MTV Video Music Awards 2019- A coroa de Taylor, o ícone Missy e a estrela de Rosalía
Não há Verão que se preze sem a sua constelação de estrelas organizada anualmente pela MTV. A 36ª edição dos VMAs ocorreu na passada segunda, dia 26, no Prudential Center em Nova Jérsia, e pautou-se essencialmente pela dominação feminina, pelo tributo a Missy Elliott, e por incríveis performances.
Eis a lista completa dos vencedores:
E agora, a noite contada em GIFs:
Taylor convida praticamente o elenco todo do vídeo de "You Need to Calm Down" para abrir consigo o espectáculo. Cores garridas, espalhafato mil, e tecnologia de realidade aumentada a roçar o absurdo.
A transição para "Lover" é, no mínimo, estranha. Mas Swift é uma performer dotada e em poucos segundos faz-nos crer que os VMAs tinham ficado para trás e que estavamos a assistir ao início da sua próxima digressão numa arena a rebentar pelas costuras. E a forma como o público vibrou com um tema tão recente e emotivo foi demasiado bonito.
Quem é que se lembrou de convidar Sebastian Maniscalco para anfitrião, mesmo? Céus, não me recordo de outro humorista com uma noção de comédia tão lenta e pastosa. Uma cerimónia tão recheada como os VMAs dispensa apresentador, como tantas vezes tem acontecido nos últimos anos.
Incrível como Cardi B é capaz de captar as atenções do espectáculo para si. Em ano de menor relevância, conquistou o troféu de Best Hip Hop por um tépido "Money" e ainda fez um hilariante discurso de apresentação para o Prémio Vanguarda de Missy. Que essa personalidade vibrante nunca se apague.
O momento é de Lizzo. E pensar que há um ano quase ninguém dava pela sua existência e este Verão aí a temos a espalhar a sua mensagem de auto-afirmação e aceitação corporal, pela obra e graça de canções de há 2/3 anos. Podiam ter sido "Juice", "Cuz I Love You" ou "Tempo", mas fez todo o sentido que "Truth Hurts" fosse a eleita. Mas o momento alto foi mesmo a rendição gospel do terapêutico "Good as Hell", que não acaba o ano sem virar hit (merecido) também.
A tradição manda que pelo menos uma das performances da noite seja feita no exterior. A deste ano coube aos reunidos JoBros, numa celebrada fusão de "Sucker" e "Only Human" que os levou do The Stone Pony até a um palco montado à beira da praia.
Lil Nax X deve ser o primeiro rapper da história a levar coreografia ao palco dos VMAs. Ponto positivo por isso e negativo por tê-lo levado muito possivelmente a fazer playback em "Panini". Não há muito para apreciar no pós-"Old Town Road", e nem um universo construído em torno de Tron vai alterar isso. Mas o miúdo esforça-se (em vão).
É ponto assente que a actuação de Missy Elliott resulta no ponto alto da noite. Uma lição de história e pioneirismo que atravessa duas décadas do hip hop. O arranque com o novinho em folha "Throw It Back" é über cool, a passagem por "The Rain" de Supa Dupa Fly leva-nos às suas histórias fundações (com direito ao saco de lixo insuflado), o combo entre "Get Ur Freak On" e "Work It" é absolutamente insano, mas é a secção de "Lose Control" que leva o público ao delírio.
O êxtase de Bebe Rexha é a reacção de todos nós. Seja pelo facto destas canções estarem adormecidas há anos e terem despertado um mega ataque de nostalgia, ou pela simples razão de continuarem tão ridiculamente boas como na época, o certo é que esta foi a actuação de tributo mais celebrada na história dos VMAs. Ninguém ficou parado!!
Ahh, que bonito foi ver Missy a agradecer de forma sentida a todas as pessoas que tornaram estes 22 anos possíveis (com menção especial à comunidade da dança, que sempre caminhou a seu lado). Foi notório o quão primordial este Prémio Vanguarda foi não só para devolver Missy ao mainstream como também para lhe dar um alento para os anos que hão-de vir. Regenerou-se a cada palavra, aplauso e sorriso. Um ícone humilde e amado por todos nós.
