REVIEW: Maroon 5- V


Adam Levine e companhia chegam ao álbum nº 5 da sua carreira devotos à causa da pop, um rótulo que lhes assenta mais ou menos bem desde que um tal de "Moves Like Jagger" os retirou da valeta. Com o último Overexposed (2012) assumiram o guilty pleasure, neste novo álbum podem redimir-se ou desgraçar-se um pouco mais. Ainda tenho uma réstia de esperança nos rapazes de "This Love", por isso vejamos o que este V nos reserva:

1) Maps- Quando a primeira amostra de um disco é tão medíocre quanto esta, é de pensar que ou o single foi mal escolhido ou então tudo o que se seguirá será sempre a descer. Ainda estou para descobrir qual das teorias prevalece, mas de qualquer forma nunca engracei muito com "Maps" - é uma canção simples e eficaz mas demasiado preguiçosa para ser levada a sério. A colagem melódica aos Police começa a ser intolerável e as semelhanças com "Payphone" são mais do que muitas. É como um snack: cheira bem, sabe ainda melhor mas não mata a fome. (6/10)

2) Animals- Ligeiramente mais vitaminado que o tema anterior, mas igualmente preguiçoso. A letra está repleta de clichés e parece ter sido feita a pensar nas criançinhas da primária. Ora vejam: "don't tell no lie, lie lie lie/ you can't deny, ny ny ny/ the beast inside, side side side". Estupidamente, é isto que torna a canção memorável, a par do refrão meio uivado. Malditas feromonas. (7/10)

3) It Was Always You- A cartilha dos Police parece ter sido deixada para segundo plano e agora é a de Phil Collins que a banda foi requisitar à biblioteca. De atmosfera nebulosa e sintetizadores trémulos, poderia ser bem mais do que é, muito por culpa do excessivo processamento da voz de Adam Levine, aqui num registo próximo de um ciborgue. E não se canalizam os anos 80 recorrendo a digitalismos mil. Tss tss. (5/10)

4) Unkiss Me- Nunca antes os Maroon 5 me pareceram tanto uma boysband como agora. E olhem que esta é digna daquelas mesmo mesmo pirosas dos anos 90. Francamente, isto vindo dos autores de "She Will Be Loved" é vergonhoso - uma balada insípida, enjoada e bolorenta. E o pior é que estou mesmo a ver isto a ser lançado como single perto da altura do Natal. Oh Santa, have mercy on us. (3/10)

5) Sugar- É o fim do mundo tal como o conhecemos. Eis que temos os Maroon 5 travestidos de Katy Perry a fazer a sua melhor personificação de "Last Friday Night (TGIF)" e "Birthday". Bem, por alguma razão as saias são exclusivas das raparigas. É que nem atinge um terço da sacarina pretendida e está muito longe de alcançar o ponto de rebuçado comum à maioria dos temas de Miss Perry. Decididamente não têm futuro como drag queens. (5/10)

6) Leaving California- Um absoluto trambolho. Anónimo, impessoal, frio, incolor, vazio, de estrutura amorfa e sem pinga de inspiração. É oficialmente a pior canção alguma vez feita pelos Maroon 5. Que a-s-c-o. (2/10)

7) In Your Pocket- Uma pastilha gorila duraria mais do que esta miséria. A tábua de salvação é mesmo o balanço rítmico conferido pela percussão que injecta alguma vivacidade no discurso cada vez mais moribundo e repetitivo de Adam Levine. A determinada altura canta incessantemente "show me yours, I'll show you mine". Sabe Deus a que se refere. (3/10)

8) New Love- Poderá Ryan Tedder salvar este navio do aparente naufrágio? Não completamente. Mas pelo menos concede-lhe mais uns minutos de precioso oxigénio. Diria que é um cruzamento entre "If I Lose Myself" da banda do seu criador e um qualquer tema dos Imagine Dragons, sendo o que mais se aproxima de "Maps" e "Animals" em termos de apelo pop. Ainda assim, é fraquinho e demasiado robótico. (5/10)

9) Coming Back for You- Partilha laços de consaguinidade com "It Was Always You", recapturando a mesma atmosfera dos anos 80, mas tem um refrão ligeiramente melhor conseguido e não sofre do mesmo mal da sobre-digitalização. Digamos que é das menos más que por aqui moram. (6/10)

10) Feelings- Oi, que as Drag Queens voltaram para o show das poderosas *grito de falsa excitação*. Começa relativamente bem com propulsão disco num tom algo Jamiroquai, mas depois descamba no refrão excêntrico que é sinónimo de lantejoulas, plumas e botox. Ainda assim é uma tentativa algo engraçada de sair do marasmo em que mergulharam. (5/10)

11) My Heart Is Open- Depois de terem destruído toda e qualquer esperança que ainda acalentava acerca da sua redenção, só peço para que não arrastem com eles o nome da minha adorada Gwen Stefani. A parelha é inusitada, não resultando da forma que gostariam e parece-me uma desculpa escusada para emular "Say Something". Creio que funcionaria melhor com outra voz feminina, porque a de Gwen - que mais parece Idina Menzel - não encaixa aqui muito bem. Quanto à prestação de Adam Levine, é capaz de ser a melhor coisa que faz no disco inteiro. (6/10)

Oh céus. Por onde começar? Sinto-me envergonhado e chateado por ter acreditado que podiam voltar à boa forma. Chamem-lhes o que quiserem, mas isto não são os Maroon 5 nem sequer uma pálida sombra daquilo que um dia foram. Esses morreram com Hands All Over (2010). Transformaram-se em meros posers, sanguessugas do mainstream e párias do panorama musical contemporâneo. Cadáveres adiados que não souberam lidar com o sucesso pós-"Moves Like Jagger", a última coisa decente que se lhes ouviu, e que agora se apoiam unicamente no sexappeal de Adam Levine e em canções pop elástica desprovidas de sensibilidade ou substância. Pergunto-me como é possível que uma banda que foi autora de temas tão admiráveis quanto "She Will Be Loved", "Sunday Morning" ou "Makes Me Wonder" terá sido capaz de descer tão baixo?

O álbum é uma sucessão de rimas desinspiradas, refrões repetidos, melodias gastas, produções balofas e tudo peca pela falta de emoção, entusiasmo e uma alarmante sobredosagem de truques de estúdio desnecessários. E é isso: um desperdício de tempo, fé e dinheiro. Para mim é o fim da linha. Descansem em paz.

Classificação: 4,8/10

Comentários

Mensagens populares