Portugal a Ferver: Gisela João

Dedicar uma semana ao que de melhor se faz em Portugal sem mencionar o género maior musical português seria, no mínimo, estranho. Impera, por isso, destacar uma voz emergente do fado que está a arrancar os maiores elogios da crítica e amantes do género. Eis Gisela João, 29 anos, a quem já apelidam de "Amália Rodrigues do séc. XXI".

Primeiro é o seu look pouco purista e um jeito despreocupado de ser que saltam à vista. De seguida, são os seus gostos musicais - que vão desde a electrónica, trance, blues, jazz ao samba-canção - que parecem também querer indiciar uma fadista incomum. A verdade é que as aparências iludem e Gisela João não podia soar mais diferente do que parece, à semelhança do que acontecia com Amy Winehouse.

É um fado tradicional que canta, sem maneirismos e mimetismos, que arrebata pela voz possante com que interpreta poemas de grandes autores portugueses, pelo sentimento com que os entoa e, acima de tudo, pelo cuidado com que manuseia as palavras que canta, porque estas facilmente "se gastam em vão".

O álbum de estreia homónimo entrou directamente para a 1ª posição do top português e é já considerado por alguns o melhor disco de estreia de uma fadista em 20 ou 30 anos. "Meu Amigo Está Longe" é apenas uma amostra do enorme talento que nela reside, sendo mais perceptível escutando o álbum atentamente. Vale a pena conhecê-la.