É o terceiro ano consecutivo que levamos com Shawn Mendes no palco dos VMAs, sendo que 2019 teve direito a dose dupla: primeiro com "If I Can't Have You" e mais tarde no aguardado encontro com Camilita em "Señorita", no dia em que o dueto chegou ao nº1 da Hot 100. Escusado dizer que, à semelhança do tema, Camila fez a actuação. Esperávamos chamas em vez de luminárias, mas a fabricação Shawnmilla esteve fortíssima.
Taylor, I love you and imma let you finish but... o Vídeo do Ano pertencia apenas ao "Thank U, Next". Claro que em termos de narrativa e contexto se adequava muito mais a vitória de Swift, mas sabemos que foi Ari quem parou verdadeiramente a internet e gerou todo um sismo na cultura pop graças ao vídeo de Hannah Lux Davis. Seja como for, foi a segunda vitória de Taylor nesta categoria, quatro anos após o triunfo de "Bad Blood". E francamente nenhum dos dois está entre os melhores vídeos do seu catálogo.
Ninguém sabe muito bem como - até ao dia anterior a sua actuação não tinha sido sequer anunciada - mas Miley Cyrus lá achou o seu caminho para o lote de performers. Ahistória de Miley confunde-se com a dos próprios VMAs, por isso faz todo o sentido que a máxima prevaleça e cada era sua seja apresentada em palco. "Slide Away" teve dor, entranhas e coração a rodos. Oh sim, e é uma canção do caraças.
Sem contrariar as expectativas, "Old Town Road" vence na categoria de Canção do Ano. Quase cinco meses de liderança na Billboard Hot 100 não deixam margem para grande dúvida, mas foi mais uma oportunidade perdida de "Thank U, Next" reclamar alguma da sua importância.
Mais emocionante que a história de superação de Lizzo, é a da ascensão de Rosalía, a estrela da vizinha Espanha que está a tomar o mainstream de assalto. Vejam: em Novembro passado estreou-se nos EMAs de Bilbau e menos de um ano depois já chegou ao palco dos VMAs. É disto que os sonhos são feitos.
"A Ningún Hombre" recuperado a El Mal Querer deu o mote à mega actuação, que englobou ainda o fresquinho "Yo x Ti, Tu x Mi", flanqueado por Ozuna, e um inesperado "Aute Cuture", que firmou bem as suas intenções de estrelato pop. Só faltou a passagem por "Con Altura", apesar de J Balvin estar no mesmo edifício. Céus, até onde chegará a lenda de Rosalía?
Por incrível que pareça, Normani até nem esteve no lote das mais memoráveis da edição, numa noite que deveria ter sido dela. Talvez por ter sido colocada no final do alinhamento (praticamente colada a "Anti" de HER) e já muito de memorável se ter passado, talvez porque houve problemas de som à mistura, ou simplesmente pelo facto de ser impossível fazer melhor do que aquele estrondoso videoclip, o certo é que "Motivation" apenas cumpriu, sem impressionar.
O quê? Uma armada inteiramente nova-jersiana que incluía Queen Latifah, Naughty By Nature, Redman, Fetty Wap e Wyclef Jean a encerrar os VMAs? Claro que sim, já vimos coisas mais improváveis. Foi um sábio tributo à cidade que acolheu a edição deste ano, e que é um dos pilares da cultura do hip hop. Afinal a MTV ainda tem a lição estudada.
Fiquem então com as actuações deste ano:
Esta é capaz de ter sido a melhor cerimónias dos VMAs em anos recentes, ainda assim longe do seu auge ou de proporcionar momentos dignos de figurar no panteão da cultura pop. Prémios mal distribuídos à parte, apenas foram de lamentar as ausências de Ariana Grande e Billie Eilish, ambas em digressão pela Europa. Para ano o haverá (sempre) mais.
Video of the Year- Taylor Swift- "You Need to Calm Down"
Artist of the Year- Ariana Grande
Song of the Year- Lil Nas X feat. Billy Ray Cyrus- "Old Town Road (Remix)"
Best Group- BTS
Best New Artist- Billie Eilish
Best Collaboration- Shawn Mendes & Camila Cabello- "Señorita"
Push Artist of the Year- Billie Eilish
Best Pop- Jonas Brothers- "Sucker"
Best Hip Hop- Cardi B- "Money"
Best R&B- Normani feat. 6lack- "Waves"
Best K-Pop- BTS feat. Halsey- "Boy with Luv"
Best Latin- Rosalía & J Balvin feat. El Guincho- "Con Altura"
Best Dance- The Chainsmokers & Bebe Rexha- "Call You Mine"
Best Rock- Panic! at the Disco- "High Hopes"
Video for Good- Taylor Swift- "You Need to Calm Down"
Best Direction- Lil Nas X feat. Billy Ray Cyrus- "Old Town Road (Remix)"
Best Visual Effects- Taylor Swift feat. Brendon Urie- "ME!"
