Into the Music, 10 anos depois
Posso andar às voltas, para trás e para a frente, que este texto nunca vai ser aquilo que quero que seja. Em parte porque há dezanove dias que ando a tentar expressar aquilo que significa, mas também porque é pedir demasiado que seja o corolário de uma década de vida. Por isso vou apenas tentar que seja a melhor versão possível.
Acho que cresci sempre com a ideia de que nascemos com um propósito de existência. Em criança achava que seria dançar, manifestando através do corpo aquilo que a música pedia. Com o afastamento dessa possibilidade e procurando voltar a sentir-me completo, criei o Into the Music em plena adolescência, passando a traduzir por palavras aquilo que a música transmitia. Ela, que esteve sempre lá como denominador comum dos sonhos e esperanças.
Nunca procurei algum tipo de validação através do blogue. E espero que isso seja notório, porque nenhum projecto se aguenta durante tanto tempo na base do anonimato sem generosas doses de devoção, amor e paciência. Quis apenas que se tornasse no veículo para a expressão da minha paixão pela cultura pop - e, com sorte, conseguir chegar a algumas pessoas pelo caminho.
A maioria dos sonhos e ambições que tinha à data acabaram por não se concretizar, mas não deixo que isso me afecte ou diminua. Prefiro antes concentrar-me no que de bom desenvolvi por aqui: sou tão melhor escriba, pessoa e melómano do que era há dez anos. E, verdade seja dita, estou bem mais perto de alcançar aquilo a que me propus do que quando comecei.
Recordar estes dez anos é também recordar várias etapas da minha vida. O final do secundário. A entrada na faculdade. A complicada permanência e descoberta do eu interior. A indecifrável entrada na vida adulta e no mercado de trabalho. A insatisfação do quarto de século. Tantas e tantas memórias associadas a posts, álbuns, canções ou artistas.
E não raras vezes penso onde me podem levar os próximos dez. Se é que já desenvolvi a nível criativo mais do que poderia ter imaginado, como continuar a transportar este projecto mais além? O propósito mantém-se, mas pode chegar a altura em que necessite de o tornar maior, fora de janelas virtuais ou da realidade que conheci até então. E aí saberei que tudo o que ficou para trás contribuiu para estar onde estou.
Mas é do presente que importa falar, e como tal há que agradecer a todos os que me têm acompanhado ao longo dos anos (anónimos ou amigos à séria), à minha família (que ainda que não compreendam o que é isto de escrever sobre música, sempre me deram estabilidade e amor tão necessários ao acto da escrita) e aos artistas que me fazem sonhar e inspiram a traduzir a sua arte - sem todos vós esta tela seria bem menos interessante.
Que o sonho nos continue a comandar a vida:
Que o sonho nos continue a comandar a vida:
Comentários
Enviar um comentário