Seja agora, Katy B
Segundas oportunidades. Não é coisa que se conceda facilmente no dia-a-dia, sob pena de nos atormentarmos por termos cometido o mesmo erro não uma, mas duas vezes. Acabam sempre por ser um salto de fé, sinal de que acreditamos que as coisas podem mudar o seu rumo.
Com a música o mesmo acontece. Quando gostamos à primeira de um artista há logo ali uma relação mútua que se estabelece, que se supõe que seja para toda a vida. Mas e quando não gostamos? Das duas uma: aprendemos a evitá-lo ou - e esta será a decisão mais sensata - acompanhamos o seu percurso, tentando perceber o porquê de não nos identificarmos com a sua música. E é neste contexto que surgem as segundas oportunidades.
Dei-as no passado aos Coldplay ou fun., bandas que antigamente não tolerava e hoje em dia gosto bastante. E agora dou comigo numa situação idêntica, desta feita com Katy B, jovem londrina de 24 anos formada na BRIT School que até há bem pouco tempo tinha dificuldade em compreender. Quando em 2011 lançou o seu disco de estreia - On a Mission - uma excitante e sólida incursão por terrenos do dubstep, UK garage, drum n bass, breakbeat e R&B, eu bem que tentava gostar dela, mas não conseguia. Por esse mesmo motivo não a coloquei no espaço dos 'Magníficos Materiais Desconhecidos'.
De lá para cá 3 anos passaram e eu cresci, os meus gostos musicais evoluíram drasticamente, tendo, nomeadamente, desenvolvido um grande fascínio pelos novos sons electrónicos que provêm do Reino Unido, cultivado à custa de projectos como Disclosure, AlunaGeorge ou Chvrches. Ao saber que Katy B está em vésperas de editar o seu 2º álbum - Little Red - fui tentar perceber em que ponto estava a minha tolerância para com ela. Foi então que descobri "Crying for No Reason" e... deu-se a epifania.
Uma estupenda balada breakstep, pungente e interpretada de forma notável que mudou por completo a opinião que tinha acerca desta rapariga. Foi então que me decidi a escutar o seu primeiro trabalho e o que encontrei - o tal melting pot sonoro que descrevi acima - agradou-me de tal maneira que pretendo voltar a ele mais vezes. Em tudo me faz lembrar as Sugababes nos seus primórdios, combinados com a franqueza lírica de uma Lily Allen.
"Witches' Brew", "Broken Record", "Easy Please Me", "Lights On" ou "Perfect Stranger" são os expoentes máximos deste registo de estreia que lhe valeu uma nomeação para o Mercury Prize 2011. Mas nada se compara ao single de estreia, "Katy on a Mission", uma infecciosa e obscura amálgama de sintetizadores e bassline trepidante que hoje em dia já não me é indiferente.
E assim me dou por convertido, enfim, à música de Katy B. Não fosse pela minha tolerância e curiosidade musical e creio que isto tão cedo não tinha acontecido, mas acabaria certamente por suceder lá mais à frente - porque ela é demasiado talentosa para passar indiferente aos meus ouvidos. Pois que seja agora o início de uma relação intensa e duradoura - bem vinda à minha vida, Katy.
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Nada mau! Gosto mais da segunda, que suspeito já ter ouvido em algum lado.
ResponderEliminarNa primeira choras, na segunda danças ahah. É normal que já a tenhas ouvido alguma vez visto que saiu lá para Setembro de 2010. Foi uma das primeiras canções a conseguir tirar o dubstep do circuito underground para o mainstream... é um som altamente infeccioso e revolucionário, até.
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