Odisseia Musical: 2004, O Fascínio- Parte II

Em 2004 eu e o meu discman éramos inseparáveis. Sim, porque ipods e afins ainda eram luxos inacessíveis para o comum dos mortais. Não andava com ele para todo o lado, visto que a portabilidade não era o seu forte, mas trazia-o sempre comigo quando queria escutar algum dos poucos discos que possuía, fosse em casa ou em viagem. E é aí que quero chegar.

Ao contrário da maioria, eu sempre adorei viagens longas. Não por questões paisagísticas ou de auto-descoberta mas sim porque são o ambiente perfeito para ouvir música. Conversar é também uma boa alternativa, mas à medida que os quilómetros vão passando, as palavras esgotam-se. Mas a música, essa, nunca cansa. Pelo menos para mim.

Ora, eu já nem me lembro da última vez que fiz uma viagem com uma duração superior a 30 minutos em que não ouvisse música a partir de uma playlist por mim escolhida - o rádio não conta -, daí que os meus primórdios de melómano caracterizam-se por essa particularidade: é quase um ritual, uma condição obrigatória presente em longas deslocações.

Salvo raras excepções, para mim o mais importante de uma viagem não é o que acontece quando se chega ao destino, mas a deslocação em si. Devem estar a pensar que isto é um devaneio digno de um maluco, mas quando se gosta de música da forma que eu gosto, é uma forma de ser e estar na vida.

Em viagem todos os nossos sentidos se apuram e concentramo-nos naquilo que nos rodeia. Eu foco-me na música que oiço e é aí que a consigo sentir em todo o seu esplendor: eu e ela somos um só. E depois o meu vasto imaginário trata do resto, fazendo com que a experiência adquira contornos inesquecíveis. Durante todo o percurso, acreditem, sou o rapaz mais feliz do mundo.

Quando a viagem chega ao fim, acordo da fantasia em que havia mergulhado e dou por mim a desejar que o destino fosse mais longínquo. Mas o bom das viagens é que, para além da ida, também há um regresso, e se em casa estou sempre rodeado de música, longe dela sinto-me incompleto. O que vale é que a vida em si é uma longa viagem e eu fiz da música o meu caminho.

Os temas que mais me marcaram

9º Natasha Bedingfield- "These Words", Unwritten

Desde este tema que tenho um carinho especial por Natasha Bedingfield, uma artista que traz o sol dentro dela. "These Words" é uma canção pop perfeita que nasce da frustração típica de um bloqueio criativo. O tema enche-me de alegria genuína e o vídeo é um colírio para os olhos e para a imaginação.


8º Gwen Stefani- "What You Waiting For?", Love. Angel. Music. Baby.

Em 2004 Gwen Stefani lançava-se a solo e todos os receios e frustrações do processo deram origem a "What You Waiting For?", o tiro de partida de uma aventura fugaz mas memorável. Guardo tão boas memórias desta era: o vídeo, em jeito de Gwen no País das Maravilhas, marcou-me mais do que o próprio tema e contribuiu imenso para o despertar da minha criatividade.


7º Ciara/Missy Elliott- "1,2 Step", Goodies

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que ouvi esta música e fiquei completamente fascinado com a batida. Pois claro, foi aqui que começou também a minha admiração por Ciara, aqui com uns imberbes 19 anos e a dar os primeiros passos. "1, 2 Step" era hipnotizante e ainda hoje me faz tirar o pé do chão. Bons tempos, estes, em que Ciara tinha sucesso.


Os álbuns que mais me marcaram

3º Britney Spears- Greatest Hits: My Prerogative

Após 5 anos de uma carreira curta mas recheada de feitos impressionantes, Britney Spears lançava aos 22 anos o seu primeiro best of, aquele que seria o seu último lançamento antes de descer ao inferno e cair em desgraça. Por esta altura Britney estava no topo do mundo, era inquestionavelmente a Princesa da Pop e eu nutria por ela uma grande admiração. Aqui reside a história da primeira metade de um dos percursos mais fabulosos da pop da década passada, da miúda inocente de uniforme à rapariga provocadora que estava a revolucionar os parâmetros da pop. É um autêntico disco de algibeira.
Este é o álbum de: "My Prerogative" e "Do Somethin'"

Fim da parte II. A odisseia musical do ano 2004 prossegue na próxima semana. Fiquem desse lado e não percam os próximos capítulos.

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