Best Editing- Billie Eilish- "Bad Guy"
Best Art Direction- Ariana Grande- "7 Rings"
Best Choreography- Rosalía & J Balvin feat. El Guincho- "Con Altura"
Best Cinematography- Shawn Mendes & Camila Cabello- "Señorita"
Best Power Anthem- Meghan thee Stallion feat. Nicki Minaj & Ty Dolla $ign- "Hot Girl Summer"
Song of Summer- Ariana Grande & Social House- "Boyfriend"
Michael Jackson Video Vanguard Award- Missy Elliott
MTV Fashion Trailblazer Award- Marc Jacobs
E agora, a noite contada em GIFs:
Taylor convida praticamente o elenco todo do vídeo de "You Need to Calm Down" para abrir consigo o espectáculo. Cores garridas, espalhafato mil, e tecnologia de realidade aumentada a roçar o absurdo.
A transição para "Lover" é, no mínimo, estranha. Mas Swift é uma performer dotada e em poucos segundos faz-nos crer que os VMAs tinham ficado para trás e que estavamos a assistir ao início da sua próxima digressão numa arena a rebentar pelas costuras. E a forma como o público vibrou com um tema tão recente e emotivo foi demasiado bonito.
Quem é que se lembrou de convidar Sebastian Maniscalco para anfitrião, mesmo? Céus, não me recordo de outro humorista com uma noção de comédia tão lenta e pastosa. Uma cerimónia tão recheada como os VMAs dispensa apresentador, como tantas vezes tem acontecido nos últimos anos.
Incrível como Cardi B é capaz de captar as atenções do espectáculo para si. Em ano de menor relevância, conquistou o troféu de Best Hip Hop por um tépido "Money" e ainda fez um hilariante discurso de apresentação para o Prémio Vanguarda de Missy. Que essa personalidade vibrante nunca se apague.
O momento é de Lizzo. E pensar que há um ano quase ninguém dava pela sua existência e este Verão aí a temos a espalhar a sua mensagem de auto-afirmação e aceitação corporal, pela obra e graça de canções de há 2/3 anos. Podiam ter sido "Juice", "Cuz I Love You" ou "Tempo", mas fez todo o sentido que "Truth Hurts" fosse a eleita. Mas o momento alto foi mesmo a rendição gospel do terapêutico "Good as Hell", que não acaba o ano sem virar hit (merecido) também.
A tradição manda que pelo menos uma das performances da noite seja feita no exterior. A deste ano coube aos reunidos JoBros, numa celebrada fusão de "Sucker" e "Only Human" que os levou do The Stone Pony até a um palco montado à beira da praia.
Lil Nax X deve ser o primeiro rapper da história a levar coreografia ao palco dos VMAs. Ponto positivo por isso e negativo por tê-lo levado muito possivelmente a fazer playback em "Panini". Não há muito para apreciar no pós-"Old Town Road", e nem um universo construído em torno de Tron vai alterar isso. Mas o miúdo esforça-se (em vão).
É ponto assente que a actuação de Missy Elliott resulta no ponto alto da noite. Uma lição de história e pioneirismo que atravessa duas décadas do hip hop. O arranque com o novinho em folha "Throw It Back" é über cool, a passagem por "The Rain" de Supa Dupa Fly leva-nos às suas histórias fundações (com direito ao saco de lixo insuflado), o combo entre "Get Ur Freak On" e "Work It" é absolutamente insano, mas é a secção de "Lose Control" que leva o público ao delírio.
O êxtase de Bebe Rexha é a reacção de todos nós. Seja pelo facto destas canções estarem adormecidas há anos e terem despertado um mega ataque de nostalgia, ou pela simples razão de continuarem tão ridiculamente boas como na época, o certo é que esta foi a actuação de tributo mais celebrada na história dos VMAs. Ninguém ficou parado!!
