors", que retrata a história de amor vivida pelos seus avós, aos quais ele dedicou a vitória. Coube a Katy Perry o encerramento da entrega de prémios para apresentar  "Roar" ao vivo pela primeira vez, descrito como o "maior hit da sua carreira" ... perdão? ... ou a memória é curta ou então temas como "I Kissed a Girl", "Hot n' Cold" e "Teenage Dream" só tiveram sucesso nas tabelas do Uzbequistão, coisa que me parece pouco provável. Miss Perry fez o que lhe era pedido: um espectáculo pop bem montado, ginasticado e cheio de pujança que levou ao rubro a plateia reunida na ponte de Brooklyn. E assim caiu o pano.


Uma coisa é certa: os VMAs 2013 foram muito melhores do que a edição passada, e voltaram a ser tão bons quanto aquela que teve lugar em 2011. Foi um grande espectáculo televisivo, apelativo e ao qual não faltaram as habituais polémicas (Miley Cyrus à parte, este ano foi recheado de indirectas e expressões faciais reveladoras). Agora, se me perguntarem se esteve à altura da data que se assinalava - os 30 anos de VMAs - não, de maneira alguma.

Assistiu-se a uma comemoração do presente, das figuras que marcam o panorama musical contemporâneo, mas pedia-se algo mais - uma actuação, um vídeo especial ou um discurso até - que reflectisse o impacto da MTV nestes últimos 30 anos. Faltaram lá nomes como Madonna, Beyoncé, Eminem, Britney Spears, Christina Aguilera, Pink, entre outros, todos eles figuras que ajudaram a edificar a MTV e que trariam o brilho que nunca chegou a aparecer.

Em vez disso tivemos uma Taylor Swift  mais excitada do que é costume, uma banda britânica que se tornou conhecida há pouco mais de 2 anos, uma Selena Gomez que tarda em perceber que não foi feita para cantar e uma Rihanna trombuda e enfadada, como se o facto de se ter que comportar bem durante 2 horas fosse demasiado insuportável. Gostei, porém, de ver a plateia bem representada de talentos britânicos: Ed Sheeran, Emeli Sandé e Ellie Goulding.

Em suma, foi Justin Timberlake que salvou a noite e a tornou memorável, justificando, se dúvidas houvesse, porque mereceu ser agraciado com um prémio de carreira. E só um autêntico Herói e Príncipe da Pop é que podia ter estado à altura do momento. Obrigado e louvado sejas, JT.

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