Odisseia Musical: 2010, Luz e Sombra- Parte II
Talent-shows. Só o nome deixa-me logo com água na boca. Reacção normal para alguém, como eu, que possui uma sede insaciável por música e não perde um bom programa de entretenimento recheado de emoções fortes.
Costumo dizer que os talent-shows estão para mim como um jogo de futebol está para um fanático da bola. Acompanho-os religiosamente, congemino e opino aguerridamente acerca deles, torço fervorosamente pelos "meus", fico destroçado e zangado com as injustiças que volta e meia ocorrem, vibro com as actuações épicas quando as há, isto é, e por vezes até verto uma lágrima ou outra (fica o nosso segredo, ok?), tamanho é o meu envolvimento emocional com o programa. Em suma, a minha vida tem mais encanto quando anda por aí um talent-show à solta.
Se não contarmos com os programas do género onde figuram famosos, pode-se dizer que vi todos os talent-shows emitidos em pleno século XXI em dois dos três principais canais da televisão portuguesa - as 5 edições de Ídolos (SIC), as 4 de Operação Triunfo (RTP), A Voz de Portugal (RTP) ou a mais recente edição inaugural de Factor X (SIC) - a TVI não entra para as contas pois perde mais tempo a fazer reality-shows desprezíveis - e, parecendo que não, já acompanhei aqui no Into the Music 6 dessas edições (Ídolos 3, 4 e 5, Operação Triunfo 4, A Voz e Factor X - sendo que de cada vez o faço de forma mais completa e entusiasta.
Regra geral, recordo-me da maioria das caras e dos nomes, bem como, em algumas situações, dos temas que cantaram. Nuno Norte, Débora Gonçalves, Raquel Guerra, Vânia Fernandes, Ricardo Soler, Filipe Pinto, Diana Piedade, Catarina Boto, Sandra Pereira, Carolina Deslandes, Diogo Leite, Bruno Correia, Bianca Adrião, Joana Garcia, Diogo Piçarra, Mariana Domingues, Teresa Queirós, até aos mais recentes Berg, Rita Cabreira, Sara Ribeiro, D8 e Mariana Rocha - tudo nomes que surgiram nestes programas e que me marcaram a ferro e fogo.
E dado que estamos em 2010 - abriu-se por isso uma brecha temporal que se fechará após a conclusão do post - importa lembrar que nessa altura chegou ao fim a 3ª edição do Ídolos, talvez a mais icónica de sempre. Isto porque foi sublimemente produzida, reuniu um leque de concorrentes bastante carismáticos e teve a final mais épica de todos os tempos (quem não se lembra do duelo Filipe vs Diana?) Além do mais, foi também especial porque fez com que os portugueses se voltassem a apaixonar por este tipo de programas, algo que já não acontecia há uma série de anos.
Tal como acontece actualmente com o futebol, que tem direito a programas próprios com um painel residente de comentadores, também eu tenho o sonho de um dia poder vir a integrar um em que se comente estes formatos musicais - não só porque compreendo muito bem a sua mecânica, mas também porque acho que a minha visão deve ser partilhada. Quem sabe, um dia...
Os temas que mais me marcaram
7º Katy Perry- "Teenage Dream", Teenage Dream
Esta é daquelas canções que marcam um tempo e que nos remetem de imediato a uma memória, lugar ou sentimento. Neste caso recuamos aos tempos de adolescência, das paixões assolapadas, das borboletas no estômago e do forever young feeling - encapsula, na perfeição, a efervescência adolescente. Dr. Luke, Max Martin e Benny Blanco constróiem aqui um dos temas pop mais notáveis dos anos 10 que proporcionou a Katy Perry a pièce de résistance sob a qual edificou o seu império e que, por sinal, permanece a minha favorita da sua discografia.
6º Rihanna- "Rude Boy", Rated R
Porque é que elas gostam sempre dos mauzões? É o momento mais contagiante e divertido de um álbum tão obscuro e negro de dor quanto Rated R, daí que, sem surpresa alguma, se tenha tornado também no maior hit dessa era. É irresistível na sua toada ragga, dancehall e R&B, acompanhada de versos provocantes e sexualmente sugestivos e de um vídeo garrido e vibrante, numa clara alusão às raízes caribenhas de Rihanna.
5º OneRepublic- "Secrets", Waking Up
Sou um grande admirador de Ryan Tedder, não só pelo seu trabalho nesta banda, como pelos belíssimos temas que tem assinado e produzido ao longo dos anos - é um músico formidável e muito completo. Na verdade já gostei mais dos OneRepublic do que actualmente (torço bastante o nariz ao último Native) mas ainda assim há um bonito passado - Dreaming Out Loud e Waking Up - que teve neste "Secrets", de leitura pessoal, o expoente máximo. "Tell me what you want to ear/something that will light those ears" - quem melhor do que Mr. Tedder para o saber...
4º Paramore- "The Only Exception", Brand New Eyes
Gosto de muitas bandas, de forma diferente e em diferentes situações. Mas o laço afectivo que tenho desenvolvido ao longo dos anos - já lá vão 7 - com os Paramore, é fortíssimo, inquebrável mesmo, como uma bonita história de amor. E é sobre isso que eles cantam neste que é o maior single da sua carreira - a descoberta desse alguém que nos leva a crer que talvez valha a pena acreditar no amor. Seria apenas mais uma balada entre tantas, não fosse o caso de ser interpretada por Hayley Williams, aqui numa emocionante entrega vocal.
Os álbuns que mais me marcaram
3º Christina Aguilera- Bionic
O 6º álbum de estúdio de Xtina é um caso bicudo. Obra mal-amada e incompreendida, valeu-lhe o primeiro grande flop da sua carreira e colocou-a numa situação complicada da qual ainda não conseguiu recuperar totalmente. Dominado por uma grande experimentação electrónica e uma abordagem diferente a nível vocal, uma tónica hipersexualizada, alguma dispersão criativa (fruto da amálgama de produtores que aqui deixaram a sua marca) e por um alinhamento excessivo (18 temas ao todo), Bionic não é, no entanto, um mau disco. Longe disso. Exige sim, várias audições e um ouvido aventureiro e tolerante. É um álbum que aprendi a apreciar com o passar do tempo e hoje em dia gosto bastante dele. Mais: sinto saudades desta Xtina.
Este é o álbum de: "Not Myself Tonight", "Woohoo", "You Lost Me" e "I Hate Boys"
Fim da parte II. O último capítulo da Odisseia de 2010 não tarda. Fiquem desse lado e descubram quais foram os heróis desse ano.
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