The Voice Portugal- 3ª Gala: Top 16

Nada menos do que uma noite lamentável: desde o horário tardio da transmissão que se prolongou madrugada fora, passando pelas descabidas 8 expulsões - algumas delas verdadeiramente dolorosas - acabando nas cenas lastimáveis de um dos mentores. Pouco ou nada de bonito há a dizer acerca da última gala do The Voice Portugal, mas ainda assim honrarei o meu compromisso:

Equipa Anselmo Ralph

Concorrente mais votado: Rui Drumond
Concorrente salvo pelo mentor: Leonor Andrade
Concorrentes expulsos: Pedro Garcia e Rita Seidi

Pedro Garcia- Não sei o que sucedeu com o moço, mas foi muito fraquinho, uma pálida sombra do que já mostrou ser capaz no programa. Só não passou porque não quis: tinha uma canção muito popular e contava com o esmagador apoio da Madeira, sempre tão decisivo nestas votações. Logo ontem haviam de lhe falhar os conterrâneos, bem como a força necessária para uma boa prestação vocal... É novo, talentoso e terá muitas mais oportunidades.

Leonor Andrade- Estava curioso para perceber como a Leonor se poderia superar depois daquela fabulosa actuação na gala de estreia. Dificilmente o conseguiria com "Turning Tables", a balada chapa cinco de Adele (opá, tanto que eu gostava que alguém se atirasse uma vez na vida a "Set Fire to the Rain"!), mas é seguro dizer que também não desiludiu: deu para ver que há vida para lá daquele registo mais vulcânico. Só notei imperfeições na entrada para o refrão, parecendo estar à frente da própria banda. Mas disfarçou bem. Claramente que mereceu seguir em frente.

Rui Drumond- Por momentos parecia que tinha recuado aos tempos da OT, muito por culpa do grupo de dançarinos, da escolha do reportório e do fulgor artístico do próprio Rui, que conserva a mesma paixão e felicidade por estar num palco tal como no primeiro dia. "Freedom" proporcionou um dos momentos mais inebriantes da noite, ou não tivesse sido interpretado por um artista de mão cheia que eleva cada tema que canta a um outro patamar. O final da sua actuação então, foi excepcional.


Rita Seidi- De visual renovado, toda vamp, e com a atitude destemida de sempre, a pequena grande Rita despediu-se do programa ao som de "Superwoman" de Miss Keys, uma escolha sensata que lhe encaixou que nem uma luva. Só não foi melhor porque a tenra idade não o permitiu, mas foi... decente. Dêem-lhe tempo e transformar-se-á numa belíssima artista. Boa sorte!

Melhor em palco: Rui Drumond
Classificação geral da equipa: 3º lugar

Equipa Mickael Carreira

Concorrente mais votado: Nuno Ribeiro
Concorrente salvo pelo mentor: Jéssica Cipriano
Concorrentes expulsos: Carlos Costa e Mariana Bandhold

Jéssica Cipriano- Há que admirar a sua coragem em trazer a este programa baladas portentosas que poucos mais ousariam cantar. Lançar-se a "All by Myself" com uma voz grave e possante daquelas foi um grande risco, mas foi também o que permitiu que continuasse em competição, numa noite em que qualquer aspecto diferenciador seria uma mais valia. Agora que já não tem adversários de peso pelo caminho, poderá muito bem tornar-se na derradeira resistente da equipa. Venha de lá então um "Set Fire to the Rain".

Carlos Costa- Foi assim a modos que horrível. Nem no tempo do Ídolos me recordo de ter gostado tão pouco de uma actuação sua. O que correu mal? Tentar dar a volta a uma canção que não tinha volta alguma para dar. E dar-se ao luxo de desafinar amiúde. Ainda bem que assim foi, porque de outra forma acho que teria seguido em frente no programa. Saudades não deixará, mas para trás fica uma notável actuação de "Skinny Love". Até daqui a muitos muitos anos, está bem?

