REVIEW: Jess Glynne- I Cry When I Laugh
O positivismo é a força motriz de I Cry When I Laugh, um disco de estreia genérico mas extremamente eficiente para a nova coqueluche da pop britânica.
Considerar que I Cry When I Laugh é um dos títulos mais intrigantes de 2015 não será totalmente descabido. Tanto pode indicar a extroversão da sua autora como ocultar um significado mais latente - chorar de tanto rir ou rir para não chorar? Tem o seu quê de parvo e audacioso. De facto, é uma janela que se abre para o mundo de Jess Glynne, que bem poderia ter intitulado o disco This Is What Dreams Are Made Of, que ninguém levaria a mal. Porque sonhos destes não se concretizam todos os dias, para quem dorme e para quem os vive.
Jess tinha 23 anos quando começou a compôr. Aos 24 conquistava o primeiro nº1 no Reino Unido. Hoje com 25, tem um álbum e cinco singles que chegaram a nº1 na tabela britânica conquistados num período recorde de 19 meses. Comercialmente bem-sucedida tanto nas colaborações como nos esforços a solo, é redutor pensar que Jess Glynne tem sido bafejada pela sorte ou pelas boas companhias.
A voz é o pórtico de entrada. Cheia, poderosa, sem freios e instantaneamente reconhecível, cultivada na tradição soul mas aplicada em ambientes house e dance pop. Depois há a inteligente capitalização do crescente sucesso na altura certa com os argumentos certos: sem necessidade de suporte prévio de um EP, o álbum chega com estrondo e munido de todos os hits que o público queria ouvir ("Rather Be", "Real Love" e "My Love") e um generoso conjunto de canções que têm tudo para o ser também.
Os singles "Hold My Hand" e "Don't Be So Hard On Yourself" - porventura o melhor conselho que se retira do disco - não são por isso casos isolados do optimismo e encanto naturais de Jess. Há a preocupação em retribuir tudo o que de bom tem recebido de outro alguém em "Give Me Something"; o sorriso típico de quem chegou ao topo da montanha em "Ain't Got Far To Go", híbrido entre Ariana Grande e Mariah Carey dos 90s; e uma aproximação bem-sucedida à disco pop de Katy Perry via "Last Friday Night" ou "Birthday" em "No Rights No Wrongs" e na prova de lealdade e humildade expressa em "You Can Find Me", outro dos momentos mais irresistíveis do registo.
Encontramos alguma variação lírica e sónica no pedido de aconchego de "Take Me Home", delicada balada em tudo similar a "Stay With Me" que funcionará às mil maravilhas se lançada perto do Natal; na emotiva leitura ao piano de "My Love" (a sua parceria com o DJ/produtor Route 94) e nas interrogações desoladoras de um "Why Me" em tons clubby e com ecos de gospel. "Saddest Vanilla", a xaroposa colaboração com Emeli Sandé alinhavada por Naughty Boy, é um valento tiro auto-infligido no pé - demasiado terrível e infeliz para duas vocalistas tão talentosas e um produtor que já mostrou ser capaz de mais.
Encontramos alguma variação lírica e sónica no pedido de aconchego de "Take Me Home", delicada balada em tudo similar a "Stay With Me" que funcionará às mil maravilhas se lançada perto do Natal; na emotiva leitura ao piano de "My Love" (a sua parceria com o DJ/produtor Route 94) e nas interrogações desoladoras de um "Why Me" em tons clubby e com ecos de gospel. "Saddest Vanilla", a xaroposa colaboração com Emeli Sandé alinhavada por Naughty Boy, é um valento tiro auto-infligido no pé - demasiado terrível e infeliz para duas vocalistas tão talentosas e um produtor que já mostrou ser capaz de mais.
Dir-se-à que Jess Glynne não apresenta nada de novo nem se desvia muito da linha dance pop inspiracional, mas é inegável que ela serve as canções na perfeição e estas convidam a sucessivas audições - não será esse o propósito da música comercial? Leve, inofensivo e agradável, assim é I Cry When I Laugh - um óptimo álbum pop de uma extraordinária vocalista.
Classificação: 7,5/10
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Classificação: 7,5/10
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