Ahh, que bonito foi ver Missy a agradecer de forma sentida a todas as pessoas que tornaram estes 22 anos possíveis (com menção especial à comunidade da dança, que sempre caminhou a seu lado). Foi notório o quão primordial este Prémio Vanguarda foi não só para devolver Missy ao mainstream como também para lhe dar um alento para os anos que hão-de vir. Regenerou-se a cada palavra, aplauso e sorriso. Um ícone humilde e amado por todos nós.
É o terceiro ano consecutivo que levamos com Shawn Mendes no palco dos VMAs, sendo que 2019 teve direito a dose dupla: primeiro com "If I Can't Have You" e mais tarde no aguardado encontro com Camilita em "Señorita", no dia em que o dueto chegou ao nº1 da Hot 100. Escusado dizer que, à semelhança do tema, Camila fez a actuação. Esperávamos chamas em vez de luminárias, mas a fabricação Shawnmilla esteve fortíssima.
Taylor, I love you and imma let you finish but... o Vídeo do Ano pertencia apenas ao "Thank U, Next". Claro que em termos de narrativa e contexto se adequava muito mais a vitória de Swift, mas sabemos que foi Ari quem parou verdadeiramente a internet e gerou todo um sismo na cultura pop graças ao vídeo de Hannah Lux Davis. Seja como for, foi a segunda vitória de Taylor nesta categoria, quatro anos após o triunfo de "Bad Blood". E francamente nenhum dos dois está entre os melhores vídeos do seu catálogo.
Ninguém sabe muito bem como - até ao dia anterior a sua actuação não tinha sido sequer anunciada - mas Miley Cyrus lá achou o seu caminho para o lote de performers. Ahistória de Miley confunde-se com a dos próprios VMAs, por isso faz todo o sentido que a máxima prevaleça e cada era sua seja apresentada em palco. "Slide Away" teve dor, entranhas e coração a rodos. Oh sim, e é uma canção do caraças.
Sem contrariar as expectativas, "Old Town Road" vence na categoria de Canção do Ano. Quase cinco meses de liderança na Billboard Hot 100 não deixam margem para grande dúvida, mas foi mais uma oportunidade perdida de "Thank U, Next" reclamar alguma da sua importância.
Mais emocionante que a história de superação de Lizzo, é a da ascensão de Rosalía, a estrela da vizinha Espanha que está a tomar o mainstream de assalto. Vejam: em Novembro passado estreou-se nos EMAs de Bilbau e menos de um ano depois já chegou ao palco dos VMAs. É disto que os sonhos são feitos.
"A Ningún Hombre" recuperado a El Mal Querer deu o mote à mega actuação, que englobou ainda o fresquinho "Yo x Ti, Tu x Mi", flanqueado por Ozuna, e um inesperado "Aute Cuture", que firmou bem as suas intenções de estrelato pop. Só faltou a passagem por "Con Altura", apesar de J Balvin estar no mesmo edifício. Céus, até onde chegará a lenda de Rosalía?
Por incrível que pareça, Normani até nem esteve no lote das mais memoráveis da edição, numa noite que deveria ter sido dela. Talvez por ter sido colocada no final do alinhamento (praticamente colada a "Anti" de HER) e já muito de memorável se ter passado, talvez porque houve problemas de som à mistura, ou simplesmente pelo facto de ser impossível fazer melhor do que aquele estrondoso videoclip, o certo é que "Motivation" apenas cumpriu, sem impressionar.
O quê? Uma armada inteiramente nova-jersiana que incluía Queen Latifah, Naughty By Nature, Redman, Fetty Wap e Wyclef Jean a encerrar os VMAs? Claro que sim, já vimos coisas mais improváveis. Foi um sábio tributo à cidade que acolheu a edição deste ano, e que é um dos pilares da cultura do hip hop. Afinal a MTV ainda tem a lição estudada.
Fiquem então com as actuações deste ano:
Esta é capaz de ter sido a melhor cerimónias dos VMAs em anos recentes, ainda assim longe do seu auge ou de proporcionar momentos dignos de figurar no panteão da cultura pop. Prémios mal distribuídos à parte, apenas foram de lamentar as ausências de Ariana Grande e Billie Eilish, ambas em digressão pela Europa. Para ano o haverá (sempre) mais.
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