The Voice Portugal- Semi-Final: Top 8

Na gala em que se apuraram os 4 finalistas do The Voice Portugal, houve actuações individuais pouco memoráveis, duetos francamente interessantes e uns quantos batimentos cardíacos descompassados no momento da votação final. Filtremos as memórias de uma noite emocionante:

Equipa Anselmo Ralph

Leonor Andrade = 24% (mentor) + 5% (público) =  29%
Rui Drumond = 26% (mentor) + 45% (público) = 71%

Leonor Andrade- Esteve algo mortiça para uma semi-final e uns quantos furos abaixo daquilo que mostrou ser capaz ao longo do programa. Verdade seja dita, não tinha grandes hipóteses contra o Rui, mas poderia ter saído de cena em grande e não o fez. Que este registo soul e bluesy lhe fica bem já se sabia, mas nesta altura do campeonato era necessária uma coisa mais expedita e arrebatadora. Viria a redimir-se no belíssimo dueto com o Rui, um dos momentos mais cativantes da noite. Boa sorte, Leonor, e vemo-nos por aí.

Rui Drumond- Noto que o Rui está a jogar muito à defesa ao escolher temas bastante comerciais que apelam às massas, mas muito pouco substanciais e dignos de um intérprete do seu nível. Foi assim com "Wrecking Ball", "Wake Me Up" e agora este "Demons", muito melhores na sua voz do que na versão original, mas que não são nada desafiantes e prazerosos de ouvir. Percebo que seja a ânsia de não querer deitar tudo a perder, mas acho que não precisa de se escudar desta forma: confia no povo que o povo confia em ti. Perdo-o se na final, independentemente do que aconteça, consiga arrasar no palco com temas que peçam uma chuva de vénias. Deve-nos isso.



Equipa Mickael Carreira

Jéssica Cipriano = 23% (mentor) + 11% (público) = 34%
Nuno Ribeiro = 27% (mentor) + 39% (público) = 66%

Jéssica Cipriano- Houvesse um prémio para a concorrente mais aventureira desta edição do The Voice e só poderia ter a Jéssica como depositário. "Girl on Fire", "It's a Man's Man's Man's World", "Listen", "The Voice Within", "All By Myself" e "Love on Top" - um alinhamento de luxo a que deu voz e honrou na sua grande maioria. Ontem atirou-se novamente a território sagrado, desta feita àquele que é o tema mais exigente do reportório da Queen B e defendeu-o de forma notável. Estando tão perto da final, foi uma pena que não chegasse lá - e merecia-o bem - mas tal como frisou no momento da despedida, sai vitoriosa e com lágrimas de alegria. Alguém que 2 anos depois de ter sido "chumbada" na Prova Cega regressa para lutar pelo seu sonho, chega ao top 8 e faz um percurso destes, só pode e deve ter razões para estar muito contente. Parabéns pela coragem e pelo percurso. Vemo-nos por aí.

Nuno Ribeiro- Quem diria que 4 meses depois iria estar a disputar a final, hein? Só mesmo na equipa do Mickael e com as decisões que ele toma é que isto poderia acontecer. Não me interpretem mal: eu gosto do rapaz, mas nem por sombras merecia ter sido o último resistente de uma equipa que tinha tão melhores vozes. Ontem voltou a escolher muito bem a canção, mas nem sempre teve gás para ela, principalmente nos agudos. Vale-lhe a energia, a presença e a paixão com que sobe ao palco. Se justiça houver neste mundo, o seu "Dia D" terá que acontecer mais tarde que os restantes finalistas: o 4º lugar tem de lhe pertencer.

Fiquei agradavelmente surpreendido com o dueto, não só por ter sido muito bem interpretado mas também porque as vozes de ambos casaram na perfeição. Foi mesmo bonito, pá:



Equipa Rui Reininho

Alexandre Casimiro = 26% (mentor) + 29% (público) = 55%
Tiago Garrinhas = 24% (mentor) + 21% (público) = 45%

Alexandre Casimiro- Era na equipa do Reininho que se travaria o maior e mais renhido duelo da noite. Foi dono de uma actuação impecável, talvez uma das suas melhores prestações no programa, e para tal muito contribuiu também o grupo de dançarinos que estiveram com ele em cima do palco. Tudo muito certinho e tal, mas acontece que ainda não era esta a vez dele. O Garrinhas foi superior, não apenas ontem mas desde o início do programa. Espero agora que o 3º lugar lhe pertença.

