Sons Frescos #65


Damos graças a quem nos inunda de novidades:

1) Tame Impala- "It Might Be Time"- Há dois nomes sonantes que escaparão a 2019 sem editar os álbuns prometidos: Rihanna e Tame Impala. Enquanto que no primeiro caso o jejum é crónico, no dos australianos a Primavera ainda nos trouxe um falso arranque com "Patience" - entretanto afastada do novo disco - e "Borderline". "It Might Be Time" chega agora para assinalar o anúncio oficial de The Slow Rush, numa passada pop progressiva de ambiência psicótica e sem vestígios de guitarras, sobre a passagem do tempo ou como Kevin Parker é o seu pior inimigo. A espera termina a 14 de Fevereiro.

2) Coldplay- "Everyday Life"- Não parece que passam quatro anos desde a edição do último álbum dos Coldplay - tamanha a catrefada de singles que originou - mas a verdade é que passam mesmo. O tema-título será a faixa que encerrará o disco - e a segunda metade do mesmo, intitulada Sunset - tratando-se de uma belíssima balada sobre os altos e baixos da humanidade, que poderia pertencer a qualquer um dos seus quatro primeiros trabalhos. Quem sabe, nunca esquece.

3) The 1975- "Frail State of Mind"- Não estamos a receber singles tão constantes dos The 1975 como na caminhada para o anterior A Brief Inquiry, mas se há algo em que esta rapaziada nunca nos falha é na imprevisibilidade das suas oferendas. "Frail State of Mind" versa sobre como a sociedade contemporânea atravessa toda ela um ataque de ansiedade global, interpolando pelo caminho a melodia de "TooTimeTooTimeTooTime" (e parte da atmosfera electrónica de "How to Draw / Petrichor"), mas revestindo-se de ambiência UK garage e trip hop. 

4) Perfume Genius- "Pop Song"- Mike Hadreas lançará por estes dias um projecto musical de dança e performativo que resulta da sua colaboração com a coreógrafa Kate Wallich e a companhia de dança The YC a ser apresentado ao vivo em datas selectas na América. "Pop Song" sucede à já conhecida "Eye in the Wall", uma grandiosa e onírica estrutura pop nada convencional que soa à evolução natural do caminho traçado com No Shape (2017).

5) Frank Ocean- "DHL"- Parece que desta vez Frank Ocean está a fazer as coisas de forma mais tradicional, lançando singles avulso que deverão conduzir a um novo disco. A atmosfera densa de R&B psicadélico de "DHL", uma canção que nasce da sensação de entusiasmo das encomendas recebidas pela citada transportadora do título - ainda que aqui um nadinha mais ilícitas que o costume - foi a primeira a ser revelada. Incrível como mestre Ocean nunca falha. 

6) Tinashe & 6lack- "Touch & Go"- Ninguém sabe ao certo quando é que Songs for You nos cairá no colo, apenas que já estamos todos de plantão para aquele que promete ser o melhor álbum de Tinashe desde Aquarius (2014). Depois de um "Die a Little Bit" digno de fazer virar cabeças, "Touch & Go" empurra-nos para um território de R&B alternativo sensorial, versando sobre querer reparar um relacionamento fracturado, sem grande esforço dos envolvidos. 

7) Miguel- "Funeral"- Depois de Abril último ter assistido à chegada do seu primeiro EP em espanhol, Te Lo Dije, parece que o ano não acabará sem um outro EP de Miguel, aqui a explorar tonalidades mais obscuras e depravadas do R&B carnal a que sempre nos habituou, numa aproximação estilística a The Weeknd. Não lhe deveria ser permitido arrasar tanto. 

8) Sigrid- "Home to You"- Ainda haveria mais vida sublime para extrair de Sucker Punch, mas ficamos igualmente contentes com o facto de Sigrid se estrear nas bandas-sonoras com uma canção para-lá-de-bonita para o filme The Aeronauts, que volta a juntar Felicity Jones e Eddie Redmayne. A balada assinala a sua primeira colaboração com Steve Mac e torna-se numa preciosa adição à gaveta do seu cancioneiro onde militam "Raw" e "Dynamite".

9) Jonas Brothers- "Like It's Christmas"- No plano infalível de regresso dos JoBros para 2019 não poderia faltar obviamente o belo do tema de Natal, que "Like It's Christmas" vem agora cumprir com sucesso. Apesar de não ser a sua primeira investida do género, será porventura a mais memorável: Ryan Tedder e outros quatro estetas certificam-se que esta será a canção que guardaremos com mais estima nesta época. 

10) Coldplay- "Arabesque"- No mesmo dia em que "Orphans" chegou para retirar os Coldplay do hiato, veio acompanhado por um tema bem mais aventuroso que passou algo despercebido. Prosseguindo a linha de querer unir povos ("we share the same blood") em tempos de guerra e ameaças terroristas, a banda convoca o francês Stromae e o nigeriano Femi Kuti para uma odisseia de rock experimental entrecortada por secções de jazz, que figura como o seu tema mais arrojado desde que "Midnight" apresentou Ghost Stories (2014).

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