Mariana Bandhold- It's sad, so sad. It's a sad sad situation. Desconfiava que não seria a escolhida do público, mas o facto de ter sido preterida pelo mentor foi algo que não estava à espera. Claramente que fiquei desolado com o seu triste destino e só não verti umas lágrimas porque já estou mais do que calejado com situações do género. Cantar "Domino" teria sido perfeito noutra altura que não esta, em que os concorrentes têm que ir com a artilharia pesada para o palco, conscientes de que nem mesmo uma actuação impecável poderá mantê-los a salvo. Não tendo sido brilhante, foi extremamente competente, assinando a melhor versão do tema que já ouvi num programa do género. Pelo menos teria sido o suficiente para seguir em frente, isto se tivessem acreditado nela. Eu cá acredito e por isso nem me vou despedir - uma voz destas não pode nem deverá ser silenciada. Sweet dreams, my dear.



Nuno Ribeiro- Um conjunto de factores felizes estiveram na sua passagem directa à semi-final: o facto de ter regressado à sua melhor forma, de ter cantado em português e ter escolhido uma dita "canção fofinha" (não sei como mas a verdade é que nunca antes a tinha ouvido, não que me importe, claro) e de contar com uma grande falange de apoiantes. Não havia como falhar. Apesar do bom desempenho, acho que já não devia estar por cá: nunca mais voltou a igualar a performance da Prova Cega e há tantas e melhores vozes que já ficaram pelo caminho... Portanto, neste momento é o concorrente que menos gosto do top 8.

Melhor em palco: Mariana Bandhold
Classificação geral da equipa: 2º lugar

Equipa Rui Reininho

Concorrente mais votado: Alexandre Casimiro
Concorrente salvo pelo mentor: Tiago Garrinhas
Concorrentes expulsos: Sara Ribeiro e Constança Gonçalves

Constança Gonçalves- Outro caso que redundou numa quase desgraça. Enfim, o que posso eu dizer? Parecia alguém já bastante trôpego a cantar isto (que já agora me pareceu o equivalente ao nosso "Chamar a Música", não?) num bar qualquer com karaoke. E depois a fragilidade da sua voz não se coadunou nada com os movimentos irados que fez em palco. Era uma concorrente muito peculiar que poderia ter sido tão mais do que foi se soubesse escolher o reportório e, claro, se em vez de um "ginecologista" tivesse antes tido um mentor à séria.

Alexandre Casimiro- Acho que pela primeira vez não gostei de uma actuação sua. Não sei bem o que falhou... Talvez tenha sido mais culpa do arranjo da banda do que do próprio Alexandre. Sei lá, pareceu-me tudo demasiado lento, forçado e moribundo. Escusado será dizer que com uma equipa destas só tinha mais era que seguir em frente, mas podia ter sido graças ao mentor e não ao público.

Sara Ribeiro- É capaz de ter sido a actuação mais horripilante que alguma vez ouvi nas galas de um talent show. Nem sabia bem se havia de rir, ficar pasmado ou fugir a sete pés. Não foi fado, não foi interpretação própria nem nada que se pareça: foi uma afronta para os telespectadores lá de casa. E por aqui me fico.

Tiago Garrinhas- Felizmente que havia um Garrinhas para evitar que o barco à vela do Reininho se afundasse sem misericórdia. Foi uma das minhas actuações favoritas da noite e o seu melhor momento no programa desde a inesquecível Prova Cega. Foi dono e senhor de uma prestação imaculada, com registos, picos e transições vocais verdadeiramente notáveis e a típica postura em palco digna de um gigante do rock. Os portugueses têm menos de uma semana para perceberem que este rapaz é o the real deal - faça-se luz, por favor.



Melhor em palco: Tiago Garrinhas
Classificação geral da equipa: 4º lugar

Equipa Marisa Liz

Concorrente mais votado: Luís Sequeira
Concorrente salvo pelo mentor: Bianca Barros
Concorrentes expulsos: Nuno Pinto e Bruno Vieira

Luís Sequeira- Num ror de desgraças e infortúnios, nada me fez mais feliz do que ter o Luís de volta depois daquele deslize na gala de estreia. Caramba, e logo para cantar uma canção que tem muito significado para mim. Nunca vi ninguém num programa destes a fazer o que ele faz e da maneira que faz, como se de um concerto épico se tratasse, uma e outra e outra vez. Vejo-o a ganhar isto e sair daqui disparado para os grandes palcos nacionais, tornando-se num sério artista de culto como há muito não se vê. Voz de Portugal? Muito mais do que isso - um ícone geracional à espera de acontecer.



