The Voice Portugal- Batalhas: 10º Programa

As batalhas chegaram ao fim de forma pacífica, quase sempre com justos vitoriosos e sem grandes derrotados. Contrariamente ao que seria de esperar, não guardaram os melhores duelos para o fim, mas a emissão foi francamente superior aos dois últimos programas. Eis o que tenho a dizer acerca de cada combate:

Equipa Rui Reininho
Tiago Garrinhas VS Gabriela Pina- "Time Is Running Out"

É curioso pensarmos que os dois cantaram a mesma canção na Prova Cega, que tenham tido a seu cargo a derradeira batalha (que não ingenuamente, é sempre o melhor momento de cada programa) e que o tempo estivesse de facto a esgotar-se tanto para um dos dois como para o próprio The Voice. Foi um dos maiores embates jamais vistos na arena: houve cumplicidade, entrosamento, entrega e magma libertado de uma actuação deveras vulcânica. Gosto dos dois, mas queria muito que o Tiago seguisse em frente, porque aquele rapaz é uma lenda à espera de ser escrita: a postura em palco é de gigante e a forma como faz o que quer da voz - os agudos não ficaram nada aquém dos de Mr. Bellamy - é impressionante de se ver e ouvir. A Gabriela justificava e bem a salvação, mas o facto dos mentores terem andado a brincar ao "sorri para mim" e de ter ficado para o fim, ditou que assim fosse. 



Equipa Marisa Liz
Sandy Soares VS Gabriela Marramaque- "Skyfall"

Tinha tudo para resultar porque a canção é sublime e elas duas concorrentes bastante promissoras, mas nunca chegou a ser tão grandioso quando deveria ter sido. Isto porque nem o tema nem elas se adequavam ao momento que ali se viveu - pois, aqui a Marisa não pensou com clareza. Foi renhido e nunca deu verdadeiramente para ver quem se destacava: o que a Sandy tinha em poder, a Gabriela tinha de sobra em técnica e segurança, o que é notável para alguém tão jovem. E creio que terá sido aí que pesou a decisão da mentora. Para além do mais, estou expectante para ver até onde a Gabriela poderá ir e descobrir o que mais tirará da cartola.


Equipa Anselmo Ralph
Ricardo Costa VS Rui Drumond- "Impossible"

Não sei o que será pior: ter dois bons concorrentes de perfis completamente opostos juntos na mesma batalha ou inseridos na equipa do Anselmo. Foi estranho, de facto. Olhava para o Ricardo e só sentia vibrações de "get up, stand up" e depois para o Rui que estava numa de "how am I supposed to live without you", a cantar de coração nas mãos. Isto é, se virmos a coisa em separado, estiveram os dois muito bem, cada um no seu território. Gostei da originalidade com que o Ricardo atacou os versos, mas por vezes saía borda fora, quanto ao Rui nem se fala: é uma honra enorme poder contar com alguém do calibre dele neste programa e é sempre comovente vê-lo em acção. Acho que o Anselmo ainda nem percebeu bem o trunfo que tem em mãos: se ganhar o programa, será com este concorrente. Quanto ao Ricardo, acho que ficou muito melhor entregue na equipa do Reininho.



Equipa Marisa Liz
Miguel Monteiro VS Inês Lucas- "Somebody That I Used to Know"

Tendo bem presente aquilo que o Miguel fez com "Georgia on My Mind", esperava muito mais dele. Não sei se por estar num dia menos bom a nível vocal, ou se por estar demasiado concentrado em agradar à mentora e provar que transportava na voz o sentimento que ela tanto procurava (e bem se viu a cara ávida com que ela estava à espera de ser arrebatada) aquilo não lhe correu como era suposto. Para meu grande espanto, gostei mais da Inês e daquilo que fez com a canção, acho que percebeu melhor o sentimento que deveria transparecer. Mas depois dou por mim a torcer pelo Miguel, nem que seja para perceber se aquilo que fez na Prova Cega foi um feliz acaso ou algo mais. É que aquele falsete dele é assim qualquer coisa... upa upa.



Equipa Anselmo Ralph
Maria Santos VS David Fonseca- "Royals"

Tinha-me ficado gravada na memória a Prova Cega da Maria - o belíssimo tratamento acústico que deu a "La La La" - por isso estava ansioso por voltar a vê-la. Já o David facilmente passou-me despercebido no meio de tantas e boas vozes, de modo que nem sabia bem o que esperar da parte dele. Não foi uma batalha, foi um dueto bastante cativante - daqueles que nos obrigam a parar o que estamos a fazer - vindo de dois músicos promissores que mereciam ambos ter seguido em frente, pois seriam uma mais-valia para o programa. Gostava mais da voz da Maria, mas o David também se presta para cantar e depois toca guitarra de forma exímia - então aquela mudança de acordes a meio da canção deixou-me levemente impressionado (assim um pequeno "oh").



