Not Just a Girl

Gwen Stefani-"Cool"
Love. Angel. Music. Baby. (2004)
 

 
Há meses que tenho este post planeado na minha cabeça. O mundo da música nunca dorme e obriga-me constantemente a mudanças de planos e ao adiamento de posts. Este espaço então é o que mais sofre com tais alterações: perdida a oportunidade, há que saber esperar pelo momento ideal. Umas vezes porque os artistas estão em voga, outras não menos raras porque sinto necessidade de falar deles. Esta semana, o momento de Gwen Stefani chegou.
 
Para muitos, é apenas a rapariga dos No Doubt. Para mim, é uma referência dos tempos de adolescência. De certa forma, ela sempre esteve presente na minha vida. "Don't Speak", do tempo dos No Doubt, é um dos temas que mais associo à minha infância (ouvia-se vezes sem conta cá em casa) e o seu vídeo é capaz ser das minhas primeiras memórias musicais - a maçã com as larvas, a rapariga do vestido azul às bolinhas brancas e com uma pinta na testa, o suor que dela pingava em bica - tudo isto me fascinava, ainda sem saber porquê.
 
Foi então que fui crescendo e percebendo que Gwen era uma rapariga bem diferente daquelas que eu via na MTV - irreverente e algo estouvada - mas havia ali algo mais que não conseguia decifrar. Eis que em 2004 decide fazer uma pausa na banda e enveredar por uma carreira a solo, e foi então que conheci Gwen Stefani a fundo, ao mesmo tempo que me descobria enquanto pessoa. Foi há 9 anos atrás, tinha eu perto de 13 anos, e a era de Love. Angel. Music. Baby. foi uma das épocas musicais mais maravilhosas que já vivi. Como disse, estava a conhecer-me enquanto pessoa, a descobrir o melómano que havia em mim, e a assistir também à afirmação de Gwen Stefani enquanto nome maior da pop por mérito próprio.
 
Os meus 12/13 anos foram marcados por temas como "What You Waiting For?" (Gwen no País das Maravilhas), "Rich Girl" (Gwen, Rainha dos Piratas), "Hollaback Girl" (Gwen, a miúda fixe da claque) ou este "Cool" (Gwen em todo o seu esplendor), todos eles retratados por fabulosos vídeos de uma imaginação sem limites, completamente genial. Se hoje em dia considero a criatividade o meu nome do meio, posso agradecer a Gwen Stefani por ter despertado o criativo que havia em mim.
 
Da sua carreira a solo ainda brotou mais um capítulo  - The Sweet Escape (2006) - mas à excepção do tema título, poucas foram as canções que ficaram na memória. Gwen deu ali por encerrada a sua aventura a solo e seguir-se-ia um período de 5 anos sem que ouvíssemos falar dela. Da irreverente e estouvada rapariga dos No Doubt, Gwen tinha-se transformado aos meus olhos numa mulher repleta de surpreendentes facetas. Mas continuava a escapar-me algo.
 
Os anos foram passando, a adolescência ficou para trás e foi no ano passado, aos 20, que reencontrei Gwen Stefani, prestes a regressar à sua banda de sempre. As memórias surgiram-me em catadupa e senti que voltava à minha infância, a esse tempo tão feliz. Mas senti também que precisava de fazer algo para me reaproximar dela. Ouvir os seus temas a solo não bastava, era preciso algo mais. Foi então que decidi explorar o legado dos No Doubt, partilhando aqui no blog essa minha descoberta numa colecção de posts que intitulei The Amazing No Doubt Experience.
 
E foi ao ver e ouvir o passado dos No Doubt e recordando a sua carreira a solo que a compreendi em pleno e sucumbi aos encantos daquela que hoje considero ser uma das mulheres mais interessantes do panorama artístico. Do alto dos seus 43 anos, Gwen permanece uma jovem de 20 e pouco e, acima de tudo, nota-se que é feliz ao lado dos seus companheiros da banda.
 
Acerca da carreira a solo, diz não ter passado de uma aventura sem importância, mas eu cá tenho um especial carinho por esse seu "desvio de rota". O que me levou a escolher "Cool", tema que gosto bastante não pela temática em si, mas pelas memórias que evoca, foi o simples facto do vídeo mostrar a faceta mais apaixonante de Gwen enquanto artista e mulher.
 
Se há 18 anos atrás afirmava ser apenas uma rapariga, hoje em dia não restam dúvidas de que é uma mulher deveras encantadora, o sonho de qualquer homem. Para mim é capaz de já estar fora do meu alcançe, mas construiu e alimentou o meu sonho quando mais precisei. Obrigado, Gwen. 

