Os 50 Melhores Álbuns Internacionais da Década: 20º-11º


Entramos na área dos grandes colossos:


20º Britney Spears- Femme Fatale (2011)


Femme Fatale é o último dos álbuns de Britney Spears enquanto a superestrela planetária que sempre conhecemos, estruturado pela mega-equipa de titãs que é em parte responsável pelo seu sucesso: de Dr. Luke, Max Martin, Benny Blanco, Bloodshy, Cirkut, Darkchild, Shellback aos Stargate. E é, sobretudo, um álbum de dança excepcional do primeiro ao último tema, marcado por elementos de dubstep, techno, rave e electrónica um nadinha mais tradicionais e acessíveis que os presentes em Blackout (2007). Moram aqui também os últimos dos seus hits - "Hold It Against Me", "Till the World Ends" e "I Wanna Go" - bem como verdadeiros colossos na acepção de "(Drop Dead) Beautiful" ou "Seal It with a Kiss", e três dos temas mais interessantes do seu percurso ("How I Roll", "Trip to Your Heart" e "Criminal"). A entrada nos trinta e, claro, will.i.am, tinham que estragar tudo.


19º Lorde- Melodrama (2017)


Era uma vez uma adolescente neozelandesa de 16 anos vinda de uma cidade sem código postal que mudou a face da pop e se tornou no símbolo de mudança de um tempo e de uma geração. Essa adolescente cresceu, viajou à volta do mundo inteiro, viveu o seu primeiro desgosto de amor e fez um álbum tremendo, vívido e intenso, sobre a entrada na vida adulta com a juventude ainda presa aos ossos. Onde Pure Heroine (2013) era minimalismo e dream pop soturna, Melodrama é maximalismo pop puro e garrido. Onde a sua colecção de estreia era flanqueada pelo compatriota Joel Little, o sucessor chamava a si Jack Antonoff, confirmando-o como um dos melhores produtores da sua geração. Os sentidos e as texturas expandem-se, as suas vastas capacidades líricas e autorais crescem desmesuradamente, e à excepção de dois interlúdios pouco fundamentais para a narrativa, não há ponta de mácula neste seu segundo disco. Todos poderíamos ter sonhado, mas ninguém conseguiria adivinhar que Lorde cresceria assim. 


18º Paramore- After Laughter (2017)


Ninguém sabia se os Paramore sobreviveriam à saída tumultuosa de um terceiro elemento da banda, quanto mais o que poderia resultar daí. Levou-lhes quatro anos desde o revigorante Self-Titled (2013), mas aos poucos After Laughter ganhou forma e tornou-se na versão possível, madura, e ferida do grupo, entretanto com Zac Farro de novo aos comandos da bateria. Não há mais vestígios do emo, da pop punk e do rock alternativo que marcaram os seus últimos trabalhos, antes uma garrida exploração sónica de paletas new wave, synthpop e pop/rock à solta num disco que, em contraste, lida com sérios problemas de saúde mental, como a depressão, a ansiedade social ou a tristeza que teima em permanecer mais tempo do que seria devido. Temas como "Rose-Colored Boy", "Fake Happy", "26", "Grudges", "No Friend" ou "Tell Me How" são compêndios de crescimento, elevando-os a novos máximos de aclamação crítica. Continuámos juntos. 


17º Taylor Swift- 1989 (2014)


Se é verdade que há um passado glorioso na country que não pode ser apagado, para muitos o registo discográfico de Taylor começa ao álbum nº5, no momento em que Swift decide documentar em disco as influências sónicas da década em que nasceu, entregando um trabalho assumidamente pop pelo caminho que a transformou na maior superstrela do planeta. Erguido com a ajuda de uma equipa de estetas de luxo que incluía Max Martin, Jack Antonoff, Greg Kurstin, Mattman & Robin, Shellback ou Ryan Tedder, 1989 foi trilhado com uma fabulosa campanha promocional que compreendeu sete (!) singles, entre eles "Shake It Off", "Blank Space", "Wildest Dreams" ou "New Romantics", mas canções como "All You Had to Do Was Stay", "I Wish You Would", "How You Get the Girl" ou "I Know Places" ajudam a explicar o porquê de se ter tornado num dos álbuns mais bem-sucedidos e aclamados da década. 


16º Foster the People- Supermodel (2014)


Como qualquer banda que se preze que tenha tido um arranque de carreira fortíssimo nesta década, os Foster the People perderam o embalo ao segundo disco. Mas que fique claro que Supermodel (2014) é um disco bestial e liricamente mais obscuro, assente nos conceitos do consumismo e do capitalismo enquanto corruptores da sociedade moderna e na forma como nos percepcionamos em função das redes sociais, abandonando o lado mais indietronica de Torches (2011) em prol de uma sonoridade mais orgânica, à base de guitarras, que não descura a costela pop. O que se perde em imediatismo e aclamação universal ganha-se em textura e robustez sónica, como "Are You What You Want to Be?", "Coming of Age", "Pseudologia Fantastica", "Best Friend" ou "A Beginner's Guide to Destroying the Moon" bem o comprovam.


