The Voice Portugal- Provas Cegas: 5º Programa

Foi o 5º e penúltimo round de Provas Cegas, numa altura em que as equipas dos quatro mentores estão à beira de ficar completas e a fasquia já está tão lá em cima que começa a ser redundante continuar à procura de vozes excepcionais - talvez por isso este tenha sido o programa menos entusiasmante à data. Ainda assim, vale a pena destacar os seguintes concorrentes:

Luís Sequeira, 20 anos- "High and Dry"

A noite estava a ser morna, sem grandes momentos arrebatadores, até que no último instante apareceu este rapaz. Pegou numa das canções mais míticas dos Radiohead e cantou-a com honestidade palpável e emoção a rodos, com a entrega de quem sabe ter algo de especial dentro de si e finalmente está apto para partilhar com o resto do mundo - e foi absolutamente incrível se de ver. Luís, olha que deve ter sido mesmo o primeiro dia do resto da tua vida.

Filipa Henriques, 22 anos- "One Night Only"

Fez tudo certinho. Afinação? Check. Timbre poderoso? Check. Projecção vocal? Double check. E depois escolheu uma balada estrondosa que é cantada ali no fio da navalha como se fosse a última coisa que alguém fizesse nesta vida, e que em boa hora soube agarrar com as entranhas. Nem por sombras merecia ter tido apenas uma cadeira virada, facto que é explicado pela falta de espaço que começa a haver na equipa dos mentores.

Nuno Pinto, 24 anos- "Locked Out of Heaven"

Outro velho conhecido do público. Foi o 3º classificado da OT3 em 2007, aquela mesma de onde saíram Vânia Fernandes a.k.a. "Senhora do Mar", a vencedora do programa, e o grande Ricardo Soler, medalha de prata. Deles ouviu-se falar, mas o Nuno eclipsou-se, talvez por ser ainda bastante jovem na altura e ter que amadurecer enquanto artista. Não sei se "Locked Out of Heaven" terá sido a escolha indicada (senti a falta do funk feeling), mas só de ver a paixão e entusiasmo com que a interpretou, valeu a pena. Gostei de revê-lo e espero que chegue longe, de forma a mostrar o quão evoluiu.

Débora Teixeira, 20 anos- "Why Don't You Love Me?"

Eu andava a dizer (secretamente, claro) desde o primeiro programa que a tinha visto numa fracção de segundo das promos iniciais e às tantas já começava a achar que era tudo um truque da minha mente, tal era a minha vontade de revê-la. Há 2 anos atrás foi vítima da maior injustiça das galas de Ídolos 5, tendo saído logo na inaugural depois de uma fantástica actuação de "Proud Mary" que só por si já era o suficiente para a ter colocado no top 5. Agora encontramo-la de novo, com o ego um nadinha insuflado (L.A. e o Pharrell podem esperar, ok?) ciente de que é uma popstar in-the-making e que o palco não é mais do que o seu habitat natural. Foi uma ironia tremenda ter trazido este tema, como se estivesse destinada a ser rejeitada pelos mentores, apesar dos seus inúmeros atributos artísticos. Foi uma pena, Débora, mas acredito que alguém ainda te poderá amar noutro formato (Factor X, nem mais). Até à próxima.

Não me sinto lá muito tentado/inspirado para falar dos outros concorrentes, mas vou tentar fazê-lo de forma breve. Gostei da Glória Pretorius, acho que o Rui é o mentor perfeito para ela e eventualmente vai arrasar nas Batalhas. Também gostei moderadamente da Rebeca Reinaldo ("Ai o meu nome é Rebeca, e o teu qual é? Eu quero conhecer-te pra dançar o péréré!"), da Carla Batista (e que bem que soube ouvir Ana Moura!) e do Diogo Binnema, que cantou muito bem em português. Desgostar assim de forma pouco airosa de algum candidato, creio que não sucedeu, mas confesso que não compreendi muito bem o entusiasmo em torno da Elisabete Batista que fez uma versão muito 2034 de "One and Only". 

Pegando um pouco no que disse no início do post, acerca das equipas começarem a ficar sobrelotadas, preocupa-me o facto dos últimos candidatos a tentarem a sua sorte não terem as mesmas hipóteses dos que apareceram primeiro, quando as equipas ainda tinham mais lugares vagos que uma inteira composição do metro fora da hora de ponta. Desta forma os mentores podem ser obrigados a passar ao lado de uma grande voz, quando em circunstâncias normais nem hesitariam em carregar no botão. Então mas onde é que está a justiça do programa? "Ah e tal estamos cegos, não vamos pela imagem nem carisma da pessoa, apenas pela voz, logo somos mais justos que os outros formatos". Pois que eu me lembre, nenhum dos outros tinha limitações de espaço... apenas de talento.

Felizmente que ao The Voice Portugal isso é coisa que não falta. Isso e ex-concorrentes de antigos programas. Já repararam na quantidade de "repetentes" que por aqui têm passado? Basicamente, vêm, de todos os formatos do género alguma vez feitos em Portugal - Chuva de Estrelas, Operação Triunfo, Ídolos, Família Superstar, Uma Canção para Ti e Factor X. E são em tão grande número que entretanto o The Voice arrisca-se a ganhar o subtítulo de 'Second Chance- Do or Die'. Aliás, estou numa de para a semana que vem, fazer a lista com os repetentes e os respectivos formatos de onde vieram, já que as Provas Cegas vão finalmente chegar ao fim e dar lugar às titânicas batalhas. Começem, pois, a polir as vossas armaduras e escolham o vosso lado da contenda! Até para a semana :)

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