Comentários

  1. Sinto que estou a explodir por dentro, e também que já esgotei todo o leque de palavras que tenho para me referir aos textos deste espaço...

    Podia começar por dizer que foi o teu melhor post, o mais belo, o mais endurecedor... E a lista continuava! Mas não, não vou por ai hoje.

    A Gwen, um pouco à tua semelhança é uma artista muito especial para mim, invoca rapidamente as minhas primeiras memórias musicais, os dias em quem via MTV e esperava incansavelmente por uma musica que gostasse, ou me perguntava quem era o "feat.", pessoa incansável que também aparecia em quase todas as musicas!

    Seja com os No Doubt, ou mesmo em nome próprio, a Gwen sempre me ficou na memória como a melhor artista desses tempos. Acho que a culpa se dá muito aos seus videos clips, explosões de criatividade, que quando saltavam para a tela do meu ecrã, despertavam uma eforia em mim inexplicável. E foram tantas as facetas que lhe vi, e para sempre ficaram guardadas na minha memória, seja como femme fatale matadora no "It's My Life", Alice no País das Maravilhas no "What You Waiting For?" ou mesmo "Gwen em todo o seu esplendor" como tu dizes neste "Cool", na minha opinião o video musical mais belo de todos os tempos, a Gwen de certa forma acaba por fazer parte do meu ser.

    É com alguma pena que provavelmente não veremos mais a Gwen a solo, mas se assim não for terei de a apoiar, como já faço agora, nos No Doubt!

    Parabéns pelo post, e bem agora é tempo de rever os clips de dela!

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  2. Estava para falar dela desde Setembro do ano passado, quando os No Doubt lançaram o Push and Shove, mas entretanto tive que atender a outras prioridades e fui adiando interminavelmente, até hoje. Mas ainda bem que assim foi, porque certamente não teria sido tão bom e sentido como agora.

    Ela própria afirmou que a sua carreira a solo foi um erro. Talvez agora o ache, mas na altura fez todo o sentido: nem tu nem eu lhe daríamos tanto valor se isso não tivesse acontecido. E as pessoas puderam ver que havia uma outra Gwen que não conheciam. Para além de ter tido óptimos resultados comerciais, fez muito pelo panorama musical da época: os temas eram muito bons, cheios de influências dos anos 80 e os vídeos eram autênticas obras primas!

    É certo e sabido que daqui em diante ela estará sempre com os No Doubt e mesmo que o sucesso já não seja o mesmo de antigamente, é de louvar que ela esteja feliz ao lado deles e a fazer aquilo que gosta. No final do dia, ela escolhe a amizade e a integridade artística em vez dos milhões que poderia fazer a solo. E isso é o mais importante.

    Muito obrigado pelo comentário: nada se compara à gratificação que os teus comentários me proporcionam depois de ter deixado neste blog mais um pedaço da minha alma. As palavras, mesmo que repetidas, nunca serão demais. Só ao ler a parte em que dizes "sinto que estou a explodir por dentro", senti que o meu objectivo foi cumprido.

    Afinal de contas, também eu estava a rugir de emoção à medida que escrevia o texto. Obrigado!

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  3. Lindo! Oh Rodrigo não acredito que te perguntavas quem era o "feat." lool que lindo!
    Quanto ao post acho muito bem teres dedicado um tempinho a esta cantora/artista fantástica, porque tal como tu ela também marcou a minha infância e "Cool" é uma das minhas músicas preferidas de sempre e sei a letra de frente para trás e de trás para a frente! Marcou-me mesmo pela positiva esta cantora. E "don't speak" para mim é um clássico lol que é um must todos conhecerem!

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  4. *tal como aconteceu contigo ela também marcou a minha infância lool saiu mal. Mas também marcaste a minha infância claro lool

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  5. AHAHAHAHAHAHAHA que comédia!!! Mas olha que não dei pelo erro no 1º comentário, só com a tua correcção é que me apercebi. Sim, lembro-me perfeitamente que na altura estavas completamente fixada na música e no vídeo. Até chegaste a gravá-lo na tua máquina fotográfica (em 2005 ainda nao conheciamos o youtube lol).
    É uma referência para todos nós, está visto. Ah e também tu és uma referência da minha infância, pois claro. Eras a única pessoa com quem podia ter conversas interessantes acerca de música. Bons tempos!

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