10 Anos de Into the Music em 10 Posts


Memoráveis, esforçados ou originais a valer, algo de especial aconteceu:



Que saudades dos tempos em que os brits tomavam conta disto tudo. Foram de facto tempos muito entusiasmantes para alguém que cresceu com os norte-americanos a serem reis e senhores do mainstream. "A Invasão Britânica" foi a primeira vez em que consegui sair do molde de newsletter e expressar uma marca autoral de arrojo e originalidade na abordagem de temáticas musicais. Fi-lo de forma mais madura e concisa em tentativas posteriores, mas nunca posso esquecer o post da descolagem. A sequela chegou dois anos mais tarde.





É facilmente a colecção de posts de que mais me orgulho. Concebi-o em 2015 no âmbito do meu trabalho final para o curso de Jornalismo e Crítica Musical da ETIC, publicando-o meses mais tarde aqui no blogue. Não só foi um recapitular da história dos primeiros quinze anos da história da pop do novo milénio, como uma homenagem aos meus ídolos de infância e adolescência que me induziram a paixão por música e o gosto pela compreensão do mainstream. São horas e horas de suor, inspiração e amor compilados em doze textos essenciais.



Vou guardar sempre com bastante carinho a época em que Taylor Swift decidiu ser a maior estrela pop do universo. Foram cerca de dois anos de fidelização e acompanhamento de um dos maiores álbuns fenómeno da década, aqui a ser alvo de um estudo de caso passados 366 dias da sua edição. Foi a primeira vez que um disco ganhou uma etiqueta própria e mereceu tamanha análise no blogue. 





Já referi em ocasiões anteriores que nunca me sinto tão realizado e pleno de vida como quando falo de um álbum. Estudá-lo, decifrá-lo e, por fim, decompôr a sua essência em vocábulos é das coisas mais magníficas da minha existência. Lembram-se de como o Beypocalipse nos deixou do avesso? Foi um mês de análise e escuta imersiva, mas não poderia ter ficado mais contente com o resultado: afinal de contas, este é o Thriller do séc. XXI.



Penso que o segredo para se ser um bom escriba passa por conseguir recolher inspiração através das experiências, vivências e influências que nos chegam de diversos quadrantes. Para esta incursão puramente visual, recordo-me que a paleta foi concedida pelo visionamento acérrimo de uma temporada de America's Next Top Model, época em que mais do que nunca me sentia preparado para fazer tanto uma prosa apaixonada de um editorial da Vogue como do mais recente disco dos Tame Impala. E pronto, foi isto que me deu na gana.





Nunca me vou esquecer da sensação de ter 21 anos, querer o mundo e sentir-me aprisionado pelas minhas inseguranças. Hoje faria tudo diferente, claro. "Já Não Há Caminhos Seguros" foi a forma que encontrei de exorcizar uma série de questões que me assaltavam a mente e - tchanan! - incluir uma oldie da Avril no processo. Daquele maravilhoso e nunca definido espaço intitulado A Hundred Million Suns em que música e memórias pessoais andavam de mãos dadas - afinal, o Into the Music sempre foi a minha terapia favorita.



É-me francamente mais fácil, inato até, falar de discos pop. Quando ganho coragem para abordar trabalhos da esfera indie, atravesso uma forte provação mental que me diz que não serei capaz de lhes fazer justiça. E isso é o pior pesadelo de um escriba. Com o terceiro dos Everything Everything, tive que escalar montanhas para chegar ao seu âmago e procurar recantos em mim até então desconhecidos. Foi uma tremenda prova de esforço e superação que me deixou plenamente realizado e esgotado. Get to Heaven continua a ser um álbum do caraças.





Mais do que paixões para a vida, adoro conversões inesperadas. Porque se para gostar é preciso pouco, para deixar de odiar é necessária uma boa dose de crença, generosidade e aceitação. Se com Taylor Swift o volte-face foi imediato, com Justin Bieber demorou uns bons meses. Recordo esse momento com bastante diversão, prazer culpado e surpresa, sentimentos contraditórios bem patentes neste post. Imagine Dragons, querem ser os próximos?



Traduzir a história da cultura pop à medida que esta se realiza nem sempre permite revisitar o passado tantas vezes quanto desejado - imaginam por acaso a quantidade de álbuns que gostaria de ter tido a oportunidade de assinalar o aniversário? A primeira década de Blackout, a obra-mestra de Britney Spears, era absolutamente imperdível. E brotou inspiração divina na hora da escrita: da escolha dos títulos, passando pela das ilustrações, aos tópicos abordados. Escrevi-o como se fosse para a Rolling Stone ou o Stereogum. E emoldurava-o se pudesse.




Às vezes ainda me belisco para ter a certeza que isto não foi só um produto da minha imaginação. Anos e anos a acompanhar o evento e a desesperar por uma vitória que parecia impossível. Eis que o conto de fadas acontece e - cereja no topo do bolo - estou lá para presenciar tudo. O orgulho, a felicidade, o sentimento de honra e compromisso, a união e espírito de equipa: está tudo depositado naquelas linhas sentidas. Voltar a ele é recordar, portanto, um dos períodos mais extraordinários da minha existência.

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