Equipa Rui Reininho: Fábio de Sousa VS Glória Pretórius- "Heavy Cross"- Duas coisas que posso retirar daqui: todas as semanas fico agradavelmente surpreendido pelas escolhas musicais do Rui Reininho (só mesmo ele para se lembrar de Gossip) e por um ou mais concorrentes que são capazes de mudar a opinião que tinha a seu respeito. Refiro-me ao Fábio, que não me agradou particularmente na sua versão de "Rolling in the Deep" e agora convenceu-me totalmente nesta canção que favorecia em tudo a Glória (nem que seja porque é cantada por uma mulher também cheia de garra), que pelo contrário, foi um tanto ou quanto decepcionante. Na verdade, o caso dela faz-me lembrar o da Elisabete: boas vozes dadas a voos peculiares que acabam por desvirtuar as canções. Não a teria escolhido, mas sabendo como o Reininho preza bastante este lado mais invulgar dos artistas, não fiquei admirado.

Equipa Mickael Carreira: Mário Pedrosa VS Diogo Correia- "Closer to the Edge"- Da última vez que conferi, o Mário nem por sombras figurava na ala dos rockeiros, mas isto para o Mickael também é muito relativo e nem se lhe pode pedir mais. Curiosamente, acabei por gostar mais da prestação dele do que da do Diogo - que, sinceramente, para homem do rock também deixa muito a desejar - talvez porque nos ensaios dava a entender que seria um desastre e chegado à arena, foi simplesmente mehhh sem o mau à mistura. Das piores batalhas da noite.

Equipa Mickael Carreira: Catarina Correia VS Catarina Alves- "Guess It's Alright"- Acho que pior do que a anterior, só mesmo esta. Mas não quero ser mauzinho com as miúdas porque para além de serem muito jovens, fizeram o que podiam com este pexisbeque de canção. Para elas é que teria resultado bem um "Royals", já que também se prestam para tocar guitarra, mas enfim... Concordo com a escolha da Alves, que por acaso tem uma voz muito semelhante à da Ana Free (o que é feito dessa moça, já agora?). Destaque para a derrotada que, apesar da tenra idade, soube defender muito bem o seu caso e argumentou como gente grande (aliás, como nenhum outro candidato soube fazer). Temos uma valentona.

Fim das batalhas. Embainham-se as espadas, tratam-se dos feridos e fazem-se as contas ao que delas resulta - material para um excelente programa de televisão e um punhado de derrotados que chegariam para preencher um outro da concorrência. Comparativamente às da edição inaugural, estas foram um tanto ou quanto frouxas, apesar dos candidatos serem melhores (talvez as parelhas é que não foram bem pensadas), mas depois não houve tanto entusiasmo e emoções à flor da pele, pois a repescagem impedia que assim fosse, dando-nos a sensação de que as decisões tomadas nunca seriam definitivas e poderiam ter resultados diferentes. Assim sendo, as batalhas até se tornaram mais tolerantes, digamos. Lembro-me perfeitamente de assistir às da 1ª edição sempre com o coração nas mãos e a terrível sensação de poder perder os meus candidatos favoritos. Já nestas, o desfecho muitas vezes era previsível e não houve espaço para grandes taquicardias.

Outra alteração que dei conta foi o facto de desta vez os mentores não terem tido "conselheiros" ao seu lado, como acontece lá fora. Nem era necessário gente ilustre, mas apenas uns quantos iluminados com capacidade para impedir o Mickael e Anselmo de cometerem alguns ultrajes que feriram a dignidade de muitos espectadores. 

10 programas volvidos e agora que começamos a entrar numa fase decisiva do programa, acho que já estou em condições de poder dizer quais são os meus concorrentes favoritos. Gosto de muitos, mas há quatro que me deixam em êxtase: Luís Sequeira, Rui Drumond, Mariana Bandhold e Tiago Garrinhas. Naturalmente que considero serem também, neste momento, quatro justos vencedores, mas ainda é cedo para tecer tais vaticínios quando ainda há tanto por acontecer e decidir. No próximo programa começam os 'Tira-Teimas' e aí sim, as coisas ficarão mais claras - que tombem os fracos e se exponham os embustes, é só o que peço. Até para a semana!

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