Tiago Garrinhas- Expectavelmente, a grande figura da noite. Eu ainda estou um bocado abananado com o que se passou ali em cima daquele palco... Porra, quanta força, fôlego e técnica este rapaz tem! Fui imediatamente transportado aos dias áureos do Ídolos 3, quando a Diana Piedade abriu as portas do Olimpo ao som desta mesma grande malha, mas o Tiago foi tão mas tão superior. Estou um bocado triste por não tê-lo visto chegar onde merecia, mas acho que conquistou todo o respeito e admiração de uma nação. Isto foi só o início da lenda. Agora é continuar a trilhar um caminho que mais tarde ou mais cedo vai catapultá-lo para o Olimpo. Obrigado por tudo e vemo-nos por aí.



Melhor só mesmo dois colossos do rock juntos em palco para interpretar uma canção que há muito merecia ter sido alvo de um tratamento destes. Nem mais: o grande momento da noite.



Equipa Marisa Liz

Luís Sequeira = 28% (mentor) + 27% (público) = 55%
Bianca Barros = 22% (mentor) + 23% (público)  = 45%

Luís Sequeira- Once more, with feeling. Não gostei lá muito que tivesse voltado a cantar Radiohead ("High and Dry" permanece intocável na memória) mas tendo em conta que voltou a ser excepcional (só a forma peculiar como diz "what the hell am I doing here?", diz tudo) como sempre, é um pormenor que pouco interessa. Aliás, podia ter construído o seu percurso no the Voice só a cantar temas de Thom Yorke e companhia que teria chegado até aqui exactamente no mesmo patamar de excelência. Enfim, não há muito mais a dizer: conhecida a peça, sabendo do seu valor e do quanto merece ganhar isto, é esperar que os portugueses saibam o que fazer no momento de escolher o vencedor. Eu cá vou-lhe mas é fazendo uma estátua.



Bianca Barros- Longe de ter a melhor actuação da noite, como fizeram questão de salientar, ou de ter sido sequer a sua melhor prestação no programa. Foi a vez em que a senti mais nervosa e a braços com falhas vocais, evidentes ao longo da canção. Mas gostei muito da cenografia que envolveu a sua performance e gostei igualmente da escolha musical: é sempre bom saber que a nova geração ainda respeita e aprecia Christina Aguilera, por mais que esteja caída em desgraça. A Bianca saiu no momento certo e deixa para trás um percurso, no mínimo, impressionante. À sua frente tem um futuro brilhante. Boa sorte!

E assim estamos de olhos postos na grande final em que quatro vozes masculinas irão disputar o título da "Voz de Portugal" (como era no princípio, agora e sempre). É de lamentar a predominância de testosterona na derradeira gala, pois havia umas quantas donzelas capazes de se baterem de igual para igual com estes moçoilos. A ausência mais lamentável será claramente a da Mariana Bandhold (tinham que a filmar tantas vezes?!), esse portento da classe feminina que saiu de cena sem honra nem glória. 

Mas é dos que estão em competição que importa falar e aí as coisas são mais ambíguas. Com o Nuno e Alexandre, estamos conversados. Entre o Rui e o Luís é que estou para aqui a travar uma luta entre a razão e o coração. O primeiro anda a pedi-las há 11 anos, o segundo fez tanta coisa impressionante em apenas quatro meses e ambos merecem tanto mas tanto isto... Da percepção que tenho do público, acho que o Luís parte para a final com uma ligeira vantagem, mas se o Rui deixar de brincar com legos e sacar das big guns, o rumo da votação poderá mudar. Além disso, até aqui cada um competiu apenas com os da sua equipa e agora que não há distinções, os favoritismos podem não ser indicadores de nada. Faça-se justiça, é só o que peço. Até para a semana!

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