Bianca Barros- A par da Jéssica, creio que a Bianca é a outra grande revelação do The Voice. Muito por culpa do percurso que tem traçado mas mais ainda por aquilo que aparenta vir a ser no futuro. E se neste momento não entra sequer para as contas da vitória, é porque a idade ainda não o permite e esta é uma batalha que se trava apenas entre gigantes. Cantada ao vivo, "Unconditionally" brilhou mais do que alguma vez brilharia na voz de Katy Perry, ainda que não tenha sido livre de umas quantas imperfeições - mas qual a estrela pop que as não tem, afinal? Acho que a Marisa quis dar-lhe a oportunidade que os seus adversários já tinham tido e ela ainda não. Compreensível e merecido, de certa forma.

Nuno Pinto- Finalmente quando estava a amortizar o avultado investimento em si depositado, eis que se vai embora. Mas não sem uma exímia actuação, tão boa ou melhor que a anterior "In the Air Tonight" (acho mesmo que aquele momento da bateria vai-me ficar para sempre gravado na memória). Ainda que nem sempre tenha tido prestações fulgorantes, acho que a paixão que rege as suas performances é uma característica louvável que jamais o abandonará. É provável que voltemos a ouvir falar dele um dia mais tarde. Boa sorte!

Bruno Vieira- Outra das perdas que mais me custou a digerir. Gostava muito de vê-lo na final, mas logo por azar tinha que estar inserido na melhor equipa do concurso. Na verdade, eu acho que o Bruno nunca precisou de ganhar isto. Precisava sim da exposição que o Ídolos prometeu e não se concretizou, mas não do prémio final ou da promessa que vem com ele. E aqui encontrou-a. O público só precisava de saber se o rapaz que pôs "Os Aviões" na estratosfera também era capaz de construir um foguetão que não se desmantelasse antes de cumprir o seu propósito. E ele foi cumprido: poucos serão aqueles que neste momento não acreditam que este rapaz seja capaz de construir uma sólida carreira no seu país, a cantar na nossa língua e a ser bem-sucedido com isso. Que não te subestimes nem de te deixes subestimar, as coisas acontecerão no momento certo. Força e vemo-nos por aí.



Melhor em palco: Luís Sequeira
Classificação geral da equipa: 1º lugar

Tempo das alegações finais: mas que disparate foi este de expulsar de uma só vez 8 concorrentes?! Queriam acabar com o concurso mais cedo e não tinham optado por questionáveis escolhas de programação - ninguém me tira da ideia que ainda nos estão a dever um episódio - ou então tinham demorado menos tempo a seleccionar os concorrentes para as galas. Afinal, tanta picuinhice para termos direito a 5 míseras galas?? Pfff, forretas. Anda uma pessoa a criar afectos e a desenvolver elos de ligação com os concorrentes, tecendo cenários para as suas possíveis conquistas e depois tudo se desmorona num abrir e fechar de olhos...

Não posso terminar sem dar o meu parecer relativamente ao comportamento do Rui Reininho. Sempre achei piada aos seus comentários (a do "Houston, we don't have a problem" foi de génio) e à figura altamente mirabolante que é, mas ontem ultrapassou os limites do bom-senso. Se viram o programa sabem exactamente o que sucedeu e não preciso de estar aqui a apontar o que de errado fez, mas entre muitas outras coisas, a forma como se dirigiu, interrompeu e ofendeu a Marisa revoltou-me imenso. Ninguém merece ser tratado assim, muito menos uma mulher tão apaixonante como ela. Não a conheço pessoalmente, mas alguém que sente, vibra e se exprime daquela maneira só pode ser um excelente ser humano. Recordo que a dada altura ela se sai com um "independentemente do que os outros digam, eu acredito na música e acredito na minha equipa". Pobres daqueles que deixam de crer em algo que seja e se entregam à sua triste e deplorável condição de amargura e ironia depreciativa. Deixai-os rir. Nós vamos com as aves.

Até para a semana.

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