REVIEW: Justin Timberlake- The 20/20 Experience

 
Demorou, mas finalmente estou pronto para deitar a mão a The 20/20 Experience, o muito aguardado álbum que assinala o regresso de Justin Timberlake após 6 anos e meio afastado do panaroma musical. Mal consigo pôr em palavras aquilo que estou a sentir, tal é o meu entusiasmo perante a importância do momento. Sem mais demoras, a experiência começa agora:
 
1) Pusher Love Girl- O 1º tema faz-me recuar à era dourada dos grandes cantores negros da soul, se bem que todo ele é uma miscelânea de influências que vão desde o R&B, funk, hip hop e retro-tudo-e-mais-alguma-coisa. JT canta acerca dos efeitos intoxicantes do amor e deslumbra com o seu precioso falsete. É puro ouro reluzente: melhor começo era impossível. (9/10)
 
2) Suit & Tie- Que ponha o dedo no ar quem não torçeu o nariz quando o ouviu pela primeira vez. Ninguém esperava que o seu tema de regresso soasse assim: tão retro e nada pop. Mais de 2 meses após me ter trocado as voltas, hoje olho para "Suit & Tie" com considerável respeito. De traço clássico e corte fino, faz-me mais sentido agora que compreendo o todo. (8/10)
 
3) Don't Hold the Wall- Ao 3º tema as coisas ganham outra proporção com a súbita mudança de ares: da soul funky para a pop inebriante. Em "Don't Hold the Wall" Justin prova porque merece o trono de Mickael Jackson, e Timbaland, mestre e senhor da batida, merece destaque. Tribal, sedutoramente ritmada e propícia a coreografias geniais, de certo que deixaria MJ orgulhoso. (9/10)
 
4) Strawberry Bubblegum- Para cantarolar descontraídamente e saborear lentamente. Assim é este híbrido entre pop, R&B e soul que me traz de novo a memória de MJ à cabeça. É difícil, porém, não desatar à gargalhada com a sua inesperada metamorfose em jeito de melodia de elevador/cruzeiro que lhe tira algum crédito. É o habitual sentido de humor de JT transposto para a sua música. (9/10)
 
5) Tunnel Vision- Até agora não encontrei nenhum tema que não adorasse, mas estaria a mentir se não dissesse que este mexe mais comigo do que qualquer outro. Vai buscar o melhor de Justified e FutureSex/LoveSounds e deixa-me à beira da locura com tamanho brilhantismo. Tal como cientistas malucos, Timberlake e Timbaland acabaram de criar a melhor invenção das suas vidas. Confere: vai-me assombrar durante muito muito tempo. (10/10)
 
6) Spaceship Coupe- Do planeta Terra directamente para uma galáxia distante, JT convida a luz dos seus olhos para uma viagem espacial, repleta de trocadilhos intergalácticos pouco inocentes. Parece-me ser a canção mais tontinha do álbum, mas agrada-me bastante escutar os sintetizadores num elevado nível gravitacional. Só há um senão: os gemidos porno-galácticos que retiram a magia à experiência. (8/10)
 
7) That Girl- Recuamos de novo aos tempos da grafonola num tema em que Justin se rende aos encantos de uma rapariga. Aprecio o facto de não ter qualquer trocadilho maldoso (é todo ele uma sincera declaração de amor vinda da parte de um autêntico cavalheiro) e de ter uma duração q.b (é o tema mais curto) sem entrar por metamorfoses desnecessárias. Gosto bastante mas não do mesmo modo como outras que já ouvi. (8/10)
 
8) Let the Groove Get In- Justin dá a ordem e eu não resisto a cumpri-la sem hesitação alguma: a batida entranha-se de tal forma que dou por mim a dançar efusivamente (não que seja preciso muito para que tal aconteça). É deliciosa, estupidamente contagiante e só peca por ser um pouco repetitiva. Instrumentalmente falando é do mais diverso e entusiasmante que se ouve no álbum e a sua mutação é ainda melhor. (9/10)
 
9) Mirrors- Pode-se dizer que é o único tema nitidamente pop do disco. Está envolto de uma nostalgia e ingenuidade que há muito tinha desaparecido da pop moderna e em boa hora JT recupera esse sentimento que julgava perdido. A batida é ouro sobre azul, a letra é comovente (a melhor do álbum) e a interpretação de Justin é impecável. Aponto-lhe apenas uma coisa: ao contrário dos restantes temas, aqui a longa duração não se justifica. Não fosse isso e era perfeita. (9/10)
 
10) Blue Ocean Floor- E julgava eu que já tinha ouvido de tudo. Nada me fazia prever encontrar um tema assim neste álbum e muito menos vindo de Justin Timberlake. Etéreo, denso e assombroso, é o momento mágico do disco e do qual JT deveria estar mais orgulhoso: é um autêntico marco na sua carreira. Dou-lhe 10 pela ousadia, genialidade e pela profundidade emocional com que me atingiu. (10/10)
 
Chego ao fim desta experiência com a sensação de ter ouvido um dos melhores álbuns da minha vida. Quando pensava que me era impossível admirá-lo mais, eis que acabo de perceber que o admiro como nunca antes admirei ninguém. Porque Justin Timberlake acabou de me dar 10 excelentes razões para o idolatrar ligeiramente mais. De "Pusher Love Girl" a "Blue Ocean Floor" vivi intensamente esta experiência que me fez viajar por diferentes eras musicais, sonoridades e estados de espírito, mas sempre com a noção presente de estar a ouvir uma obra-prima coesa, brilhantemente pensada e executada.
 
The 20/20 Experience ultrapassou todas as minhas expectativas que já por si eram grandiosas. Sinceramente pensava que lhe era impossível superar FutureSex/LoveSounds mas não podia estar mais enganado: aliás, parece que só agora é que começamos a ver o alcance do verdadeiro poder de Justin Timberlake. Tenho também que elogiar a sua fabulosa parceria com Timbaland: são a dupla mais arrasadora que pode haver nos meandros da música contemporânea. Reparem que eu já nem chamo pop ao que JT faz, é sim um híbrido entre o passado, presente e o futuro que ultrapassa todos os limites, barreiras temporais e lugares comuns.
 
Uma vez mais, Justin Timberlake provou ser o digno sucessor de Mickael Jackson para ocupar o trono de Rei da Pop e deu-nos razões de sobra a todos por termos esperado mais de 6 anos pelo seu regresso. O melhor de tudo? Baralhou e revolucionou isto tudo outra vez. Palavras e meros elogios não são suficientes para descrever aquilo que fez. Um enorme e sincero obrigado, grande Justin.
 
Classificação: 8,9/10

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