REVIEW: Charli XCX- Sucker


Charli XCX esbanja atitude e rebeldia feminina num disco carregado de hinos pop punk desempoeirados, juvenis e estridentes. 

O plano inicial passava por gravar um segundo álbum completamente punk na Suécia como resposta ao enorme sucesso de "I Love It", que assinou e cantou ao lado das Icona Pop em 2013. Mas no ano seguinte vieram "Fancy" e "Boom Clap", que catapultaram Charli XCX com estrondo para a esfera pop. Resultado? O punk fez pop! 

A mudança da paisagem sonora contrasta em tudo com a sonoridade new wave presente no discreto disco de estreia, True Romance (2013), que apresentava a cantora britânica como uma das novas vozes à margem do mainstream. Mas os já referidos featurings e as constantes solicitações para escrever temas-que-acabam-por-se-transformar-em-hits demonstraram que Dona Charli estava a passar ao lado de uma grande carreira enquanto estrela pop.



Sucker é então a engenhosa aplicação dessas valiosas capacidades, concentradas agora para um público maioritariamente teenager e feminino, se bem que até mesmo alguns rapazes terão dificuldade em resistir ao apelo das canções - asseguradas por um leque bastante ecléctico de produtores, desde os mais conhecidos Greg Kurstin ou Stargate aos mais anónimos Justin Raisen ou Patrik Berger - ou à atitude e carisma da própria intérprete.

O disco aguenta-se muito bem nas primeiras 9 canções. Desde o beijinho no ombro aos detractores na espalhafatosa faixa de abertura à rebelia electropunk do arrasador "Break the Rules", passando pelos antémicos "Breaking Up" e "Doing It" (que na versão europeia surge em cativante formato dueto com Rita Ora), facilmente dois dos melhores momentos do álbum, pela lição de anatomia em "Body of My Own" e terminando nos ensinamentos YOLO de "Famous" - tudo impecavelmente embrulhado de forma a atingir o seu público-alvo. 



Os últimos 6 temas perdem algum fulgor devido à repetição dos truques e à quebra da inspiração: "Hanging Around" é uma versão menos entusiasmante de "Gold Coins", a quinta faixa, "Die Tonight" parece ter sido feita à medida de um anúncio de uma marca de refrigerantes a ser exibido num estádio de futebol, enquanto "Red Balloon" soa a um tema perdido de Britney Spears e "Need Ur Love" pisca o olho ao ska/pop cartoonesco da estreia de Eliza Doolitle. Excepção feita ao tema produzido por Benny Blanco, "Caught in the Middle", baixo subtil e percussão bem demarcada a proporcionar o groove certo para uma interpretação mais madura e terna de Miss XCX. 

Daqui não nasce uma nova heroína teen com filão de sobra para mais 5 álbuns no mesmo registo, muito pelo contrário, ganha antes forma e credibilidade uma artista que agora se sente livre e confiante para navegar tanto nas águas do mainstream como a rastejar nas suas margens. Sucker é, sim, desempoeirado, juvenil e estridente, mas é também parte de algo maior e incógnito. O que torna tão mais divertido e entusiasmante tudo o que vier a acontecer a esta rapariga no futuro.



Classificação: 7,8/10

Comentários

  1. Gosto muito da rebeldia dela, às vezes também nos apetece passar-nos um bocado da cabeça como ela e quebrar as regras sei lá ahah. Ela faz-me lembrar quando era mais jovem e (interiormente) revoltada ahah. I just wanna break the rules!!

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  2. É uma badass com muita pinta e sabe exactamente de que matéria se faz um hit. Wanna start a riot? Nobody better than Charli XCX to spark the damn fire :)

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