15º Justin Timberlake- The 20/20 Experience (2013)


Foram sete anos de penosa ausência, colmatados por um grandioso disco que se revelaria a primeira parte -  e a mais interessante também - de um projecto díptico. E se é verdade que seria muito difícil suceder a um álbum tão revolucionário quanto FutureSex/LoveSounds (2006), The 20/20 Experience segurou bem o peso das expectativas com uma dezena de canções expansivas de arquitectura neo soul com uma duração média de sete minutos - inspiradas nas estruturas dos temas rock da década de 60 e 70 - com variadas mutações rítmicas e harmónicas e produzidas sob a batuta do próprio Timberlake, Jerome Harmon e o sempre fiel mago Timbaland. "Don't Hold the Wall", "Tunnel Vision", "Let the Groove Get In", "Mirrors" ou "Blue Ocean Floor" são pontos altos. 


14º Alt-J- An Awesome Wave (2012)


De volta ao tempo em que os triângulos eram a nossa forma geométrica favorita, os Alt-J não soavam absolutamente a nada e ninguém - e talvez por isso An Awesome Wave continue a soar de forma particularmente fantástica. Desde os primeiros acordes sagrados de "Intro" até aos arranjos étnicos de "Taro", somos convidados a entrar num ritual secreto que envolve experimentações indie pop, art rock, folktronica e trip hop em prosas quase crípticas que mencionam vários eventos históricos e episódios da cultura pop. Temas como "Tessellate", "Breezeblocks", "Matilda", "Fitzpleasure" ou "Bloodflood" encerram em si infindáveis encantos que ainda hoje nos fascina descobrir. Tão bem entregue que ficou o Mercury Prize nesse ano de 2012.


13º Florence and the Machine- Ceremonials (2011)


Estrearem-se com Lungs (2009) foi um acto tremendamente notável, dirão uns, mas entregar um segundo álbum tão ou mais brilhante foi um feito ainda maior. Tudo é intenso em Ceremonials: da produção grandiosa e opulenta de Paul Epworth, das canções ricas em ambiência pop barroca, art rock, gospel e neo soul, da voz imensa que as canta, do drama, da desolação ou da catarse que encerram. Não há ponta de mácula nos primeiros sete temas que o compõem - da recordação agridoce de "Only If For a Night", passando pela experiência espiritual de "Shake It Out", pela atmosfera gótica da belíssima "Never Let Me Go", até ao furacão tribal de "No Light, No Light" - com uma secção final a reservar-nos a cura regeneradora de "Heartlines" e a delicadeza art pop de um "Spectrum" que Calvin Harris haveria de transformar em bulldozer krautrock/disco. Em dois anos apenas, os Florence and the Machine chegavam ao Olimpo com toda a honra e glória. 


12º Bombay Bicycle Club- So Long, See You Tomorrow (2014)


Os Bombay Bicycle Club sempre foram uma banda em constante mutação, e talvez um dos seus grandes trunfos tenha estado na forma como sempre souberam atribuir uma identidade a cada álbum. So Long, See You Tomorrow (2014) nasce das viagens do vocalista Jack Steadman pela Índia, Japão e Turquia, passagens essas que deixam o seu perfume nos dez temas que compõem este seu quarto disco, revestido de explorações indie pop, indietronica, samples étnicos e dos encantadores coros de Rae Morris ("Overdone", "Luna" e no tema-título) e Lucy Rose ("It's Alright Now", "Home by Now" ou "Come To"). Faixas como "Carry Me", "Feel" ou "Eyes Off You" complementam a sensação de que este é o disco mais inebriante e maravilhoso alguma vez feito pela banda. 


11º Taylor Swift- Reputation (2017)


O mais mal-amado disco da discografia de Taylor Swift é, sobretudo, um álbum defensivo. Ao refutar as crónicas de escárnio e mal-dizer que lhe eram tecidas incessantemente pelos media, Taylor reclamou o controlo da narrativa, não sem antes entregar-se a um blackout mediático premeditado - escassas performances ao vivo, zero entrevistas - que lhe custou de certa forma o estatuto imbatível que havia alcançado. Digam o que disserem, Reputation é um disco fantástico - o mais arrojado de Swift à data - que incorpora influências trap, tropical house e EDM dentro do universo pop que já havia explorado no anterior 1989, e que nos dá temas tão ousados quanto "...Ready for It?", "I Did Something Bad" ou "Look What You Made Me Do", outros carnais como "So It Goes..." ou "Dress", ou de adorável vulnerabilidade como "Delicate", "Call It What You Want" ou "New Year's Day". Teremos sempre um apreço especial pela versão badass de Taylor.

Também disponíveis:

50º-41º
40º-31º
30º-21º

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